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Guilherme Scalzilli

Historiador e escritor

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A chance do futebol brasileiro

Basta um pouco de visão estratégica das autoridades públicas, do Bom Senso e dos times de menor poder financeiro, cuja situação majoritária nunca foi tão decisiva

Basta um pouco de visão estratégica das autoridades públicas, do Bom Senso e dos times de menor poder financeiro, cuja situação majoritária nunca foi tão decisiva (Foto: Guilherme Scalzilli)
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A modalidade esportiva mais popular no país vive uma crise institucional de proporções inéditas. A seleção foi desmoralizada. Os campeonatos acumulam jogos medíocres e público irrisório. Clubes e rede Globo têm dívidas fiscais bilionárias, talvez impagáveis, enquanto a maioria dos atletas amarga péssimas condições de trabalho.

Governo federal, Congresso, dirigentes, jogadores, a CBF e a emissora mobilizam-se para proteger seus interesses. Apesar da dinheirama, os políticos temem a insatisfação dos torcedores com ações judiciais que inviabilizem os times populares. A desmoralizada CBF antevê uma onda intervencionista que ganha adeptos em diversas instâncias. A Globo, sempre questionada por causa dos horários das partidas, recebe pressões de anunciantes insatisfeitos com o espetáculo decadente que patrocinam. Os atletas julgam-se desprestigiados demais para enfrentar os lobbies do setor.

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Existe uma saída possível para as demandas conjuntas. Ela passa pela criação de uma Liga de clubes que administre os campeonatos de todas as divisões, negociando com a mídia e os patrocinadores diretamente. As principais inovações do estatuto da entidade seriam:

- Sistema rotativo de comando nos clubes e nas federações.

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- Calendário racional de jogos, harmonizando os campeonatos e as "datas FIFA".

- Distribuição igualitária das verbas televisivas entre os participantes da competição.

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- Rigidez fiscal e trabalhista.

- Compensações aos times reveladores de talentos.

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- Fundo para apoio a categorias de base, alimentado com porcentagens das bilheterias, divididas em faixas proporcionais à pendência tributária de cada agremiação.

O pacote pode nascer de uma ação coordenada dos três Poderes, que usariam os passivos exorbitantes como forma de persuadir seus responsáveis. Desde que ninguém apareça com acintosas anistias, o futuro dos times está fadado ao trâmite amargo dos ritos processuais. Cedo ou tarde os devedores serão executados, perdendo reservas, contratos, patrimônio e direitos. Acordos paliativos de renegociação apenas perenizam a ruína das estruturas futebolísticas.

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As contrapartidas valeriam o sacrifício. Os times e a Globo zerariam suas pendências, ganhando fôlego para investir e livrando-se da constrangedora devassa. Os jogadores teriam as velhas demandas atendidas. A CBF garantiria poder irrestrito sobre a seleção, mantendo vínculos arrecadatórios com a Liga. Os torcedores receberiam campeonatos mais equilibrados e emocionantes, em condições dignas de organização. E o governo trocaria um dinheiro incerto pelos frutos políticos da iniciativa moralizadora.

A crise atual representa uma chance irrepetível de reorganizar o futebol brasileiro. Basta um pouco de visão estratégica das autoridades públicas, do Bom Senso e dos times de menor poder financeiro, cuja situação majoritária nunca foi tão decisiva. Se a imprensa esportiva pudesse não ser bairrista só desta vez, já contribuiria bastante.

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