A catástrofe escondida na eleição de Porto Alegre
"A eleição em Porto Alegre é para decidir se a cidade será salva do desastre catastrófico, ou se afundará ainda mais na lama Melo-bolsonarista", escreve Miola
A catástrofe da enchente novamente assombrou Porto Alegre na última sexta-feira 13.
Não como um fantasma do passado, mas como uma tragédia muito real e concreta que continua atormentando Porto Alegre ainda hoje, quase quatro meses depois do fim das inundações.
E, tudo indica, a catástrofe deverá continuar sendo um pesadelo no futuro da cidade, porque nada de substancial e estrutural foi mudado desde a ocorrência desta experiência traumática e dolorosa.
Bastou uma breve e tímida chuva para mostrar o colapso administrativo da Prefeitura e a total desproteção da cidade contra alagamentos e inundações.
Vários bairros da cidade inundaram com o refluxo de bueiros entupidos, deixando mais uma vez a paisagem da cidade ornamentada com chafarizes de esgoto.
Contrariamente ao que mostra a propaganda eleitoral do prefeito bolsonarista Sebastião Melo, a catástrofe não terminou com o fim das enchentes. Ao contrário, ela continua muito presente hoje, e pode comprometer o futuro da cidade, por pelo menos duas razões.
Primeiro, porque a cidade continua sob a administração desastrosa e corrupta que a expôs a esses riscos enormes e prejuízos bilionários.
Em qualquer país com instituições sérias, este prefeito já teria sido defenestrado do cargo e seria responsabilizado administrativamente e criminalmente pelo desastre catastrófico.
A segunda razão para este “estado catastrófico permanente” de Porto Alegre é que as causas da inundação não foram solucionadas.
Ou seja, a cidade continua padecendo do sucateamento criminoso e irresponsável do sistema de proteção de enchentes, da incompetência administrativa, da corrupção no DMAE, do desmonte da capacidade técnica da Prefeitura, e de outras mazelas.
A mídia parceira faz sua parte com a blindagem da desastrosa gestão municipal, e confunde na opinião pública incompetência e irresponsabilidade administrativa com fatalidade natural.
Aliás, parece que a sexta-feira 13 de alagamentos em Porto Alegre não existiu para os grupos de mídia que são sócios do bloco dominante que se reveza no poder desde 2004 na capital gaúcha. A verdade factual foi uma não-notícia nos jornais, emissoras de rádios e canais de TV.
O último alagamento da cidade é um alerta grave. Não é mais possível continuar aceitando a propaganda mentirosa do Melo e a enganação da mídia.
Na TV, eles escondem o estado de “catástrofe permanente” da cidade. Vendem a ilusão de que está tudo normal, que os porto-alegrenses vivem num paraíso fantasioso.
Produzem uma tal alienação sobre a realidade que parece que a tragédia acontecida há alguns meses foi em algum tempo longínquo e esquecido do século passado.
Alto lá! Porto Alegre foi destruída e precisará de décadas para recuperar os prejuízos causados pela irresponsabilidade de um governo patético, corrupto e incompetente que em plena tormenta arrancou comportas do Cais do Porto e improvisou a vedação da cidade com sacos de areia.
É preciso falar a verdade. A eleição em Porto Alegre não é só sobre as propostas cosméticas e enganadoras do atual prefeito. Tampouco é um concurso de “fé e superação”.
Sejamos claros: a eleição em Porto Alegre é para decidir se a cidade será salva do desastre catastrófico, ou se afundará ainda mais na lama Melo-bolsonarista.
A catástrofe não é um fantasma do passado de Porto Alegre, é uma tragédia ainda muito viva; uma ferida dolorida e não curada, e cujos responsáveis por ela precisam ser denunciados à população, à justiça, e derrotados na eleição.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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