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América Latina

Enfrentar Rodolfo Hernández no segundo turno é o "pior cenário" para Gustavo Petro, avalia cientista política

O candidato de esquerda "está muito próximo de seu teto eleitoral e precisa de dois milhões de votos", disse Daniela Castillo

Gustavo Petro e Rodolfo Hernández (Foto: ARN)
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ARN - Um enviou uma mensagem ao país da Sala Vermelha de 1.000 metros quadrados do Hotel Tequendama em Bogotá e o outro da cozinha de sua casa em Bucaramanga. Os primeiros discursos de Gustavo Petro (Pacto Histórico) e Rodolfo Hernández (Liga de Líderes Anticorrupção) antes do segundo turno presidencial na Colômbia não poderiam ser mais diferentes.

Com 40,3% dos votos, Petro apareceu em uma das salas principais do hotel para afirmar que falta um milhão de votos para vencer a eleição; que neste domingo acabou a “era” dos partidos tradicionais de direita e que agora o dilema para 19 de junho é: “nos suicidar ou avançar”.

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Pouco antes de Petro falar, Hernández o fez de sua casa (por razões de segurança, como ele comentou) apontando que tinha chegado para acabar com "a política e a corrupção". Hernández foi a surpresa da noite de domingo quando obteve o segundo lugar com 28,1% dos votos. Ele vinha crescendo nas pesquisas, mas não tinha certeza se conseguiria vencer Federico “Fico” Gutiérrez (da coalizão Equipo pela Colômbia), que tinha o apoio do governo. Mas com seu discurso anticorrupção como bandeira principal, sem grandes eventos de massa e perdendo vários debates, Hernández foi para o segundo turno e está confiante de que vencerá: "Vamos conseguir 12 milhões de votos e será aterrorizante."

Este segundo turno entre dois candidatos tão diferentes é o "pior cenário para Petro", avaliou Daniela Castillo, cientista política da Universidad del Rosario, com mestrado em Direitos Humanos e Justiça de Transição pela Ulster University. “Petro esperava ter Fico como adversário e é mais fácil seguir e fortalecer o discurso da continuidade das elites, do uribismo, do mesmo de sempre. Com Rodolfo o cenário muda e o discurso tem que mudar”, avaliou em diálogo com a ARN horas depois das eleições. 

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Ela comentou que no discurso que fez na noite de domingo, Petro não falou mais da "continuidade" representada por Fico Gutiérrez, que despontava como seu adversário no segundo turno.

Agora ele fala em "suicídio ou avanço, que ele representa mudança real e mudança com justiça social". Ele acreditava que deveria "fortalecer essa narrativa" contra um oponente que é "muito difícil de decifrar: um dia diz sim e um dia diz não". Ele destacou que Hernández não se define na esquerda ou na direita e ainda tem alguns pontos no programa que têm contato com a centro-esquerda. “Petro terá que pegar a estrada e atacar Rodolfo por seus problemas legais. Possui 33 investigações por assédio no local de trabalho, por agressão e um processo-crime por corrupção.

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Hernández se apresenta com um discurso apontado como populista. Durante a campanha pela primeira rodada, ele usou as redes sociais, especialmente o TikTok, para traçar suas propostas que passam por cortes orçamentários (fechamento de embaixadas e redução de salários de assessores, por exemplo), ou construção de moradias de baixo custo para colombianos pobres. 

“Pode-se dizer que o ex-prefeito de Bucaramanga está hoje em segundo lugar porque jogou como ninguém no mundo digital, mas sobretudo em uma rede social que até o ano passado era inexistente no campo político colombiano. Sua campanha foi cozinhar, até ferver, no Tik Tok. É verdade que ele também se movia habilmente em outras redes, mas ninguém fazia isso como ele no TikTok”, escreveu o jornalista Diego Santos nesta segunda-feira no jornal El Tiempo.

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O navio cheio e o navio vazio

Castillo recorreu à imagem de um barco cheio e um barco vazio para explicar a situação em que Petro e Hernández iniciam esta segunda rodada. 

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Ela disse que Petro, no primeiro turno, "fez todas as alianças possíveis" e "moveu todas as suas fichas". “Petro tem um barco cheio. Ele está muito próximo de seu teto eleitoral e tem que conseguir dois milhões de votos", disse. Neste domingo, Petro recebeu 8.527.768 votos, meio milhão a mais do que no segundo turno de 2018. 

No caso de Hernández, seu barco "está vazio". “Ninguém sabe quem governaria com ele. Ele não fez alianças. Ele estava sozinho, não atingiu seu teto eleitoral e tem a oportunidade de aumentar seu voto com mais facilidade”. Hernández obteve quase seis milhões de votos. Gutiérrez, que recebeu cinco milhões de votos, anunciou que o apoiará. Resta saber o que acontecerá com os quase 900 mil votos de Sergio Fajardo, da Coalizão Centro Esperanza, organização que liberou nesta segunda-feira seus membros para o segundo turno.

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A maioria da direita apoiará Hernández, disse a cientista política. Aqueles que têm a lógica "tudo menos Petro" o seguirão. Portanto, eles não se importarão com o programa ou os discursos que Hernández fizer, acrescentou.

O também cientista político Juan Carlos Rodríguez disse que não é de todo válido "extrapolar" os resultados do primeiro turno para o segundo. "Mas hoje parece mais difícil o panorama para Petro. De fato, o clima entre os partidários de Petro após os resultados parecia mais de luto do que de celebração. No entanto, acho precipitado declarar Hernández o vencedor, como alguns estão fazendo hoje", acrescentou em conversa com a ARN. 

Rodríguez afirmou que Petro é o "menos outsider" dos dois e deve ser apresentado nesta campanha como aquele que faz uma "proposta responsável e projeta a imagem de estadista".

Castillo disse que os cidadãos colombianos estão “cansados” de extremos e Hernández “se vende como uma alternativa a isso”. Mas isso é "uma fachada, uma estratégia que ele administra" porque Hernández "pertence a  uma categoria de político tradicional com um discurso que cativou os indecisos".

Quem vencer o segundo turno em 19 de junho terá um "desafio importante", disse. "O congresso que elegemos é mais plural e por isso o vencedor terá o enorme desafio de unir o país."

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