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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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A direita está sempre à espreita

"Mas a direita nunca morreu. Sempre se manteve quietinha e aproveitou bem as brechas que a democracia oferecia" , diz Miguel Paiva

(Foto: Reprodução)
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Por Miguel Paiva, para o 247

Quem viveu os anos de 1970 na Itália leva um susto com a notícia da vitória da direita no país. É a primeira vez que isso acontece assim, encabeçado pelos partidos que se uniram em torno de Giorgia Meloni, vencedora das últimas eleições. A centro-direita sempre rondou o poder, mas para um país que quase viu o Partido Comunista de Enrico Berlinguer chegar ao poder num compromisso com Socialistas e Democracia Cristã chamado de histórico porque o era de fato, a realidade de hoje choca, mas não surpreende. 

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A direita perdeu a vergonha que nunca teve e agora, fora do armário, bota também as manguinhas de fora se aproveitando das prerrogativas eleitorais da democracia para tentar acabar com ela. É o velho truque que vem desde a ascensão de Hitler na Alemanha. Vivemos coisa parecida por aqui, mas acredito que no dia 2 de outubro começaremos o processo de limpeza desta ameaça. 

Um parêntese se faz necessário. Estranho as notícias que leio em parte da imprensa sobre a Colômbia. Um governo de esquerda foi eleito e 50 dias depois sofre manifestações contrárias na rua porque quer fazer a reforma agrária e taxar as grandes fortunas? Mas que rua é essa e quem está lá? Quem consegue se organizar tão rápido para ser contra medidas tão populares? A foto mostrava pessoas simples. Será que a foto é real? Da manifestação ou do dia da vitória? E porque o povo estaria contrário a estas medidas? Estranho. Quem se manifestou foi gente ligada ao empresariado, facilmente golpista. É a História se fazendo valer novamente. 

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Mas voltando à Itália, naqueles anos vimos um país que se unia contra um terrorismo assustador com características bem extremistas de direita confirmadas pelos métodos que os fascistas usam, para tentar reerguer a democracia italiana. Aldo Moro, secretário da Democracia cristã foi sequestrado quando se dirigia ao Congresso para assinar o acordo. Acabou assassinado pelas Brigadas Vermelhas que misturavam uma ideologia revolucionária de extrema esquerda com métodos da extrema direita que na história italiana sempre aconteceu. 

Assim mesmo, apesar das alianças duvidosas, da corrupção estrutural e do espírito italiano, o país e sua democracia sobreviviam. A tradição social italiana que nos anos 70 me surpreendeu ao ver o presidente do sindicato dos metalúrgicos sentado à mesa com Gianni Agnelli, dono da Fiat discutindo de igual para igual era um fato e a Itália, apesar do desemprego que é altíssimo até hoje, era confiável. 

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Mas a direita nunca morreu. Sempre se manteve quietinha e aproveitou bem as brechas que a democracia oferecia. Manter o nível do compromisso social nos países junto com a crise causada pelo refluxo migratório trouxe para os Europa sérios problemas. Os aposentados vivem mais e conquistaram bastante. Os imigrantes voltaram para cobrar a parte deles da exploração secular que os países europeus impuseram. 

É uma situação grave que só tende a piorar, mas é preciso resistir. Por mais que tenha vencido as eleições, Meloni não tem uma maioria fácil. Nem tudo está perdido e nem todo eleitor é de direita. Que o Brasil sirva de exemplo e mostre que a virada é possível, mesmo que tenhamos que esperar um tempo, ou enfrentar os inimigos como agora a Colômbia e a Itália estão enfrentando.

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