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Milton Blay

Formado em Direito e Jornalismo, já passou por veículos como Jovem Pan, Jornal da Tarde, revista Visão, Folha de S.Paulo, rádios Capital, Excelsior (futura CBN), Eldorado, Bandeirantes e TV Democracia, além da Radio France Internationale

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A 3ª Guerra Mundial começou em Taiwan

"Com o aumento das tensões entre a China e o ocidente, hoje a grande questão se coloca num outro patamar: estaríamos às vésperas de uma possível Terceira Guerra mundial, a partir da disputa por Taiwan?", questiona o jornalista Milton Blay

Taiwan desenvolve programa de mísseis (Foto: Reuters/Sputnik)
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Cinquenta anos depois da expulsão de Chiang Kai-shek, Taiwan é uma ficção constitucional, diplomática e política.

Aprovada em 25 de outubro de 1971, há precisamente meio século, pela Assembleia Geral da ONU, a resolução 2758 retirou os direitos diplomáticos da ilha e entregou-os à República Popular da China. Desde então, os enviados de Pequim são os únicos representantes legítimos da China nas Nações Unidas”. Taiwan parou de existir.

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Sob o nome de República da China (ROC), Taiwan era reconhecida como Estado pelas Nações Unidas e tinha o estatuto de membro permanente do Conselho de Segurança desde 1945. A conquista da China continental pelas tropas comunistas, em 1949, não alterou a situação durante vários anos; ao contrário, reforçou a causa dos “exilados” que se fixaram na ilha.

Mas nesse dia 25 de Outubro, com 76 votos a favor, 35 contra e 17 abstenções, a Assembleia Geral da ONU aprovou um pequeno texto elaborado pela Albânia, restaurando os “direitos jurídicos” da República Popular da China. 

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“A Assembleia Geral (…) decide (…) expulsar imediatamente os representantes de Chiang Kai-shek do lugar que ocuparam ilegitimamente nas Nações Unidas e em todas as organizações a ela ligadas”.

Assim, Taiwan foi praticamente expulsa da comunidade internacional e atirada para um buraco negro do qual ainda não conseguiu escapar e que parece ser cada vez mais fundo, à medida que os anos passam. 

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Nascia então o princípio da existência de “uma só China”.

Mas as disputas entre Taipé e Pequim nunca cessaram, pelo contrário. 

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Com o aumento das tensões entre a China e o ocidente, hoje a grande questão se coloca num outro patamar: estaríamos às vésperas de uma possível Terceira Guerra mundial, a partir da disputa por Taiwan? 

Nos últimos tempos, o arquipélago se tornou o epicentro de um confronto entre Washington e Pequim, cujo risco não para de crescer com a intensificação das atividades militares na região.

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Talvez ainda estejamos longe da data fatídica. Afinal, há um certo consenso de que se algum dia o poder chinês decidir partir para o enfrentamento, é porque estará certo de uma vitória rápida. 

Alguns analistas, contudo, pensam que este dia pode estar mais próximo do que parece. Em março deste ano, o almirante John Quilino, comandante das forças americanas na região Indo-Pacifico, declarou à Comissão dos Assuntos militares do Senado dos Estados Unidos que a China poderia lançar uma ofensiva contra Taiwan bem antes do que se imagina. “Precisamos levar essa hipótese em conta e preparar nossas capacidades de dissuasão no curto prazo, há um sentimento de urgência”, disse. Os Estados Unidos são aliados de Taipé.

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Não há dúvida de que o Exército Popular de Libertação se prepara ativamente para essa perspectiva. Os experts militares chineses têm simulado invasões do arquipélago em tamanho real, a fim de estarem prontos para o dia D. 

Os cenários mais prováveis privilegiam uma guerra relâmpago,  aproveitando o efeito surpresa para bloquear a reação das forças taiwaneses e vencer em menos de três dias. Passadas 72 horas, a 7° frota norte-americana estaria em condições de organizar a réplica e neutralizar o ataque de Pequim. 

O orçamento militar chinês, em alta de 7%, é 16 vezes superior ao de Taiwan: 260 bilhões de dólares em 2021 (sem levar em conta os custos de pesquisa de novos armamentos) contra 13,2 bilhões. O que coloca a China em segundo lugar no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que gastam anualmente 934 bilhões de dólares.

Em seu discurso de abertura da Assembleia nacional popular, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, declarou que “o aumento do orçamento militar reforçará a capacidade de se preparar ao combate.”

Mas que combate? Pequim não está sendo ameaçado, nem direta nem indiretamente, resta portanto a hipótese de invasão de Taiwan pela China, que considera o arquipélago como parte do seu território, a ser integrado à República Popular.

Em agosto de 2021, segundo o Financial Times, a China testou em órbita um míssil hipersônico com capacidade nuclear.

De acordo com as fontes citadas pelo jornal, o míssil circundou a Terra em órbita baixa antes de descer em direção a um alvo, que acabou por falhar. O planador hipersônico teria sido lançado por um foguete Longa Marcha.

Disse o artigo que o avanço da China em armas hipersônicas surpreendeu até os serviços secretos dos Estados Unidos. 

O jornal advertiu para o fato de que o teste ocorreu no momento em que a tensão entre os EUA e a China está no auge e que Pequim intensifica as atividades militares perto de Taiwan.  

A aviação chinesa realizou recentemente uma mega operação na chamada Zona de identificação de defesa aérea de Taiwan, com a participação de 93 caças e bombardeiros com capacidade nuclear. 

As incursões da aviação chinesa nesta zona têm sido cada vez mais frequentes e maciças, podendo provocar uma derrapagem a qualquer momento. Em 2020 foram 380; este ano, até outubro, mais de 500.  

Desde a ascensão de Xi Jinping, não passa um dia sequer sem que a aviação chinesa entre nesta zona de defesa aérea de Taiwan, que vai muito além do espaço aéreo taiwanês propriamente dito. A pressão vem acompanhada de uma retórica guerreira na mídia chinesa. Um editorial do Global Times, jornal anglófono do Partido Comunista chinês, chegou a apresentar essas operações aéreas não como uma forma de pressão, mas como um ensaio para a tomada “inevitável” do controle de Taiwan, mais dia menos dia. 

Xi Jinping se engajou a reunificar Taïwan, projeto que segundo o sinólogo francês Jean-Pierre Cabestan estaria programado para 2022, antes do 20° Congresso do PC chinês, previsto para o outono.

Analistas ocidentais consideram que um conflito armado na região se internacionalizaria irremediavelmente, já que o Exército popular, por medida de precaução, teria de atacar as bases americanas em Okinawa, no Japão, provocando assim a entrada dos Estados Unidos e do Japão no conflito. Washington possui 23 bases militares em solo japonês. 

Segundo o jornal South China Corning Post, os chefes militares do Japão e Estados Unidos chegaram a um acordo para garantir a cooperação em caso de ataque chinês à Taiwan.  

Questionado em 21 de outubro pela CNN sobre a possibilidade de uma intervenção militar americana para socorrer Taiwan, Joe Biden respondeu que “sim, estamos comprometidos com isso".

Para Malcolm Davis, especialista em estratégia de defesa do Instituto Australiano de Politica Estratégica, a Australia provavelmente também seria arrastada para o conflito, provocando uma escalada descontrolada. 

Resta saber qual seria a reação da Rússia, que tem se aproximado cada vez mais da China, muito embora uma aliança militar sino-russa seja altamente improvável. As diferenças que separam Putin de Jinping são no mínimo tão importantes quanto os interesses comuns. 

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