A debandada dos ratos
A mira do Supremo se mostra cada vez mais justa e precisa, pegando os falastrões que gostam de ameaçar nosso sistema democrático
Na espécie dos vertebrados roedores, ratos se revelam inteligentes e quase impossíveis de apanhar. Metem-se nas entrelinhas mais inesperadas e, quando se vê, já se escafederam em outras paragens. Diante do perigo, não os enfrentam. Contornam as arestas, fingem que se distraíram e se desviam. Não há como falar em coragem com relação a eles. Em esperteza sim. Na iminência da catástrofe, são os primeiros a pular do barco. A comparação com seres humanos vivos ou mortos não constitui mera coincidência.
No entanto, como usar de outra linguagem para tratar da fuga de Carla Zambelli e seus comparsas: Allan dos Santos, Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro? Todos se aproveitaram de brechas no sistema e foram tomar ar em outras freguesias, a maioria nos Estados Unidos. Lá, com Donald Trump, consideram-se invulneráveis. A outra, não totalmente segura, condenada a dez anos de cadeia e aguardando novos processos, foi armar a barraca na Itália, país onde imagina dispor de liberdade, uma vez que possui nacionalidade e passaporte locais. Formavam um conjunto de pessoas corajosas enquanto dominavam a possibilidade de impunidade. Presos nas armadilhas da Justiça, julgaram prudente não testar os desafios da arrogância, tantas vezes utilizada, e se afastaram, protegidos pela distância e talvez pela benevolência dos norte-americanos. Afinal, cada vez mais, os Estados Unidos se configuram nos dias de correm como refúgio de marginais.
Desgraçadamente, de Roma chegam notícias de autoridades que não desejam transformar a sua nação em abrigo de criminosos, perseguidos pela justiça alheia. Pode ser o suficiente para que a Zambelli ponha as graças de molho e volte a viajar na esperança de aportar em lugares mais favoráveis. Não há de ser nada. O STF prossegue em suas iniciativas para deter os vândalos do 8 de janeiro e seus responsáveis, sem excluir o Jair. A ex-deputada imaginava se alimentar de doações por pix (de eleitores desavisados) e passar anos assim, até que os ventos voltassem a soprar em seu favor. Gente de bom senso saúda a sua retirada de cena.
A política nacional ganhará com isso, entregue a discussões mais fecundas do ponto de vista do bem geral. Melhor do que as tramoias desesperadas por baixo do pano para desequilibrar o poder e orientar a balança do sistema em sua direção.
Nos rastros de Eduardo Bolsonaro, a fugitiva esperava se valer das redes sociais para conservar prestígio e ocupar as manchetes. Nisso também dá a impressão de fracassar. Alexandre de Moraes a bloqueou em tudo, inclusive nas eventuais “lives” antes acessíveis nos meios de comunicação. Aliás, alguém deve avisar ao 03 que se previna. Afinal, a mira do Supremo se mostra cada vez mais justa e precisa, pegando os falastrões que gostam de ameaçar nosso sistema democrático. O próprio Parlamento dá sinais de agir cada vez com mais cuidado.
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