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Alex Saratt

Alex Saratt, professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS e dirigente sindical do Cpers/Sindicato.

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A travessia - que sabíamos de antemão ser longa e demorada - também será dolorida, triste e traumática, sem previsão de desfecho sem que antes todos soframos muito. E tanto. Que Deus tenha piedade de nós e revogue de imediato o livre arbítrio, porque está difícil acreditar e contar com as prerrogativas de ser humano.

(Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil)
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Ontem quebramos um recorde macabro. Poderia comentar sobre a aprovação da compra privada de vacinas - dinheiro, sempre o dinheiro, a naturalização do "rico, vive, pobre, com sorte, sobrevive" e de toda a selvageria (não é mais barbárie, vamos combinar) que eliminou qualquer escrúpulo de consciência ou, para quem crê, alguma iluminação espiritual. Poderia também falar da insana obsessão, perdoem a redundância, de gestores públicos - de presidentes, governadores e prefeitos (feitas as ressalvas e exceções) - em reabrir escolas, fenômeno mórbido de transtorno psiquiátrico que cresce na mesma medida em que se abrem covas, cuja equivalência se encontra no patronato e seus apelos ensandecidos pela abertura geral e irrestrita do comércio ou nos mercadores da fé e sua insistência em coletar o dízimo (o verdadeiro templo é o próprio ser humano, igreja é apenas um prédio). 

Mas leio duas pérolas (isso foi ainda na madrugada, aquela companheira inseparável da insônia) do "pençamento" bolsonarista e seu desespero para desacreditar a realidade que nos esbofeteia. Ei-las: "se morreu tanta gente assim, então tem vaga no hospital!", "e os recuperados?". 

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Bueno, desnecessário tecer qualquer comentário sobre a estupidez desses argumentos no sentido da completa desumanidade inerente aos mesmos e me resta registrar apenas minha completa ojeriza à tamanha infâmia. Mas do ponto de vista lógico, o primeiro desconsidera, ignora, a fila de espera para internação em UTIs, situação que chega a quase mil pessoas em Estados como o Rio de Janeiro. Já o segundo me trouxe à tona a seguinte questão: dependência quimica. 

Explico: o número de pessoas recuperadas pelas diferentes formas de intervenção e tratamento seriam então suficientes para isentar álcool e drogas de seus malefícios e tranquilizar famílias e sociedade de que está tudo bem e não é necessária nenhuma política pública de saúde? Os sofismas, hipócritas e desprovidos de qualquer moralidade, tornaram-se uma espécie de chaga tão grave e letal quanto o próprio vírus. A estupidez, transformada em preferência nacional e incensada num altar de loucura e distopia, cobra e cobrará alto tributo. 

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A travessia - que sabíamos de antemão ser longa e demorada - também será dolorida, triste e traumática, sem previsão de desfecho sem que antes todos soframos muito. E tanto. Que Deus tenha piedade de nós e revogue de imediato o livre arbítrio, porque está difícil acreditar e contar com as prerrogativas de ser humano.

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