A crise da informação no Brasil
A disseminação de informações falsas e distorcidas enfraquece a credibilidade do Estado
A atuação coordenada entre mídia tradicional e big techs efetivamente estabelece um ambiente no qual a verdade é manipulada para atender a interesses específicos. A cobertura midiática é seletiva: conquistas e avanços do governo Lula são minimizados ou ignorados, enquanto se amplificam críticas e crises. O objetivo é claro: desgastar a imagem do governo, enfraquecer políticas públicas voltadas à redução da desigualdade e fragilizar a capacidade do Estado de combater a desinformação e proteger a soberania nacional. Essa estratégia transcende o Brasil e se insere em um movimento global, no qual a desinformação se tornou uma ferramenta poderosa para a ascensão de projetos políticos que ameaçam a democracia e moldam eleições de acordo com os interesses das grandes corporações.
A grande mídia desempenha um papel central na tentativa de desestabilização do governo federal, valendo-se de narrativas estrategicamente elaboradas para gerar desconfiança sobre a administração pública. A disseminação de informações falsas e distorcidas enfraquece a credibilidade do Estado, dificultando sua capacidade de implementar políticas eficazes de combate à desinformação e de garantir que a população tenha acesso a dados precisos e verificáveis.
A disseminação de desinformação e o enfraquecimento do Estado na mediação da comunicação digital favorecem conglomerados internacionais de tecnologia, que exercem influência crescente sobre a sociedade e os processos democráticos. Essas gigantes do setor não apenas controlam o fluxo de informação na internet, mas também se tornaram ferramentas essenciais para propagação de narrativas que desestabilizam governos progressistas e favorecem projetos ultra liberais e autoritários.
É possível inclusive, citar casos emblemáticos de manipulação, como a notícia falsa sobre o PIX nas redes sociais ou até mesmo uma notícia veiculada em horário nobre por uma grande emissora de televisão no final de 2024, que apresentou informações distorcidas sobre empresas estratégicas do setor público. Entre elas, mencionou o Serpro - Empresa Nacional de Inteligência em Governo Digital e Tecnologia da Informação, maior empresa pública de tecnologia do mundo. Ocorre que, no exercício de 2024, o Serpro registrou o maior lucro líquido de sua história, ultrapassando R$ 685 milhões e representando um crescimento de 22% em sua receita líquida. No entanto, os dados concretos foram ignorados, evidenciando a falta de compromisso da grande mídia com a verificação dos fatos e sugerindo que o real objetivo dessas reportagens é fragilizar a capacidade do Estado de atuar estrategicamente. Não importa o meio pelo qual a desinformação foi veiculada, ela tem um propósito.
O enfrentamento dessa ofensiva exige a valorização da imprensa independente, a regulação das plataformas digitais para coibir a propagação indiscriminada de fake news e o fortalecimento da capacidade do Estado de garantir que a informação correta chegue à população. O que está em jogo não é apenas a gestão de um governo, mas a soberania nacional e a capacidade do Brasil de definir seu futuro sem se submeter aos interesses de corporações estrangeiras e ao poder descontrolado de “bilionários excêntricos”.
Como resposta a esse fenômeno, o partido do presidente Lula organizou uma plenária nacional para debater estratégias de combate à desinformação. A realização dessa plenária foi um passo importante para a construção de uma massa mais crítica e resistente à desinformação. Ao reunir especialistas, lideranças políticas e cidadãos engajados, o evento representou um marco na busca por soluções concretas para um problema que afeta o nosso país e outras democracias ao redor do mundo. No entanto, para que esse esforço seja efetivo, é imprescindível ir além da formação da militância partidária. O país precisa de uma política ampla de educação midiática, capacitando os cidadãos a compreenderem e analisarem criticamente as informações que consomem. Além disso, as pessoas devem adotar uma postura mais vigilante, buscando fontes confiáveis, verificando informações antes de compartilhá-las e exigindo maior transparência das plataformas digitais. A defesa da democracia passa, necessariamente, pelo fortalecimento da capacidade coletiva de identificar e resistir à desinformação sistemática.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




