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Carlos Reis R. Sousa

Professor de Filosofia do Instituto Federal do Maranhão, mestre em Filosofia Contemporânea e autor do livro Diálogo e Direito

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A degradação do Verbo

O Verbo Original que paria fé, estética e ética está deveras ameaçado por falsos heróis que, deliberadamente, mancham a beleza da língua portuguesa, o caráter e a força espiritual da Palavra Cristã

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Quando olhamos a cena política brasileira notamos, corriqueiramente, um elevado grau de desprezo pela Palavra. O Verbo que em momentos marcantes da história da humanidade encampou revoluções científicas, políticas e filosóficas, ver-se diminuído em pronunciamentos frívolos e banais a nutrir projetos primitivos, autoritários e anticientíficos. 

O Verbo que fora proclamado, por grandes e históricos intelectuais, como manifestação da razão, veículo da liberdade de expressão e encarnação do divino, em plena contemporaneidade, pode ser ilustrado como símbolo de contrassenso e de litígio. 

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O Verbo, reputado como um instrumento agregador da convivência entre os diferentes povos da terra, está sendo contaminado pela divulgação de ilusões, pela normalização de mentiras e pela relativização da justiça. A Palavra da Torre de Babel, da comunicação entre diferentes povos, fora assaltada em função de interesses estritamente de poder político e/ou econômico e religiosos, sendo dessa forma arma de polarização, guerra e separatismo: “leite condensado pra enfiar no rabo da imprensa”.

O Verbo, reverenciado por Machado de Assis e José de Alencar e tantos outros escritores, ver o seu brio desnudo pelo cinismo de figuras toscas que ignoram a poeticidade, a beleza e os fundamentos éticos inerentes à Palavra. Até temos a impressão de que não se trata simplesmente de um “não saber dizer", mas de ações deliberadas que visam instituir a banalidade como estratégia de dominação. Se o Brasil teve Drummond, que com poucos fonemas desenhava arte e imortalizava ideias, em contraste possui figuras, que apesar de poderosas, são sórdidas, amargas e violentas, que com uma palavra contaminam uma nação. 

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Na contramão, dos bons exemplos tupiniquins eis que surge, em pleno século XXI, a degradação, o esvaziamento e a distorção do Verbo Original. Assistimos despudoradamente a substituição da polidez linguística (adotada por grandes nomes da literatura do Brasil) pela aridez insólita e inconsequente de agentes públicos brasileiros que, visando encantar seus nichos eleitorais, esbanjam diariamente verdadeiros espetáculos de horrores, valendo-se, sobretudo, das redes sociais. O Verbo Original que paria fé, estética e ética está deveras ameaçado por falsos heróis que, deliberadamente, mancham a beleza da língua portuguesa, o caráter e a força espiritual da Palavra Cristã.

“Palavra não foi feita para dividir ninguém palavra é uma ponte onde o amor vai e vem”. O verso desse canto popular nos mostra que é impensável querer, por meio da Palavra, incitar a violência e o preconceito. A palavra deverá ser sussurro da alma que permita o diálogo e conduza o ser humano para adentrar o Outro em uma atitude de civilidade e responsabilidade. O Verbo, portanto, não deve ser utilizado como um veículo para “excreção” do mal, da divisão e da antidemocracia.

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