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José Reinaldo Carvalho

Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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28 de julho, um dia que a humanidade não vai esquecer

Nesta data, em 1914, eclodiu a Primeira Guerra Mundial

Assassinato do herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, Franc Ferdinand (Foto: Divulgação)
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Por José Reinaldo Carvalho, 247 - No dia 28 de julho de 1914 foi desencadeada a Primeira Guerra Mundial. Na cadeia de acontecimentos que fazem parte do grande conflito, lugar de destaque é atribuído pela historiografia ao assassinato do herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, Franc Ferdinand, em Saraievo, por um membro de uma organização nacionalista sérvia, a 27 de junho de 1914.

Foi o pretexto para que rufassem os tambores de guerra e os canhões começassem a troar. Os círculos mais agressivos do referido império exploraram o fato para atacar e ocupar a Sérvia, o que, na conjuntura geopolítica da época, só podia ser feito após entendimentos com a Alemanha, grande potência em ascensão. 

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Os imperialistas germânicos consideravam que a situação era favorável para fazer a guerra, tendo em conta que a Rússia e a França, potências rivais, não estavam militarmente preparadas. Pesavam ainda no julgamento alemão as dificuldades momentâneas da Inglaterra, envolvida no conflito interno em torno da questão irlandesa. 

Com o consentimento alemão, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia em 28 de julho de 1914. Na sequência, em 1º de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia, que tinha reagido em favor da Sérvia, e depois à França. Em tais condições, a Inglaterra declara guerra à Alemanha em 4 de agosto. Em pouco tempo, o conflito se disseminou também para fora da Europa, com o envolvimento do Japão e da Turquia e as disputas territoriais na África. Assim, o que no começo era uma contenda europeia logo se transformou em guerra mundial.

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A Primeira Grande Guerra foi o choque político e militar entre as duas coalizões imperialistas da época. De um lado, a Aliança Tripartite, formada pela Alemanha e o Império Austro-Húngaro, que contou também como apoio do Império Otomano; do outro, a Entente, integrada pela Inglaterra, a França e a Rússia, à qual se incorporam, com o decorrer do conflito, a Itália, o Japão e os Estados Unidos.

O conflito mobilizou 75 milhões de soldados e resultou em 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos.

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Em essência, a guerra foi consequência da crise geral do sistema econômico e político mundial do imperialismo, do agravamento das contradições entre as grandes potências capitalistas, a partir do desenvolvimento desigual e da tendência objetiva à nova divisão do mundo, com muitos antecedentes.

Em 1898, já se desenvolvera o primeiro conflito com caráter imperialista-colonialista entre os Estados Unidos e a Espanha pela posse das Filipinas, na Ásia, e de Cuba, na região caribenha. Em 1904-1905, ocorreu a guerra russo-japonesa pela divisão do Extremo Oriente. Agravaram-se as contradições entre a França e a Alemanha em torno de colônias africanas, como Marrocos e Congo.

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Em 1908, o Império Austro-Húngaro, apesar da contestação da Sérvia, anexou a Bósnia e a Herzegovina, que a Alemanha via como meio para a criação de uma ligação direta com o território da aliada Turquia.

Em 1910, o Japão ocupou a Coreia. O apetite dos japoneses era cada vez maior. Buscavam reforçar suas posições na China.

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Em 1911, a Itália declarou guerra à Turquia, o que resultou na tomada da Tripolitana e da Cirenaica (Líbia), no Norte da África.

Todas essas escaramuças do início do século 20 foram acompanhadas por uma desenfreada militarização e corrida armamentista, o que tornou objetivamente inevitável o começo da guerra pela divisão do mundo, em julho-agosto de 1914.

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O dirigente revolucionário russo Vladimir Lênin logo compreendeu o caráter da guerra. Considerou necessário que os socialistas se empenhassem para transformar a crise gerada pelo conflito em crise revolucionária e revolução, posição que era uma linha demarcatória com os partidos da social-democracia que aderiram às suas burguesias nacionais e apoiaram a guerra.

Divisão entre socialistas

Em sua majestosa obra “A Montanha Mágica”, o escritor alemão Thomas Mann refere-se ao grande conflito como a “festa universal da morte”, uma “perniciosa febre”, o “macabro baile” que durará vários “anos malignos”. O grande humanista e cultor dos valores progressistas das conquistas da revolução burguesa, contudo, apoiou a entrada da Alemanha na guerra. Com justificativas “patrióticas”, defendeu a política do imperador Guilherme II.

Não somente das consciências individuais de escritores e artistas a guerra exigiu reflexões e posicionamentos graves. A eclosão da Primeira Grande Guerra implicou um conjunto de novas questões e tarefas para os trabalhadores e o movimento socialista internacional.

O debate principal entre as forças do socialismo envolvia duas posições antagônicas – participar do esforço de guerra ao lado da burguesia do próprio país, ou transformar a guerra imperialista em luta revolucionária. As lideranças dos partidos socialistas da Inglaterra, França, Alemanha, Áustria-Hungria, entre outros, assumiram o lado das “suas” burguesias, fazendo chamamentos aos trabalhadores a “defender a pátria” numa guerra injusta.

A posição política que esses partidos adotaram nos respectivos parlamentos foi votar em favor dos orçamentos de guerra apresentados pelos governos. Os socialistas belgas e os franceses proclamaram a “paz civil” com as burguesias de seus países e ingressaram nos governos. Sem entrar nos governos, também os socialistas alemães e austríacos proclamaram a “paz civil”. As estratégias e táticas principais desses partidos passaram a ser o convencimento dos trabalhadores a abrir mão da luta de classes para se aliar ao esforço de guerra de suas burguesias. O movimento socialista tornou-se, assim, em sua maioria, linha auxiliar da guerra imperialista, o que resultou na bancarrota da Internacional Socialista.

Lênin insistia na necessidade de compreender as causas desse fracasso. Ele considerava que a essência ideológica e política do oportunismo da Segunda Internacional era a substituição da luta de classes pela colaboração entre as classes, a negação do caminho e dos métodos da luta por transformações sociais profundas.  

O partido bolchevique, dirigido por Lênin, encetou uma luta sem quartel para desmascarar o caráter imperialista da guerra. 

Foi com esse pano de fundo que os bolcheviques elaboraram uma tática que se expressava na palavra de ordem – “Transformar a guerra imperialista em guerra civil!” – o que na prática significava dizer aos trabalhadores recrutados para as fileiras dos exércitos beligerantes que apontassem suas armas contra as próprias burguesias e governos, e tomassem o poder político. Foi o que ocorreu na Rússia em 1917.

Esta posição tornou-se um divisor de águas no seio do movimento socialista internacional, no qual surgiu também uma ala de esquerda. No seio do mais poderoso partido social-democrata da época, o alemão, foi formado, em 1916, o grupo “Spartacus”, sob a liderança de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, o único deputado que no parlamento votou contra o orçamento para a guerra.

Desde então, guerra e paz, estratégia e tática transformadoras, socialismo e internacionalismo são exigentes temas que polarizam os partidos e organizações dos trabalhadores em todo o mundo.

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