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Douglas Belchior

Formado em História pela PUC/SP, professor Rede Pública Estadual; Fundador e professor no Movimento Uneafro-Brasil; ativista do movimento negro

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13 de maio, mentira, cinismo e resistência

As projeções são de que entre 80 e 100 mil brasileiras e brasileiros podem perder suas vidas para o Covid-19 em 2020. Dois terços serão de pessoas negras

As projeções são de que entre 80 e 100 mil brasileiras e brasileiros podem perder suas vidas para o Covid-19 em 2020. É o que demonstram estudos como a da Imperial College, de Londres, e da consultoria norte-americana Kearney. 

Dois terços dessas mortes serão de pessoas negras, segundo projeções a partir dos poucos dados estatais de identificação racial de doentes e mortos pela Covid-19, revelados graças à insistência do Movimento Negro. 

As desigualdades estruturais geram uma pobreza mais acentuada entre negros, afetando sua condição alimentar e, portanto, suas defesas imunológicas. Isso, por consequência, gera doenças pré-existentes à pandemia, condenando toda essa população ao grupo de risco.

Mas não só isso. A este quadro somam-se outros como: a impossibilidade do isolamento social, diante da fome e das panelas vazias; o serviço público de saúde que, por servir pobres e negros, foi em sua grande maioria desmontado, mercantilizado e é alvo frequente dos assalto de seus recursos previstos pela constituição; as condições precárias de infraestrutura, saneamento básico e a distribuição irregular de água potável em bairros de maioria negra e favelas, nas cidades, assim como a pobreza que assola o campo, as comunidades quilombolas e os povos negros da floresta. 

Mesmo o apoio governamental de renda emergencial chega menos à esta população. Todos esses fatores desaguam num resultado comum que, no contexto de pandemia, chamamos, por triste que seja, pelo nome que tem: Genocídio Negro pelo Covid-19.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.