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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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A carta de Palocci

Quanto mais tentam incriminar Lula com ilações, suposições, arranjos e convicções, com a participação ostensiva da mídia, ele cresce em popularidade. Qual a explicação para semelhante fenômeno? Simples: com a desavergonhada perseguição a ele, que de tão escandalosa se tornou visível em todos os quadrantes do planeta, ninguém mais acredita em nada do que se propala a seu respeito

Quanto mais tentam incriminar Lula com ilações, suposições, arranjos e convicções, com a participação ostensiva da mídia, ele cresce em popularidade. Qual a explicação para semelhante fenômeno? Simples: com a desavergonhada perseguição a ele, que de tão escandalosa se tornou visível em todos os quadrantes do planeta, ninguém mais acredita em nada do que se propala a seu respeito (Foto: Ribamar Fonseca)
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Quanto mais tentam incriminar Lula com ilações, suposições, arranjos e convicções, com a participação ostensiva da mídia, ele cresce em popularidade. Qual a explicação para semelhante fenômeno? Simples: com a desavergonhada perseguição a ele, que de tão escandalosa se tornou visível em todos os quadrantes do planeta, ninguém mais acredita em nada do que se propala a seu respeito. Apesar do esforço da Globo, que tem dedicado grandes espaços no "Jornal Nacional" para destruir a sua imagem, o ex-presidente operário segue em marcha ascendente na preferência do povo para o Palácio do Planalto. Parece que apenas os tolos, os anencéfalos, os antipetistas e os fascistas ainda dão crédito ao noticiário da emissora dos Marinho, cujos índices de audiência vem caindo, conforme pesquisas, justamente por causa das notas distorcidas e das mentiras que divulga.

Como o depoimento de Antonio Palocci, considerado por colunistas da mídia golpista como a bala de prata na candidatura do ex-presidente, não produziu os efeitos desejados – muito pelo contrário, institutos de pesquisas registraram um crescimento do seu nome na preferência do eleitorado – algum estrategista da Lava-Jato teve a ideia "genial" de escrever uma carta de desfiliação do PT, na qual o ex-ministro do governo Lula pudesse dizer o que não falou no seu depoimento. Tem-se a nítida impressão de que alguém escreveu a carta, que teria sido assinada por Palocci sem ler, porque o seu conteúdo só depõe contra ele mesmo. A armação, destinada a atingir o líder petista, é tão amadora que enseja dúvidas sobre a inteligência da turma da Lava-Jato, cujo desespero diante da ascensão de Lula, seu alvo principal, cresce à medida que se aproximam as eleições presidenciais.

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Para chegar-se a essa conclusão basta algumas perguntinhas inocentes: 1 – por que Palocci precisava escrever uma carta ao PT, de dentro da cadeia, pedindo a sua desfiliação, que já havia sido decidida pelo partido? 2 – O que isso mudaria a sua situação? 3 - por que essa carta, ao invés de ser mandada para o PT, errou de endereço e foi entregue na Globo? 4 – se a sua intenção era desfiliar-se, por que atacar Lula, que não é dirigente do partido? Ninguém precisa ser muito inteligente para perceber o objetivo da carta, que foi lida, quase integralmente, por um William Bonner enfático, ocupando um grande espaço do "jornal Nacional". A parceria Lava-Jato-Globo, justiça seja feita, vem funcionando muito bem desde a homenagem que a empresa dos Marinho prestou ao juiz Sergio Moro, logo após a instalação da operação em Curitiba. Não está, porém, produzindo todo o estrago planejado porque a grande maioria do povo tem cérebro e pensa, não se deixando mais influenciar pela mídia, em especial pela Globo. Não há dúvida, no entanto, de que eles vão continuar empenhados em eliminar Lula da vida pública.

Diante do método do juiz Sergio Moro para arrancar delações, mantendo os prisioneiros atrás das grades por tempo indeterminado, até que se compreende a fraqueza de Palocci, pois nem todos os presos estão preparados psicologicamente para mofar numa cadeia, sobretudo ante a perspectiva de ganharem a liberdade se falarem precisamente o que os seus carcereiros querem ouvir. Quando percebeu, portanto, que acusar Lula era a senha para a liberdade, o "italiano" obviamente decidiu fazer o jogo do pessoal da Lava-Jato, mas deve ter travado uma batalha muito grande com a sua consciência. Afinal, ele não tem a têmpera de um José Dirceu, um dos heróis da resistência contra a ditadura militar, que enfrenta com serenidade as injustiças de que tem sido vítima. Com esse comportamento, que surpreendeu seus antigos companheiros de partido, Palocci deverá obter a liberdade, mas pagará um preço que o deixará marcado pelo resto da vida.

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Mas nada disso aconteceria se os órgãos superiores da Justiça atuassem com energia no sentido de conter os abusos de poder. A presidenta do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministra Cármen Lucia, que deveria estar atenta ao que acontece à sua volta, especialmente na órbita do Judiciário, não move um músculo para impedir os abusos nas instâncias inferiores. Embora vez por outra ela abandone o seu mutismo para dizer palavras bonitas, do tipo "o Judiciário corresponderá aos anseios da população", na verdade ela parece mais uma figura decorativa, um quadro na parede, assistindo impassível, por exemplo, a perseguição a Lula. Provavelmente ela não pretende se indispor com os seus colegas do Judiciário e muito menos com a mídia. Isso não significa, porém, que ela esteja alheia aos acontecimentos, que são vistos com surpresa até do outro lado do planeta.

Até agora, apenas um ministro do Supremo teve a coragem de abandonar a indiferença que caracteriza o comportamento dos membros da mais alta Corte de Justiça do país e veio a público para condenar os abusos cometidos nas diversas instâncias do Judiciário e, também, no Ministério Público. Em artigo sob o título de "Significado de devido processo legal", o ministro Ricardo Lewandowski disse: "Prisões provisórias que se projetam no tempo, denúncias baseadas apenas em delações de corréus, vazamentos seletivos de dados processuais, exposição de acusados ao escárnio popular, condenações a penas extravagantes, conduções coercitivas, buscas e apreensões ou detenções espalhafatosas indubitavelmente ofendem o devido processo legal em sua dimensão substantiva, configurando, ademais, inegável retrocesso civilizatório". Será preciso dizer mais?

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