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América Latina

Venezuela quer integrar mecanismos financeiros russos para 'driblar o bloqueio', diz ministro

"Vemos com grande satisfação como a Rússia está usando métodos de pagamentos únicos", disse o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Carlos Faria

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Foto: Reuters)
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Lucas Estanislau, Caracas (Venezuela) - O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Carlos Faria, afirmou nesta segunda-feira (04) que Caracas e Moscou começaram a trabalhar em projetos específicos sobre mecanismos financeiros para "driblar o bloqueio" e que o país latino-americano espera integrar "métodos de pagamentos únicos" que a Rússia está utilizando em parceira com a China e a Índia. As declarações foram dadas em Moscou durante uma reunião entre o venezuelano e o chanceler russo, Sergei Lavrov.

"Vemos com grande satisfação como a Rússia está usando métodos de pagamentos únicos.  Por exemplo, a relação com a China e com a Índia, que cresceu de maneira importante, apesar do bloqueio. Não devemos ter medo disso, muitos países estão se incorporando sem dar importância às pressões que possam vir depois. Esperamos que isso possa ocorrer também com a nossa principal empresa do setor petroleiro, a PDVSA", afirmou o chanceler venezuelano", afirmou o chanceler venezuelano.

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Após ser banida do sistema internacional de transações bancárias SWIFT, a Rússia busca criar um mecanismo alternativo ao utilizado pelo Ocidente. Apesar de possuir um sistema próprio, o Sistema para Transferência de Mensagens Financeiras (SPFS, na sigla em inglês), o país conta com a cooperação da China e do seu Sistema de Pagamentos Interbancários entre Fronteiras (CIPS, na sigla em inglês). Ambos os sistemas utilizam as moedas nacionais - rublos e yuans, respectivamente - para realizar as transações, marcando o esforço dos países para sair da hegemonia do dólar.

Além disso, o governo russo quer aumentar ainda mais a utilização do MIR, seu sistema de cartões de crédito internacional, já que bandeiras como Visa e MasterCard saíram da Rússia após a guerra. A bandeira deve chegar também à Venezuela. Em março, o embaixador russo em Caracas, Sergey Melik-Bagdasarov, afirmou que as negociações já começaram e que a implementação do MIR no país seria "uma oportunidade muito útil".

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Lavrov, por sua vez, afirmou que as relações estratégicas entre os países estão avançando de "forma dinâmica" em distintas áreas.

Venezuela condena ajuda militar à Ucrânia

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Ao lado de seu colega russo, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela condenou o que chamou de "injeção de técnica militar" na Ucrânia por parte de países ocidentais.

"Condenamos essa permanente injeção de técnica militar [na Ucrânia] para manter e reavivar esse conflito que todos gostaríamos que já tivesse sido concluído e que fossem garantidas e cumpridas as exigências e demandas que o presidente Vladimir Putin apresentou com o objetivo de resguardar a segurança da Federação da Rússia", disse Faria.

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Desde o início da guerra, os EUA já enviaram mais de 6,9 bilhões de dólares (cerca de 37 bilhões de reais) em ajuda militar a Kiev. O último pacote, anunciado pelo Pentágono na última sexta-feira (1), inclui sistemas de mísseis terra-ar, radares de contra-artilharia e munição. O Reino Unido, por sua vez, é o segundo país que mais forneceu apoio bélico à Ucrânia. Desde fevereiro, quando se iniciaram os combates, Londres já gastou 2,3 bilhões de libras (cerca de 15 bilhões de reais) em suporte militar ao governo de Volodymyr Zelenski.

"Esperamos que [o conflito] seja encerrado em breve, entretanto sabemos que a intenção [deles] é justamente fazer o contrário, fazer com que o conflito se mantenha", destacou o ministro da Venezuela.

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O chanceler venezuelano ainda afirmou que Caracas foi informada do desenrolar do conflito entre Moscou e Kiev, que já atingiu quatro meses de duração, e cumprimentou a "permanente posição da Rússia de instalar uma mesa de diálogo para chegar a um acordo que possa favorecer os interesses da Rússia e da Ucrânia". 

Faria também condenou as sanções impostas pelos EUA e por países europeus contra a Rússia desde o início do conflito e destacou que essas medidas do Ocidente "não atingiram suas expectativas". "Vemos agora que a economia russa, apesar de todo esses danos que quiseram gerar, segue em frente, com certos inconvenientes, mas o dano foi diminuído", afirmou.

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O ministro russo, por sua vez, também fez críticas à postura dos Estados Unidos em relação à Venezuela e afirmou que os planos de Washington para afetar a economia do país latino-americano não se concretizaram.

"O bloqueio de contas de Estados soberanos não é somente um roubo flagrante que tem um espírito de velho oeste, mas também uma violação brutal de direitos econômicos e sociais de cidadãos. A economia da Venezuela demonstra uma capacidade de fazer frente a essa pressão e nós vamos seguir apoiando o país", disse Lavrov.

Mesa de diálogo

Faria afirmou que forneceu detalhes a Lavrov sobre a reativação da Mesa de Diálogo entre governo e oposição na Venezuela. 

"Todos sabemos como o presidente Nicolás Maduro reiterou a necessidade de manter e resgatar o diálogo para que possamos avançar ao que vemos neste momento: um grupo da oposição participando do jogo democrático e isso permite de maneira mais forte, por todo o clima de segurança que se está criando no país, que investidores de vários países, incluindo da Rússia, cheguem para se incorporar em diferentes projetos estratégicos", afirmou o chanceler venezuelano.

A incorporação da Rússia como mediadora dos diálogos entre governo e oposição é um pedido de longa data do governo Maduro, apesar de ser rejeitado pelos opositores apoiados por Washington. Nas últimas rodadas, Moscou atuou apenas como observadora.

Atualmente, as conversas são mediadas pela Noruega e pelo México, que serve como país sede dos diálogos. Após a vista de uma delegação estadunidense a Caracas que ocorreu em março, o presidente venezuelano anunciou a retomada das negociações com opositores, que haviam sido interrompidas em outubro de 2021 após a extradição de Alex Saab aos EUA. 

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