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A cartografia do governo golpista

É de conhecimento público que o governo golpista não vem poupando esforços para tentar maquiar a qualquer custo as estatísticas socioeconômicas do Brasil com o intuito de esconder da população a existência do pior retrocesso social da década das três últimas décadas

Michel Temer  (Foto: André Sombra)
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É de conhecimento público que o governo golpista não vem poupando esforços para tentar maquiar a qualquer custo as estatísticas socioeconômicas do Brasil com o intuito de esconder da população a existência do pior retrocesso social das três últimas décadas – vide as imposições de mudanças metodológicas para algumas estatísticas econômicas do IBGE, outrora denunciadas pelo portal Carta Capital (2017) – que por sua vez desvelam o interesse único em produzir um desenvolvimento "virtual" com base em uma cartografia questionável do Brasil, e, portanto, alheia à realidade factível. No entanto, devemos compreender que ciência tem esse potencial dual que ao mesmo tempo em que pode produzir conhecimentos de grande utilidade para a sociedade na medida em que torna-se capaz de apontar fragilidades sociais e guiar a formulação de novas políticas públicas, pode também servir para justificar uma tese para os fins que não perfazem o interesse universal, mas sim particulares. Tudo depende do fim que se dá a ela. Nesse breve texto iremos mostrar como alguns microdados produzidos pelo IBGE contraditam a própria propaganda governista, se forem analisados sob a óptica da espacialização.

Ao analisar os dados de renda per capita para os anos de 2015 e 2016 da Pnad/IBGE, a pesquisa sugere que a renda mensal do país aumentou 10% em 2016 se comparada aos dados do ano anterior, chegando assim ao rendimento médio de R$1.226 por habitante. Considerando a legitimidade dos dados segundo a metodologia vigente, isso significaria dizer que sob essa óptica o país teria um superávit no seu desenvolvimento econômico refletido sob a renda média domiciliar individual e, consequentemente no poder de compra da população, uma vez que tal indicador concerne na remuneração mensal de cada indivíduo residente de um domicílio por estado compilado em uma média aritmética global. No entanto, é um equivoco analisar o desenvolvimento do país somente pela renda per capita, uma vez que essa taxa só confere os habitantes que possuem remuneração e generaliza o valor montante para todos os indivíduos do estado, incluindo até mesmo os desempregados na conta. O que não é divulgado pelo governo é que a Pnad também dispõe de uma taxa específica para o cálculo de desempregados, intitulada de "taxa de desocupação", que deve ser utilizada como complementação na análise dos indicadores socioeconômicos anuais. Essa taxa para o biênio 2015/2016 desvela que o desemprego aumentou e contradiz a hipótese de que o país se desenvolveu no governo Michel Temer como pode ser visto na representação cartográfica abaixo.

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 Elaboração própria, 2017.

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Conforme pode ser verificado, as taxa de desocupação da população para o biênio segundo estados brasileiros varia entre o percentual de 4 a >12%, destarte, no ano de 2015 percebe-se que a frequência maior centrou-se nos estados com percentual de 8,1 a 10% de população desocupada, com predomínio nos estados da Região Norte (com a exceção dos estados do Amapá e Rondônia); Nordeste (com a exceção dos estado do Rio Grande do Norte, Alagoas e Piauí) e Sudeste (com a presença dos dois estados mais populosos São Paulo e Minas Gerais). Já no mapa do ano de 2016, verifica-se que a maior frequência passa a ser nos estados com percentual acima de 12% da sua população desocupada, atingindo 5 Estados do Nordeste (que no ano anterior continham percentuais entre 6,1 a 10% com a exceção da Bahia); 2 Estados do Sudeste (Espírito Santo e São Paulo saltando de 4 a 6% e 6,1 a 10% respectivamente para acima de 12%) e 2 Estados do Norte (Amapá e Amazonas que ampliaram sua taxas em 3% e 5% respectivamente também alcançando o índice acima de 12% de desocupação). Verifica-se também que a segunda maior frequência passa a ser em 2016 de 10,1 a 12%, superando a do ano anterior que era de 4 a 6%. Em síntese, constata-se que 21 estados brasileiros aumentaram a sua taxa de desocupação em 2016, apenas 4 mais Distrito Federal mantiveram o mesmo percentual do ano anterior e nenhum estado diminuiu o seu percentual, o que totaliza um aumento de 22,2% da população desocupada no país.

Diante disso, podemos concluir que ao contrário do que sugere as estatísticas propagandeadas pelo governo. O panorama real do Brasil traduz-se num grande declínio socioeconômico que já desconstruiu todos os avanços que foram alcançados nos últimos 13 anos. Esses dados são reflexos de um conjunto de medidas equivocadas efetuadas no governo Temer, que priorizou o corte de gastos em diversas áreas públicas – que por sua vez, teve como consequência a ociosidade de vagas de empregos em instituições públicas (nas modalidades de contratos, concursos, estágios, bolsas de pesquisas e etc.) e também, o decréscimo de beneficiários de rendas oriundas de programas governamentais que engendrou num demasiado aumento de indivíduos sem rendimentos e que de modo consequente podem ser classificados como desocupados. Tudo isso, somado a falta de confiança do setor privado na estabilidade do governo enquanto um agente formulador de políticas eficazes para o crescimento do país em determinadas áreas produtivas, acarretam na irresolução de empresas para a abertura de novos postos de trabalho.

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Assim sendo, a cartografia do Brasil que o presidente Michel Temer tenta repassar não se sustenta diante de uma natureza socioeconômica deficitária inconteste e que é de notório reconhecimento pelo cidadão comum, que em outrora em excedente se encontrava em melhores situações econômicas. Há, no entanto, a necessidade da população analisar com cautela as estatísticas de crescimento econômico que o governo tenta impor. Alerta-se que se por causalidade esta contrair dúvidas no entendimento dos dados que são postos, é incessantemente recomendável à procura pelo auxílio técnico das universidades ou de bons especialistas da ciência que ajudem na didatização da informação, através da elaboração de gráficos e mapas temáticos, e, sobretudo na interpretação do momento em que o país vive. Caso contrário, é vultoso o risco de transfigura-se-ar em refém de uma estatística que parece muito mais está a serviço do imponderável, da dominação e da manipulação do que de uma realidade acertada.

Referências

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Carta Capital. Fim da recessão ou ilusão estatística? – matéria publicada em: 16/05/2017, às 11h53. Disponível: <http://migre.me/wFnIl> Acesso 21/05/2017.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (Pnad), 2015. Disponível: <http://migre.me/wFnCd> Acesso 21/05/2017.

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (Pnad), 2016. Disponível: <http://migre.me/wFnCd> Acesso 21/05/2017.

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