Presidente da Guiana busca apoio de Lula frente ameaça à sua integridade territorial em Esequibo
Irfaan Ali e Lula discutiram por videoconferência a controvérsia da região de Esequibo, reivindicada pela Venezuela
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por videoconferência, nesta quinta-feira (9), com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que alertou o chefe de Estado brasileiro sobre os planos do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sobre a província guianense de Esequibo, reivindicada por Caracas.
Rica em petróleo, Esequibo será objeto de um referendo na Venezuela previsto para o dia 3 de dezembro, que verá 21 milhões de venezuelanos decidirem se o país deve anexar a região. Grupos de campanha compostos por membros do partido do governo, o PSUV, e outras legendas da base governista foram instalados em todas as cidades do país. O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela defende que qualquer solução para a disputa de Esequibo deve ser alcançada de forma pacífica.
Ali expressou seu desejo de estreitar a cooperação com o Brasil não só na economia, como também na esfera militar, segundo informou o secretário para Assuntos Estrangeiros da Guiana, Robert Persaud, em suas redes sociais. Os líderes também discutiram o "respeito à integridade territorial" e a controvérsia na fronteira venezuelana, disse Persaud.
Por sua vez, o Palácio do Planalto informou que o presidente Lula destacou que favorecerá o avanço da cooperação com a Guiana em todas as frentes, destacando as áreas de infraestrutura, com a construção de rodovias, portos e hidrelétricas.
A posição venezuelana sobre a questão de Esequibo vem acompanhada de um aumento da tensão na região nos últimos dias devido à presença militar dos Estados Unidos na Guiana e declarações da nova embaixadora dos EUA no país, Nicole Theriot. Durante sua recepção na segunda-feira (6), Theriot expressou o desejo de "fortalecer as relações de defesa" com a Guiana, o que gerou reações negativas de Caracas.
A Venezuela historicamente defende seu direito sobre a região, datando a primeira reivindicação formal do território ao ano de 1841. O governo de Nicolás Maduro afirma que tal reivindicação é legitimada dentro da Organização das Nações Unidas através do Acordo de Genebra de 1966, o qual reconhece a área como Guiana Essequiba. O conflito territorial está sendo julgado na Corte Internacional de Justiça, instância máxima jurídica das Nações Unidas com sede em Haia, processo este que foi desencadeado pela ação do governo da Guiana em 2018.
Ambos os líderes concordaram em se encontrar em Dubai, no início de dezembro, durante a COP28. Lula também recebeu convite para visitar a Guiana, por ocasião da 46ª Cúpula do CARICOM, em fevereiro próximo.
