80 anos depois, quem protegerá a paz? A cúpula da OCX e o grande desfile militar dão a resposta
A busca pela paz global passa pela união das nações e pela reflexão sobre o legado histórico de resistência e cooperação internacional
“Não esquecer o passado é lição para o futuro". Em meio a um cenário mundial de turbulência e fragmentação, a história sempre nos lembra de alguma forma: o futuro não é uma fantasia sem raízes, mas uma continuidade em crescimento no longo rio da história.
Na recém-encerrada Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), em Tianjin, a China apresentou a “Iniciativa de Governança Global”. Essa é a quarta grande proposta depois da “Iniciativa de Desenvolvimento Global”, da “Iniciativa de Segurança Global” e da “Iniciativa de Civilização Global”. As quatro, em conjunto, formam as “vigas-mestras” de uma nova ordem internacional. Não são castelos no ar, mas respostas profundas ao impasse atual e, ao mesmo tempo, um esboço ativo da ordem futura.
Olhando para o contexto em que cada uma das quatro foi lançada, percebe-se a lógica e a progressão: em 2021, quando o mundo ainda estava imerso na pandemia, com cadeias de suprimento interrompidas e desigualdade agravada, a China lançou a Iniciativa de Desenvolvimento Global, oferecendo um ponto de ancoragem estável para a cooperação internacional. Em 2022, diante da escalada de conflitos geopolíticos e do ressurgimento da mentalidade da Guerra Fria, nasceu a Iniciativa de Segurança Global, que enfatiza uma nova visão de segurança “comum, abrangente, cooperativa e sustentável”, para romper com o jogo de soma zero. Em 2023, surgiu a Iniciativa de Civilização Global, lembrando que a diversidade cultural não é fonte de conflito, mas um patrimônio compartilhado da humanidade.
Agora, em 2025, a cúpula de Tianjin trouxe a Iniciativa de Governança Global, cujo objetivo é claro: diante de uma ordem internacional fragmentada e do retorno do unilateralismo e do protecionismo, o mundo precisa de um sistema de governança mais inclusivo, justo e eficaz. Essa iniciativa não apenas prolonga as três anteriores, mas também as integra sob um marco institucional. Ela aponta que desenvolvimento, segurança e civilização não são pilares isolados, mas precisam ser coordenados em conjunto para sustentar uma nova ordem estável e duradoura.
Por que a China escolheu este momento para propor a Iniciativa de Governança Global? A resposta pode estar nos ecos da história. As mudanças de ordem mundial sempre estiveram ligadas a guerras, conflitos e crises. A sabedoria da civilização chinesa, por sua vez, sempre buscou reparar as rupturas pela ideia de “harmonia”. Hoje, em meio a disputas entre grandes potências e conflitos regionais, a China escolhe convocar união e cooperação por meio da governança global — uma escolha que é tanto uma necessidade do presente quanto uma continuidade histórica.
Se a cúpula da OCX transmite a “voz da ordem”, o desfile militar do 3 de setembro transmite o “som da força”. Há 80 anos, o povo chinês conquistou, em condições extremamente adversas, a grande vitória na Guerra de Resistência contra o Japão. Esse marco foi não apenas um momento fundamental de independência nacional, mas também um capítulo essencial da luta antifascista mundial. Comemorar essa vitória não é perpetuar o ódio, mas sim lembrar o valor da paz; não é viver no passado, mas iluminar o caminho para o futuro.
O desfile não é apenas uma exibição de poder militar, mas também uma homenagem à história e uma declaração de futuro. O passo sincronizado dos soldados, os blindados avançando, os caças cruzando o céu — tudo transmite uma mensagem: um povo que sofreu um século de humilhações hoje se apresenta ao mundo com confiança, força e senso de responsabilidade.
A lógica entre a iniciativa e o desfile torna-se cada vez mais clara. A iniciativa é a luz do pensamento; o desfile é a expressão da vontade. Juntos, formam uma força tanto profunda quanto vibrante: ao não esquecer a história, avançar com mais firmeza rumo ao futuro.
Sócrates disse: “Uma vida não examinada não merece ser vivida". Hoje poderíamos parafrasear: um futuro não lembrado pela história também não merece ser esperado.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




