TSE da Bolívia anula congresso do MAS que estabeleceu candidatura de Evo. Ex-presidente acusa golpe

Télam - O ex-presidente boliviano Evo Morales afirmou nesta quarta-feira (1) que a recente decisão do Tribunal Supremo Eleitoral de anular o congresso do Movimento Ao Socialismo (MAS) é um golpe na democracia do país.

"Anular o X Congresso Nacional Ordinário do MAS-IPSP, o maior movimento político da história da Bolívia, é um golpe na democracia, no movimento indígena e na Revolução Democrática Cultural que custou sangue e vidas de irmãs e irmãos que lutaram contra o colonialismo e o neoliberalismo", escreveu Evo na rede social X.

Segundo o líder, o tribunal eleitoral viola suas próprias resoluções para executar as ordens políticas que, em sua opinião, recebe do Governo do presidente Luis Arce, tentando proibir a formação, informou a agência de notícias Sputnik.

"Esse atentado à democracia nos lembra o Golpe de Estado de 1979, perpetrado por Alberto Natusch Busch e o MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário) na véspera de Todos os Santos, com o objetivo de instaurar um governo de fato que foi derrotado pela consciência e vontade do povo boliviano para defender e recuperar sua democracia", acrescentou Morales.

Por unanimidade, a sala plena do Tribunal Supremo Eleitoral rejeitou na terça-feira as decisões do congresso realizado pelo MAS de 3 a 4 de outubro na localidade de Lauca Ñ, no departamento de Cochabamba.

Nesse encontro, Morales não só foi ratificado como titular do partido, mas também foi escolhido como candidato presidencial para 2025.

"A sala plena do Tribunal Supremo Eleitoral decidiu rejeitar as determinações do décimo congresso ordinário do Movimento Ao Socialismo (MAS), quanto à eleição de sua diretoria, tribunal de ética, e determinou que a diretoria atual adote medidas para convocar uma nova chamada de um congresso sob as determinações do Tribunal Supremo Eleitoral", informou ontem o secretário da sala plena do TSE, Fernando Arteaga.

Várias organizações sociais questionaram a convocação feita por Morales, porque o número de delegados foi reduzido para três e não foram consultados para a convocação, conforme estabelecem os estatutos partidários.

Os setores referenciados em Morales e Arce vêm intensificando seu confronto há meses, a ponto de o bloco de legisladores oficialistas estar dividido.

No fundo, antecipou-se a disputa pelas eleições presidenciais de 2025, embora Arce nunca tenha oficializado que buscará outro mandato.