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Em primeiro discurso, Boric lista desafios econômicos no Chile e diz que inicia período de "imensas responsabilidades"

“País precisa colocar-se de pé, crescer e dividir de maneira justa os frutos deste crescimento”, declarou o novo presidente do Chile

Em primeiro discurso, Boric lista desafios econômicos no Chile e diz que inicia período de "imensas responsabilidades" (Foto: Reprodução)

247 - O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, tomou posse nesta sexta-feira, 11. Discursando para multidão no Palácio de La Moneda, na capital Santiago, o novo presidente chileno destacou alguns pontos de importância do seu mandato, afirmando que inicia um período “de grande desafios e de imensas responsabilidades".

No aspecto econômico, Boric destacou que o “país precisa colocar-se de pé, crescer e dividir de maneira justa os frutos deste crescimento”. “Quando a riqueza se concentra em alguns poucos, a paz é muito difícil”, argumentou. “Precisamos redistribuir as riquezas que produzem os chilenos e as chilenas”, defendeu.

O presidente chileno lembrou das crises que marcaram o país, como terremotos, catástrofes, crises, convulsões, a pandemia da Covid-19 e um histórico de “violação dos direitos humanos, que nunca mais se repetirão neste país”.

Boric ainda abordou algumas questões sociais, como a previdência privada, as dificuldades das famílias de custear os tratamentos dos doentes, o endividamento dos estudantes e a falta de água para os camponeses — resultados da política neoliberal que usou o Chile como laboratório durante a ditadura do general Augusto Pinochet.

O chefe de Estado destacou que se governo terá compromisso com “famílias que seguem buscando pelos seus desaparecidos [durante a ditadura], que não deixaremos de buscar”; com as diversidades de gêneros, “que vêm sendo discriminadas e perseguidas por tanto tempo”; com “artistas que não podem viver de seu trabalho, porque a cultura não é suficiente valorizada em nosso país”; com “dirigentes sociais que lutam pelo direito à moradia digna no Chile”; “povos originários desapossados de suas terras, mas nunca de sua história”; a classe média empobrecida; e as crianças na pobreza.

Ele destacou que o povo do Chile é “protagonista” do seu governo. “Não estaríamos aqui sem a mobilização de vocês”, destacou. “Chegamos aqui para entregá-los em corpo e alma o compromisso de fazer melhor a vida em nossa pátria”, argumentou.

Boric defendeu a expansão da educação pública, dos direitos das mulheres e das diversidades, da democratização do país e do reconhecimento dos direitos sociais. Lembrou dos caminhos trilhados pelos ex-presidentes José Manuel Balmaceda, Pedro Aguirre Cerda, Eduardo Frei Montalva, Salvador Allende, Patricio Aylwin e Michelle Bachelet. Destacou que seu governo é o dos que "anonimamente lutaram contra a opressão”, “do clamor feminista na luta pela igualdade” e da luta pela educação.

“Nesta jornada tão importante no difícil caminho das mudanças que a cidadania decidiu levantar em unidade, repito, importante, em unidade [...] Marchamos juntos por um futuro digno [...] Não vai ser esse governo o fim desta marcha, vamos seguir andando, e o caminho, sem dúvida, vai ser longo e difícil”, afirmou.

“Meu sonho é que quando terminemos nosso mandato — falo no plural, porque isso não é algo individual, não se trata de mim, se trata do mandato que o povo nos deu, neste projeto coletivo — quando terminemos esse mandato, possamos olhar nossos filhos, nossas irmãs, nossos pais, nossas vizinhas, nossos avós e sintamos que existe um país que os proteja, que os acolham, que cuidem deles, que garanta direitos”, afirmou.

“Sabemos que o comprimento de nossas metas não será fácil. Enfretaremos crises internas e externas. Cometeremos erros, que deveremos enfrentar com humildade, escutando sempre os que pensam diferente e apoiando-nos no povo do Chile”, disse. Precisamos nos apoiar, ser solidários, nos unir e “voltar a sorrir”, afirmou Boric.

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