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Romerito Aquino

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20 mil índios do Acre já estão em pé de guerra com Bolsonaro e Cameli

Vinte mil índios das 16 etnias do Acre já estão em pé de guerra com os governos federal e estadual, que não demonstraram até aqui nenhuma disposição ou sensibilidade para dialogarem com eles e muito menos concluir os processos de terras indígenas que ainda precisam ser demarcadas no estado

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Vinte mil índios das 16 etnias do Acre, que têm mais de dois milhões de hectares de florestas demarcados por força do artigo 231 da Constituição, já estão em pé de guerra com os governos federal e estadual, que não demonstraram até aqui nenhuma disposição ou sensibilidade para dialogarem com eles e muito menos concluir os processos de terras indígenas que ainda precisam ser demarcadas no estado.

Nesta terça-feira, 08/02, lideranças dos 16 povos indígenas estiveram no Ministério Público Federal, em Rio Branco, para conversarem com a procuradora Lucia Miguel Bogo, pedindo a ela que acompanhe de perto a proposta do governo Bolsonaro de usar áreas dos índios para agricultura e pecuária.

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Segundo o líder indígena Francisco Piyãko, do povo Ashaninka do rio Amônia, município de Marechal Thaumaturgo, a procuradora se prometeu em atender à demanda indígena, comprometendo-se a acompanhar de perto a questão envolvendo as terras indígenas e outros direitos constitucionais dos índios, tais como os de se organizarem socialmente e preservarem seus costumes, línguas, crenças e tradições.

“Essa proposta é um retrocesso. Não vamos ficar calados nem aceitar que toda a nossa historia seja simplesmente apagada. Iremos lutar com todas as nossas forças para garantir a posse que nos é legitima”, sentenciou Francisco Piyãko, do bravo povo Ashaninka, que há décadas vêm lutando, até com suas armas tradicionais, contra a invasão de suas terras por narcotraficantes e madeireiros peruanos, situados do outro lado da fronteira com o Brasil.

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Em relação ao governo de Gladson Cameli (PP), recém-empossado no comando administrativo da terra natal do sindicalista Chico Mendes, que foi um dos maiores aliados dos índios quando estes lutaram para reaver suas terras tomadas pelos seringalistas do período áureo da borracha na Amazônia, a revolta dos indígenas acreanos é pela total falta de disposição e sensibilidade de seu governo de dialogar com eles sobre a continuidade dos projetos que começaram a ser executados em anos anteriores.

No final da semana passada, as lideranças indígenas procuraram a mídia estadual e nacional para denunciar que o governo Cameli não havia sequer designado alguém para pegar as chaves do espaço onde funcionou, até 31 de dezembro passado, a Assessoria Especial de Assuntos Indígenas, órgão que tratava oficialmente das questões indígenas no governo anterior do médico Tião Viana (PT), que chegou a investir R$ 61,4 milhões em diversas atividades dentro das terras indígenas, entre 2011 e 2017.

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Além disso, o governo Tião Viana ainda deixou mais de R$ 34,6 milhões para serem investidos na execução de projetos em andamento a favor dos povos indígenas nas áreas de produção, educação, saúde, vigilância e outros setores, que, apesar de serem de responsabilidade do governo federal, através da Funai, que sempre foi omissa na região, começaram a ser assumidos pelos cinco governos seguidos do PT no estado, iniciados em 1999.

Muito bem organizadas e bem relacionadas com entidades nacionais e internacionais ligadas ao setor, as lideranças indígenas acreanas começaram a declarar guerra aos dois governos através das redes sociais da internet.  Em suas páginas do Facebook, as lideranças Yaka Shawandawa e Tashka Peshaho,  questionaram a atitude do governador Gladson Cameli. “Cadê o respeito com os 16 povos indígenas do estado do Acre. Ou querem escravizar os povos indígenas como (fizeram) seus antepassados”, escreveu Yaka.

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Já Tashka Peshaho, do povo Yawanawá, questionou a relação do governo de Gladson com o cenário nacional: “Ou você quer impor aqui no Acre o bolsonarismo dos ruralistas e evangélicos, que fatiaram a Funai e estão promovendo o retrocesso na política indigenista brasileira?”

A liderança Francisco Piyãko, dos Ashaninka, enfatizou que o cenário nacional é extremamente alarmante, dado que, em suas primeiras 24 horas na Presidência, Bolsonaro decidiu desmontar o sistema administrativo para a questão indígena. “Os dois governos aparentam estar alinhados, assim como durante a campanha, assumem que não têm nenhum compromisso com a agenda indígena”, sentenciou Piyãko.

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Em matéria publicada na revista Piauí, o jornalista acreano Arison Jardim aborda o assunto e, ao final, faz algumas indagações para serem respondidas pelos dois governos. “No Acre, quem irá dialogar com os povos originários? Quem irá apoiar o trabalho de agentes agroflorestais, professores e povos indígenas, que fortalecem a sua cultura em festivais?”, indaga o colega, ao assinalar que os dois governos “são dois lados da mesma moeda, uma elite que não dá espaço pra representatividade brasileira”.

Da internet, a guerra dos índios acreanos irá certamente para as ruas e até para a capital federal, caso o governo estadual não aplique os recursos deixados pelo governo anterior para seus projetos em andamento e caso o governo federal não cumpra com suas obrigações constitucionais com relação aos primeiros donos da terra brasilis.

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