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Léo Gomes

Secretario Municipal de Relações Institucionais, Prefeitura de Macaé-RJ. Jornalista e Publicitário.

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A caixa de ferramentas

Abriram a caixa de ferramentas? Sim! Mas, sorry, não queremos um Trump. Porém, esta será a cara do Brasil? Não! No final vamos entender o motivo

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante coletiva de imprensa na Casa Branca, em Washington 28/08/2017 REUTERS/Kevin Lamarque (Foto: Léo Gomes)
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Se o Brasil vive uma crise política e comportamental, uma inflexão à direita ou a era de ignorância só o tempo poderá nos dizer, mas uma coisa já é certa, abriram a caixa de ferramentas do: "eu sei sobre isso", "eu acho aquilo", "eu discordo disso", "eu sou assim", "eu não aceito", "eu não cometeria essa burrice", etc. 

Falando em dados do cotidiano estamos referendando que ter personalidade é ter opinião, sobretudo, contraditando alguma "máxima". E aí, meus caros amigos, estamos vivendo esta chuva de confusas (pre-preconceituosas) percepções, que pela lógica democrática seria a tal liberdade de expressão e/ou opinião. Mas, vive-se num estado de direito pleno? Ou a opinião/expressão é uma forma de esconder o medo de se ter medo? 

De acordo com a pesquisa do Datafolha, mais de 20% dos entrevistados apoiam o golpe militar. Na mesma pesquisa, o Partido Novo, que pretende fazer um "fundo" (com que dinheiro?) para eleger mais de 100 parlamentares oriundos da petit noblesse tupiniquim, somados aos votos do PSDB, que hoje se divide entre o traidor e Alckmin, obtem quase 20% dos entrevistados. Além deles, Bolsonaro, que encarna o "homem perfeito" da caixa de ferramentas, também quase 20%. Bem, numa rápida percepção, quase 60% dos entrevistados sonham com um esperto empresário armado, que fala inglês e francês, e aos finais de semana posa com as criadas negras "sorridentes" de uniforme branco. 

Este é o retrato da pesquisa? Sim! Este é o retrato do momento? Sim! Abriram a caixa de ferramentas? Sim! Mas, sorry, não queremos um Trump. Porém, esta será a cara do Brasil? Não! No final vamos entender o motivo. 

O antropólogo, Darcy Ribeiro, que nos conduz até hoje pelos caminhos da nossa formação como povo e nação, dizia: "Presente, passado e futuro? Tolice. Não existem. A vida é uma ponte interminável. Vai-se construindo e destruindo. O que vai ficando para trás com o passado é a morte. O que está vivo vai adiante.” E agora estamos exatamente diante desta cruzada. O julgamento, mesmo com a caixa de ferramentas aberta, dessa ponte. De toda sorte, demandará ao menos uma década para que se mude o "conceito" de opinião do brasileiro, novamente. Por enquanto, uma maioria - frágil - ainda anestesiada e depressiva, que não voltará as ruas, pode até dar um basta nesta fase individualista, corrupta e covarde em que estamos, já em 2018, só que o dedo em riste dos falsos moralistas andará apontado sob a égide do "eu sei", do "eu vou dar minha opinião" e do "eu tenho personalidade." 
Desta forma, existem caminhos a serem traçados diante da deformação do caráter nacional? Existem caminhos que ainda podem salvar uma "geração do eu"?

Segundo Nietzsche, “a reputação firmada era outrora uma questão de extrema utilidade: e onde quer que a sociedade seja dominada pelo instinto de rebanho, ainda agora, para todo o indivíduo, o mais conveniente é dar seu caráter e sua ocupação como inalteráveis – mesmo se no fundo não o são”. Ou seja, é de extrema vantagem ser julgado pela permanência, ao invés de ser classificado pela mudança. 

Portanto, a deformação momentanea do caráter brasileiro ainda tem jeito? Possivelmente. Essa reflexão de Nietzsche nos choca? Muito! Mas, ela é tão latente. Porém, ele (o brasileiro) que erra ao se dizer mais ortodoxo, nesta etapa, achando que é isso uma grife chique ianque, como dito lá em cima na pesquisa, quando na verdade será sua má reputação, que é a válvula proeminente do pensamento de Nietzsche, que estará em jogo. Chegará o momento para aqueles que tudo sabem e tudo julgam? Claro. A contextualização atual passa diretamente por onde? Pela reputação. Com isso, o "efeito manada" poderá ser reverso.  Exemplo: Na década de 80, havia uma enxurrada de "matrículas" em cursos de catecismo. Era importante socialmente ser católico. Já nos anos 90/ 2000, os evangélicos dominaram o cenário religioso. Hoje, as periferias (satélites geográficos) imprimem a marca da ascensão na mescla do protestante e do funcionário do tráfico. Fora disso você não terá "respeito". 

Desta forma, fiquemos atentos para o "cavalo de pau" que serão obrigados a dar, os brasileiros que ao decodificarem uma marca de moralização, começam a se assustar com os versos de "Fatima", de Renato Russo. 

Logo, toda essa onda de bons costumes, nesse imperativo de opiniões e personalidade, explodidos por essa caixa de ferramentas, de quem tem mais sucesso coleciona lucros e bens, e que pouco importa aquele moleque vagabundo que vende jujuba quente no sinal ou faz malabarismo com fogo, pode viver hoje sua melhor fase, até porque ainda existe elevador social e de serviço, né? Entrada social e entrada de serviço, quarto de empregada e "comida" (quentinha azeda) exclusiva para os funcionários, não? Mas, terá seu fim.

Pois, mesmo em seu auge - para o espanto - afinal, não detem substrato para conceber a realidade, caminham para em marcha militar para o declínio. E o que seria isso? Na verdade, é apenas o encontro "consigo mesmo". Aliás, como já escrito por Clarice Lispector, sobre espelhos. "O que é um espelho? É o único material inventado que é natural. Quem olha um espelho, quem consegue vê-lo sem se ver,quem entende que a sua profundidade consiste em ele ser vazio...esse alguém percebeu o seu mistério de coisa."

Por fim, vá lá, com sua caixa de ferramentas aberta, com toda capacidade da moda da "cultura do eu", olhe ele: o espelho! Ele gritará:  Viva a liberdade de se libertar!

Vai passar. 

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