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João Antonio

João Antonio da Silva Filho é Mestre em Filosofia do Direito e atualmente preside o Tribunal de Contas do município de São Paulo

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A defesa da democracia e o silêncio dos liberais

"É bom que se diga que em tempos autoritários a primeira a ser sacrificada é a cultura, mais especificamente, a liberdade de expressão. O mundo está assistindo atordoado os atentados contra a democracia liberal no Brasil", avalia o colunista João Antonio

(Foto: Reprodução)
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O atentado contra a produtora Porta Fundos é mais um atentado contra a democracia. Fico aqui pensando: porque será que os liberais desse país não erguem suas vozes contra este e tantos outros atentados que fere de morte o Estado Democrático de Direito? Será que os direitos fundamentais não mais fazem parte do “cardápio” político dos liberais? Estranho!!

Não sou um ideológico sectário, também não sou um liberal defensor do individualismo competitivo próprio do salve-se quem puder capitalista. Defendo a solidariedade nas relações intersubjetivas. Quero para o brasil o estado de bem estar social, onde as conquistas civilizatórias sejam parte integrante do Estado Democrático de Direito. Quem pensa assim como eu não compreende o “silêncio obsequioso” (obsequioso?) de vários personagens liberais que outrora protestaram contra o autoritarismo em nosso país. Cuidado senhores, amanhã poderá ser tarde demais!

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Bertold Brecht poeta e dramaturgo que viveu no período da ascensão do nazismo assim escreveu:

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

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Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

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Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

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A liberdade, dentre elas, a liberdade de expressão, sempre foi uma bandeira dos liberais democratas. Aliás, lembro-me que no período da Guerra Fria, dentre as críticas ferinas lançadas pelos liberais democratas contra os experimentos socialistas – “socialismo real” -, a principal era justamente o indevido sacrifício naqueles país, das liberdades individuais, destacadamente, da liberdade de expressão.

É bom que se diga que em tempos autoritários a primeira a ser sacrificada é a cultura, mais especificamente, a liberdade de expressão. O mundo está assistindo atordoado os atentados contra a democracia liberal no Brasil. Aqui, homens do poder defendem ditaduras abertamenten – sem rodeios; atentam contra o direito mais sagrado, o direito à vida, ao banalizar o uso de armas e defender abertamente truculência das forças policiais em açao nos bairros pobres – morros e favelas; falam contra os homossexuais disseminando a homofobia… enfim, avançam contra as conquistas civilizatórias, ancorando seu conservadorismo retrógrado no fundamentalismo religioso impreciso e inconsistente do ponto de vista teológico. Lembramos que o Estado laico vai além de um conceito meramente filosófico, trata-se de uma conquista civilizatória fundamental para assegurar a liberdade religiosa.

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Enfim, a pergunta continua posta: onde estão os liberais “democratas” que não erguem suas vozes contra os ataques às conquistas civilizatórias e os direitos fundamentais?

Enfim, A Noite das Facas Longas (em alemão Nacht der langen Messer), no seu formato original, ainda não chegou por aqui. Ainda há tempo de salvar a democracia. Bertold Brecht, com sua precisão realística nos brinda com mais um dos seus poemas engajados. Assim ele escreveu:

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“Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.”

Para os liberais que ainda não perceberam a gravidade do momento, segue um trecho da canção do Chico Buarque:

“Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento“
Ver emergir o monstro da lagoa

Definitivamente, afaste de nós este cale-se!

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