CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Ricardo Nêggo Tom avatar

Ricardo Nêggo Tom

Cantor, compositor, produtor e apresentador do programa Um Tom de resistência na TV 247

189 artigos

blog

A diversidade sobe a rampa com Lula

A posse de Lula, que pela terceira vez irá ocupar o cargo de presidente da república, simbolicamente, nos dá a exata noção do que seja um governo democrático

(Foto: Ricardo Stuckert)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Desde a Grécia antiga, onde surgiu durante o período clássico, o termo democracia é definido como “governo do povo”, uma ideia política que se contrapunha a outras formas de governo onde a participação popular nas decisões do estado não era considerada. Como, por exemplo, regimes monarcas, aristocratas, oligarcas, tiranos e diarcas. Mesmo após a sua fase moderna, que se deu após a revolução francesa e a chamada “Era Napoleônica”, quando na Europa surgiram os principais alicerces do regime democrático como o conhecemos nos dias de hoje, a democracia, por vezes, se viu fragilizada e sofrendo sistemáticos ataques contra a sua existência.

No Brasil, a resistência contra a democracia sempre foi praticada de forma velada ou sob a égide da manutenção da ordem e da defesa dos valores tradicionais da sociedade. Valores esses, nem sempre acolhedores com todos os cidadãos do país. O golpe de 1964 é um grande exemplo. Nos dias que antecederam a intervenção feita pelos militares no Congresso, grupos conservadores e fundamentalistas da sociedade saíram às ruas marchando em nome de Deus, pela família e em defesa da propriedade privada, numa guerra contra um inimigo imaginário. O comunismo. Qualquer semelhança com acampamentos instalados em frente a quartéis, onde patriotas ensandecidos clamam pelo rompimento da ordem democrática, em favor de um regime de exceção que impeça que o mesmo inimigo ima ginário tome o país.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A posse de Lula, que pela terceira vez irá ocupar o cargo de presidente da república, simbolicamente, nos dá a exata noção do que seja um governo democrático. Um governo onde o povo tenha participação e poder de decisão, precisa ter diversidade. E ela subiu a rampa junto o presidente eleito, com representatividade de cor, gênero, etnia, condição social, PCD e espécie, num momento emocionante que irá entrar para a história da república brasileira. Algo que se construiu em alternativa ao desrespeito institucional cometido pelo antigo ocupante do cargo, que, numa postura antidemocrática e pouco civilizada, se recusou a cumprir a liturgia de transferência do cargo e passar a faixa presidencial ao novo presidente. A ideia, possivelmente de Janja, a nova primeira d ama do país, deixa claro que o atual governo representa socialmente o oposto do anterior, onde as minorias eram tratadas como reféns de uma ideologia que as obrigavam a se renderem à maioria ou desaparecerem do mapa.

Um garoto preto, uma liderança indígena, um influenciador digital homossexual e pessoa com deficiência, uma mulher preta catadora de materiais recicláveis, um professor, um metalúrgico e dois apoiadores da Vigília Lula Livre, além da cadela de estimação da primeira dama, subiram a rampa do Palácio do Planalto ao lado de Lula. O presidente eleito recebeu a faixa presidencial das mãos de Aline Sousa, que é articuladora do Movimento Nacional das Catadoras e uma liderança do movimento de mulheres catadoras do Distrito Federal. Ao convidar as minorias para fazerem parte do seu governo, ressaltando a identidade de cada uma delas, Lula abriu um leque maior no que diz respeito a representatividade. Sobretudo, com relação a uma certa resistência que ainda há no campo progres sista, no que diz respeito a pautas consideradas identitárias. Uma possível sinalização de que os anseios dos grupos minoritários não se resumem a luta de classes.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Estimular a diversidade, algo que sempre foi visto com maus olhos pelos opositores do progressismo, é promover inclusão e combater privilégios adquiridos em qualquer sociedade estruturalmente racista, machista, homofóbica, capacitista e aporofóbica. Que Lula não fique apenas no discurso, onde frisou por mais de uma vez o seu compromisso prioritário com as minorias representativas, ou no simbolismo da subida da rampa, quando fez renascer a esperança dos grupos quase que institucionalmente excluídos. Uma sociedade mais justa, igualitária e verdadeiramente democrática, se constrói com a participação de todos e todas. “União e reconstrução” é o lema do novo governo. E Lula terá a missão de corrigir os desastres sociais promovidos por s eu antecessor, que o deixou como herança 33 milhões de pessoas passando fome e outras tantas milhões em condição de insegurança alimentar. Um presidente que apostou no retrocesso como futuro, se articulando sob um ufanismo pátrio, religioso e irracional como ideologia.

A diversidade sobe a rampa com Lula, num país onde as minorias estavam indo ladeira abaixo com Bolsonaro.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO