A dança das cadeiras no Congresso Nacional
Pelo bem do Brasil, devemos torcer por uma gestão responsável de ambos: Hugo Motta na Câmara e Davi Alcolumbre no Senado
O que aconteceu no sábado passado, dia primeiro, merece atenção e reflexão. Um dos Poderes da República, o Legislativo, estava trocando de mãos. Deputados e senadores estavam votando em quem iria conduzir as duas Casas nos próximos dois anos. A dança das cadeiras não animou ninguém além dos diretamente interessados no assunto. A sociedade em geral, indiferente à farta cobertura dada pela mídia, não demonstrou qualquer disposição em acompanhar o que se passava em Brasília.
Quando isso acontece, é preciso pensar muito e encontrar respostas para esse distanciamento. Política não se faz sozinho, e ela precisa estar em sintonia com o povo. Boa parte dos partidos políticos que já tiveram um papel importante perdeu o seu rumo. Em parte, isso se deve à proliferação de siglas que impedem uma melhor identificação do eleitor com o programa partidário. Com raríssimas exceções, essa é a nossa triste realidade.
Outra situação criada pelos próprios congressistas, que agrava esse visível desinteresse pela política, são os Fundos Partidários e as obscuras Emendas Parlamentares. Todos sabem a falta que faz a montanha de recursos que saem do Orçamento da União só para atender às demandas dos congressistas. É muito dinheiro do orçamento concentrado nas mãos de poucos. Quem pode acabar com isso é quem criou a mudança, dando ao legislador a função de um agente do Poder Executivo. Por parte da sociedade, que já está com sua opinião formada sobre isso, se nada mudar, o distanciamento vai se agravar.
Pelo bem do Brasil, devemos torcer por uma gestão responsável de ambos: Hugo Motta na Câmara e Davi Alcolumbre no Senado. Não é hora de vacilar; as ameaças à democracia estão dentro do país e fora dele também. O nosso papel na relação de forças estabelecida pela geopolítica cresceu muito nos últimos anos. Embora outros interesses internos insistam em tumultuar o quadro, o reconhecimento internacional da importância do Brasil nesse jogo de poder está consolidado.
O inesperado da eleição de cartas marcadas no Congresso Nacional partiu justamente da rebeldia de um líder da ultradireita mais radical, que prega o ódio por onde passa: o deputado pelo Rio Grande do Sul, Marcel van Hattem. Ao optar por um voo solo, lançou-se candidato à presidência da Câmara dos Deputados. Deu-se muito mal: teve 31 votos (6% do total). A revolta foi imediata e expôs o verdadeiro tamanho dos raivosos dentro do Congresso Nacional. Quem pretendia levantar a bandeira da anistia para os condenados de 8 de janeiro de 2023 agora vai pensar duas vezes. Por essa, nem o líder maior esperava.
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