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Nathalia Brisolla de Mello

Advogada, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Americana

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A ausência de direitos na guerra declarada

A humanidade não admite mais a solução pela violência. A mesa da diplomacia é a melhor construção de negociação

REUTERS/Alexander Ermochenko (Foto: REUTERS/Alexander Ermochenko)

Escrito artigo com Eliana Souza, advogada e membra da Comissão de Direitos Humanos da OAB Americana

O mundo assiste atônico à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que são países vizinhos divididos por uma linha de fronteira de 1576 km. 

Além do uso de armamento pesado, o conflito explicita a ofensa direta aos direitos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

A Declaração Universal é fruto das barbáries ocorridas na segunda guerra mundial. 

A Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948.  

Assinada por 193 países, inclusive pela Ucrânia, Rússia e EUA, a Declaração dos Direitos Humanos é uma norma comum de direitos para todos e todas, visando a proteção das liberdades individuais, das organizações para a paz mundial. 

Dentre os trinta artigos presentes na Declaração, destacamos o artigo III que expressa "que todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal". 

Contudo, observamos que a guerra tolhe até os direitos básicos do ser humano. Obriga mulheres, crianças e idosos a abandonarem o seu país para não perderem a vida, causando uma crise humanitária de refugiados sem precedentes na Europa. Impõe uma lei marcial obrigando homens civis, com idade entre 18 e 60 anos, permaneçam em seu país para lutarem em um conflito armado. Na imposição de sanções econômicas punitivas de tal forma que restringe uma população de ter acesso a produtos industrializados de empresas ocidentais, causando instabilidade econômica e desemprego. Ou quando um governo autoritário proíbe a população a ter acesso a redes sociais ou a fazer qualquer manifestação ou utilização de expressões contrárias ao interesse do governo. 

Em uma guerra, o que impera é a violência física, moral e a destruição em massa do patrimônio do ofendido, em flagrante violação aos mais elementares dos direitos humanos, à vida e a preservação de sua cultura. 

A humanidade não admite mais a solução pela violência. A mesa da diplomacia é a melhor construção de negociação. A civilidade impõe a construção de um consenso pela Paz Mundial. A paz acima de qualquer interesse. Esse é o sentido da Declaração dos Direitos Humanos. 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.