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Matheus Brum

Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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A “Cruzada” apocalíptica dos que ainda defendem o governo cegamente

Este endeusamento em torno de uma figura tão controversa gerou efeitos colaterais. Seus apoiadores mais fanáticos brigaram com seus familiares, “tretaram” em grupos do WhatsApp, tiveram posts denunciados em outras redes, perderam emprego – em alguns casos -, e se colocaram numa posição de ter que eleger o então deputado federal “contra tudo e contra todos”

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Olá, companheiros e companheiras! Tudo bem? Chegamos a mais uma semana de pandemia com o infeliz recorde de mortes por dia e assumindo o posto como terceiro país do mundo com mais casos confirmados do novo coronavírus. Alguns pesquisadores já nos colocam como o epicentro global da doença. Infelizmente, estão colhendo aquilo que foi plantado pelo Governo Federal que, desde o início da crise sanitária, desdenhou da gravidade da doença.

Nos últimos dias tenho reparado nas minhas redes sociais – sim, tenho amigos, familiares e conhecidos que apoiam o Bolsonaro – um crescimento de postagens de defesa do governo. Seja na figura do presidente da República, seja na aura de anticorrupção ou até mesmo na defesa do uso de cloroquina para tratar pacientes com covid-19. Pelo histórico recente, provavelmente esta onda de apoio nasceu dos robôs, mas acabou chegando até as pessoas reais. 

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E neste avanço de postagens, fiz um esforço grande para rebater. Afinal, a maior parte das publicações compartilhavam informações falsas. Como jornalista, meu dever é combater as fake news. Entretanto, a maior parte das respostas apontavam para uma defesa cega do governo, sempre com o velho argumento: “e o PT?”.

Isso me levou a refletir sobre o porquê destas pessoas continuarem defendendo o indefensável. Se o governo Jair Bolsonaro estivesse fazendo alguma movimentação interessante, que beneficiasse o país, não haveria uma oposição tão ferrenha. Negar os fatos, principalmente os erros cometidos durante a crise sanitária, só prova que há um grupamento, significante, que vai caminhar até o fim com o presidente, custe o que custar. 

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Neste processo de reflexão, comecei a pensar no seguinte: “se todas as informações sobre os malfeitos do governo estão aí, por que as pessoas preferem ignorar o óbvio?”. E para chegar nesta resposta, tentei retroceder há alguns anos. E compartilho esta minha tese com vocês, não para que concordem comigo, mas que analisem e cheguem às suas próprias conclusões. 

As pessoas que apoiam mais firmemente o governo acreditam que a eleição foi uma “cruzada” por um Brasil melhor. Há estudos que mostram que há quatro tipos de liderança que inspiram: aqueles que conquistam pelo charme, pelo intelecto, pela origem mais próxima ao povo e o que tem fama de herói. 

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Foi neste último quesito que Bolsonaro se criou e se tornou presidente. E convenceu uma parcela significativa do eleitorado. E essas pessoas, de fato, acreditam que ele é um herói. E que ele é o comandante supremo desta “cruzada” rumo a um país sem corrupção, que cultua Deus, família, pátria e exclui todos aqueles e aquelas que pensam diferente. 

Só que este endeusamento em torno de uma figura tão controversa gerou efeitos colaterais. Seus apoiadores mais fanáticos brigaram com seus familiares, “tretaram” em grupos do WhatsApp, tiveram posts denunciados em outras redes, perderam emprego – em alguns casos -, e se colocaram numa posição de ter que eleger o então deputado federal “contra tudo e contra todos”. 

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Se nós relembrarmos o período de campanha, os apoiadores de Bolsonaro andavam com o peito estufado, com o nariz em pé. Batiam no peito e declaravam o voto com orgulho. Estavam empoderados, usando uma palavra da moda. Sentiam que aquela “cruzada” liderada pelo ex-capitão do Exército chegaria à terra prometida. O Messias e seu povo. Juntos. Para erradicar todos os males do país. 

Só que passados um ano e meio da posse do governo, o “novo” Brasil não deu certo. A corrupção não acabou. Muito menos a mamata governamental. A cobrança por políticas públicas que olhem para todos os brasileiros é grande. E para piorar a vida do presidente – e de todos nós – uma pandemia mortal se instaurou, mostrando todas as dificuldades que ele tem para comandar a Nação. 

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O problema é que estes apoiadores mais ferrenhos não darão o braço a torcer. Não de maneira simples. Eles lutaram e se desgastaram muito para eleger o capitão. Brigaram com Deus e o mundo. Foram chamados de “bolsominions”, “proto-fascistas”, “fascistas”, “racistas”, “machistas”, entre outros termos ainda mais pejorativos. Eles e elas, de fato, acreditaram na mudança. Não é uma pandemia, por mais absurdo que seja, que mudará isso. 

Quem está mudando de lado e entrando para a turma do “Jair me arrependi”, são aqueles não fanáticos. Aqueles e aquelas que viram no Bolsonaro uma mudança de perspectiva. Que se cansaram de um mesmo partido ganhar quatro eleições, por exemplo. 

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De qualquer maneira, nós, democratas, precisamos abraçar estas pessoas. As que estão arrependidas do voto precisam receber afeto. Sabe por quê? Porque serão atacadas pelos apoiadores que ainda restam. É nosso papel acolher. Não ficar com a típica frase “eu avisei”. Isso não ajuda. Nós precisamos de todas as pessoas que queiram lutar contra este projeto nefasto de país que está em curso. Não podemos nos unir apenas aos catequizados. Precisamos expandir nossa base de apoio. 

Já com aqueles que ainda insistem na “cruzada”, precisamos ser mais firmes. Debater, apresentar argumentos, ciência e fatos. Não podemos deixar eles dominarem as redes sociais e as discussões com fake news. Sei que cansa, mas é uma luta necessária. Uma luta para que o Messias e seus asseclas não façam a sociedade brasileira retroagir 30 anos, levando os patamares socioeconômicos a níveis do pós-ditadura. 

Precisamos lutar e acolher aqueles que viram que fizeram a escolha errada. Isso faz parte da democracia que tanto defendemos. 

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