Morre Guillermo Teillier, dirigente dos comunistas chilenos
O presidente Gabriel Boric decretou luto nacional 'como homenagem à sua dedicação ao Chile ao longo de sua vida'
247 - Faleceu nesta terça-feira (29) aos 79 anos Guillermo Teillier, líder do Partido Comunista chileno, conforme divulgado esta manhã. O Hospital da Universidade do Chile comunicou com pesar que "Guillermo Teillier del Valle, nosso paciente, faleceu nesta madrugada de 29 de agosto, às 03:27 horas."
"Estendemos nossas condolências aos familiares e amigos neste momento difícil", diz o comunicado. Teillier morreu após semanas de várias complexidades médicas. Em dezembro passado sofreu uma trombose intestinal que o manteve internado numa Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Nesta manhã, o presidente Gabriel Boric lamentou a morte de GuillermoTeillier. Em postagem no X, Boric anunciou sua decisão de decretar luto nacional “como uma homenagem à sua dedicação ao Chile ao longo de sua vida e ao seu esforço incansável para construir uma sociedade mais justa." O luto nacional ocorrerá na quarta-feira, 30, e na quinta-feira, 31 de agosto.
O Partido Comunista, ao qual Teillier se juntou aos 15 anos, lembrou da trajetória do dirigente em uma postagem nas redes sociais: “Faleceu Guillermo Teillier del Valle: um jovem apoiador de Allende com toda a sua energia para a UP [el Gobierno de la Unidad Popular de Salvador Allende]. Combatente e lutador antifascista contra a ditadura. Estrategista de consolidação das forças populares e de esquerda, estadista e presidente do Partido Comunista do Chile.”
Em entrevista à Rádio Cooperativa, Lautaro Carmona, secretário-geral do PC, afirmou que a perda “é um golpe muito duro, que atinge sobretudo a nossa militância e todos nós que trabalhamos ao lado dele há anos. Ele lutou até o último segundo, se comprometeu e deu sua contribuição até o último segundo de sua vida e tem um legado que dura. Ele o deu não só ao partido, mas também à esquerda e ao povo do Chile”. Saiba mais:
Prensa Latina - Considerado um dos líderes históricos do Partido Comunista do Chile (PCCh), Guillermo Teillier nasceu em Santa Bárbara, Região de Biobío, em 29 de outubro de 1943.
De acordo com sua biografia na Biblioteca do Congresso do Chile, ele fez seus estudos primários em escolas rurais daquela área e seus estudos secundários na cidade de Temuco. Lá também frequentou a universidade, onde obteve o título em Literatura e Pedagogia.
Em 1958, ingressou na Juventude Comunista do Chile e atuou como secretário-geral dessa organização em Temuco, Valdivia e Lota.
Foi nesta última cidade que, já sendo membro do PCCh, ele foi surpreendido pelo golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 contra o governo da Unidade Popular e seu presidente, Salvador Allende.
Guillermo Teillier continuou suas atividades na clandestinidade até junho de 1974, quando foi capturado e torturado por vários meses na Academia de Guerra da Força Aérea.
Ficou por um ano e meio detido nos campos de concentração da ditadura em Ritoque, Puchuncaví e Tres Álamos até ser libertado em 1976.
Naquele momento, foi-lhe oferecida a opção de deixar o país, mas ele escolheu ficar no Chile para reorganizar a liderança do Partido Comunista, que operava na clandestinidade e era constantemente atacado pelo regime de Augusto Pinochet (1973-1990).
Dessa forma, juntamente com outros sobreviventes do golpe, fez parte da liderança coletiva do partido e, em 1978, foi membro da equipe liderada por Gladys Marín.
Uma das tarefas mais importantes assumidas por Teillier foi coordenar a resistência armada contra a ditadura por meio da Frente Patriótica Manuel Rodríguez. Ele também viajou para diversos países da região e da Europa com o objetivo de angariar solidariedade internacional para seu país.
Em 1988, foi eleito membro do Comitê Central e da Comissão Política do Partido Comunista do Chile e, após a morte de Gladys Marín em 2005, assumiu como presidente interino até sua ratificação nessa posição um ano depois.
