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Cássio Vilela Prado

Escritor

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A destruição da democracia brasileira: o ressentimento e a vingança de Aécio a Bolsonaro

O ódio, o ressentimento e a vingança avançam, repetidamente, fechando os seus olhos para a vida produtiva no pais e no mundo, numa sensacional negação do passado e do futuro. Em termos lógicos, Bolsonaro não é a esperança. Ele é a mais pura desesperança inconsciente de um povo ressentido, vingativo e suicida

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"A lógica, como estudo e identificação das formas válidas e corretas na linguagem, também se dedica a identificar e qualificar aquilo que não possui uma validade formal coesa e correta. A palavra que nomeia essas situações de não correção da forma daquilo que foi enunciado pela linguagem é falácia. As falácias são, grosso modo, proposições sem sentido, sem encadeamento lógico entre os fatos enunciados ou sem nexos causais que expliquem de maneira completa e correta os efeitos que constam nos enunciados das frases analisadas. " – (Francisco Porfírio, O que é lógica?)

Desde os movimentos de rua de junho/2013 um novo fenômeno sociopolítico irracional atípico se apresentou no cenário das cidades brasileiras, paulatinamente foi se fortalecendo nas eleições presidenciais de 2014, aumentando a sua força libidinal pós-derrota do candidato doentio e ressentido, Aécio Neves, que iniciou e liderou o movimento antidemocrático do Golpeachment ("Golpe travestido de impeachment" – J. M. C. MATTOS – Psicanalista, Poeta e Colunista do Jornal Brasil 247), e agora parece atingir o seu clímax deletério na figura do neofascista, o militar da reserva Messias Bolsonaro.

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As quatro derrotas presidenciais sucessivas a partir de 2002 sofridas pelos setores conservadores-atrasados do Brasil, principalmente a derrota de 2014, foi a gota d'água para transbordar de vez o ódio, o ressentimento e a vingança subsequente, na busca frenética de um alvo para lançar a sua decrepitude moral e mortal, fabricando assim o seu inimigo, na construção de uma gramática insana e vulgarizada correspondente aos seus afetos mais primários, conforme à epigrafe: "proposições sem sentido, sem encadeamento lógico entre os fatos enunciados ou sem nexos causais que expliquem de maneira completa e correta os efeitos que constam nos enunciados das frases analisadas." (PORFÍRIO, Francisco – O que é lógica?)

De forma generalizada, esse segmento populacional ressentido iniciou um ataque vil a todos os integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT), indiscriminadamente, com um vocabulário chulo e irresponsável, na verdade demonstrando mais de si mesmo do que de seu outro diferente, tornado rival e perseguido. Podendo-se dizer que os seus jargões expressos na via sonora da fala anunciavam um movimento autístico sociopolítico, fechado, não dialético, posto ser um novo código da linguagem tupiniquim-viking, de difícil acesso pela alteridade, portanto irrefutável pela via do discurso enquanto laço social no espaço democrático da polis.

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[…] Partindo da análise empreendida por Nietzsche, Max Scheler examinou o ressentimento a partir de uma outra ótica, ampliando o seu alcance e a sua abrangência. Entendeu que se trata de um ‘auto-envenenamento’ psicológico, que tem causas e efeitos bem determinados’; consiste em uma disposição psicológica, que, por um recalque sistemático, produz certas emoções e sentimentos, como o ódio e a maldade, o ciúme e a inveja, a raiva e a maledicência. Inerentes à condição humana, ao serem recalcados sistematicamente, eles tendem a provocar uma deformação mais ou menos permanente do sentido dos valores e da faculdade de julgar. – (Cf. Scheler, Max. L’homme du ressentiment. Paris: Gallimard, 1970). […] (PECORATO, Rossano; Engelmann, Jacqueline. – Filosofia Contemporânea: niilismo – política – estética – Ed. PUC-Rio; Loyola, São Paulo. 2008. P. 35.).

Movidos pelo ódio e o ressentimento que foram recalcados de Lula/2002 à Dilma/2014, os movimentos de rua de 2013 deram claros sinais que o dique democrático que os represava se romperia, como de fato se rompeu e inundou o solo brasileiro com o estopim derradeiro aceso pelo candidato pavio curto derrotado, Aécio Neves, culminando em novos movimentos de rua que buscavam a vingança contra aquele que reunia todos os atributos nefastos e que seria o único responsável pela infelicidade dos ressentidos: o “corrupto PT”.

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Como se não bastasse a vingança expressa no golpe jurídico-parlamentar-midiático contra a Presidente Dilma Rousseff, matéria já ofertada nas grades curriculares das principais universidades do Brasil, percebe-se que o ódio à democracia e ao diferente (entenda-se que quaisquer diferentes são tratados como “petralhas”) não cessam. Esse ressentimento intratável pela palavra liberta, estranhamente se fortalece ainda mais com o linguajar do candidato extremista-bronco-violento desde 2015, Messias Bolsonaro, neste momento transformado em atos bárbaros diuturnos pelo país afora.

Uma explicação possível para o estado patológico permanente do qual não conseguem sair os “antipetistas” pode ser inferida na direção de que o golpe emocional irrefletido dado na Presidente Dilma Rousseff em 2016 trouxe aquilo que os ressentidos vingadores manipulados pela “Elite do atraso” (Jessé de Souza) não previam, ou seja, a paulatina mutilação de seus próprios direitos sociais, culturais, educacionais e de saúde, reduzindo drasticamente a oferta dos bens públicos, fazendo ressuscitar a fome e a miséria social.

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Contudo os ressentidos demonstram atualmente que perderam de vez o juízo crítico acerca da realidade sociopolítica (na verdade nunca tiveram esse juízo crítico, e esse é o problema principal) que eles mesmos contribuíram espetacularmente para construir.

Diante disso, essa grande parcela da população brasileira, agora grosseiramente manipulada por uma elite bélica, prefere continuar dando tiros nos próprios pés a tratar-se e a erguer-se enquanto uma nação em busca do norte democrático. E o que é pior, resvalam as suas balas no coração de todos nós: anarquistas, democratas, católicos… e neles mesmos, de forma brutal.

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Com o candidato derrotado em 2014, Aécio Neves e a sua claque ressentida, a vingança contra a democracia não se deu no front armado, com raras exceções, ficou apenas nos “discursos antipetistas” inabaláveis.

Bem pior que Aécio, com o militar da reserva, Jair Bolsonaro, o campo discursivo começa a se romper por completo, parece até que os ressentidos vingadores anseiam pelo sangue cru dos “petistas” (“petistas” são todos aqueles que estão fora de sua horda), o canibalismo ressurge como política de Estado.

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Diferente de Neves, que quase dissimulava as suas intenções subterrâneas, Jair as expõe desveladamente em praça pública, ao vivo e em cores, para toda a humanidade: injúria racial, homofobia, misoginia, xenofobia, privatização da saúde, e mentiras deslavadas …

Outro agravante dessas eleições presidenciais de 2018 é a associação explícita de Jair com os vendedores de ilusão, eminentemente com charlatães endinheirados, subvertendo os ideais cristãos em nome da barbárie.

O ódio, o ressentimento e a vingança avançam, repetidamente, fechando os seus olhos para a vida produtiva no pais e no mundo, numa sensacional negação do passado e do futuro.

[…] Nietzsche mostrou bem que, por ressentimento, nossa civilização socrático-judaico-cristã inventou o mundo da metafísica e da religião, assim, niilista desde a base. Cabe agora ver que, levando o ressentimento ao seu clímax, nossa sociedade converte os indivíduos em consumidores [da fé vaga, inclusive], mostrando-se niilista em sua própria condição. Mas, não se trata aqui do mesmo conceito. Pois, ao instaurar uma insatisfação permanente, ela enseja a compulsiva exaltação do presente, e promove uma sensação determinante de precariedade. Das profundezas do espírito da época, não é o ceticismo ou a desconfiança que surge – mas sim a raiva, a frustração de estar excluído do jogo do consumo. […]. (PECORATO, Rossano; Engelmann, Jacqueline. – Filosofia Contemporânea: niilismo – política – estética – Ed. PUC-Rio; Loyola, São Paulo. 2008. P. 36).

Imaginariamente, desprovidos da singularidade de um simbólico ofuscado pela vingança a todo custo, os ressentidos políticos reivindicam apenas para si os bens de consumo e demais ofertadas divinas e comerciais. Numa cega ignorância história, veem somente o presente que Bolsonaro lhes oferece, sem nenhuma capacidade de se colocarem, mais uma vez, na temporalidade do futuro que poderá, peremptoriamente, os jogarem de vez na lata do lixo.

Novamente, agora com requintes evidentes de muito sangue, os niilistas passivos ressentidos brasileiros, enlaçados pelo significante 17, por mais que se possam esforçar, não conseguirão avançar. O tiro poderá sair pela culatra outra vez, com certeza, num futuro não muito distante, e será mortal.

[…] Os meninos da periferia parisiense destroem a si mesmos e a tudo aquilo que os cerca. Levados em um movimento inexorável, sentem que vida e morte se esvaziaram de sentido; melhor ainda, a elas não têm como nem por que atribuir sentido. Em meio a niilismos sísmicos eles se acham, no seu bojo se encontram. Sem alteridade nem alternativa, sem a nostalgia de um antes nem a esperança de um depois […]. (PECORATO, Rossano; Engelmann, Jacqueline. – Filosofia Contemporânea: niilismo – política – estética – Ed. PUC-Rio; Loyola, São Paulo. 2008. P. 37).

Em termos lógicos, Bolsonaro não é a esperança. Ele é a mais pura desesperança inconsciente de um povo ressentido, vingativo e suicida.

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