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Paulo Fiorilo

Ele é deputado presidente do diretório municipal do PT

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A economia cresceu e mostra recuperação, mas e o povo, como vai?

Infelizmente, a necessidade de incluir os mais pobres na retomada econômica não parece ser preocupação central dos governantes atuais, tanto no nível federal quanto no estado de São Paulo

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Há uma frase atribuída ao ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, que dizia “a economia vai bem, mas o povo vai mal”. O presidente referia-se ao crescimento econômico do país durante o “milagre” ocorrido na Ditadura Militar que, por outro lado, foi marcado pela acentuada desigualdade social, especialmente por conta da brutal concentração de renda. 

Recordo essa frase pois, nas últimas semanas, muito se comemorou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2021, que cresceu 1,2% em relação ao final de 2020. Em São Paulo, o crescimento foi ainda maior, de 1,7%, sobre o qual o governador João Dória comentou e atribuiu o sucesso ao seu “planejamento, trabalho e gestão”. 

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O que os números também mostram é que essa recuperação é extremamente desigual. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma economia durante um certo período, é um dado agregado. O crescimento observado do início de 2021 foi concentrado em alguns setores, como o agropecuário e a indústria, notadamente a extrativista. Esses são setores que empregam pouco no país. O setor de serviços, responsável pela maior parte dos empregos, segue abaixo do patamar pré-pandemia.  

O setor agropecuário cresce porque as economias centrais como a China, EUA e Europa enfrentaram a pandemia com maior competência e já estão em franca retomada e recuperação econômica, demandando bens do Brasil como soja, cana, minério de ferro, alumínio entre outros. Assim, setores muito específicos da nossa sociedade têm se beneficiado dessa recuperação. 

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Para as famílias paulistas e de todo o país, contudo, a situação é muito ruim. Para os pobres o otimismo de alguns governantes não chegou. E não há, de fato, motivo para tanto: o desemprego, que já atinge quase 15 milhões de brasileiros, é o mais alto para o período de toda a série histórica iniciada pelo IBGE em 2012; a pobreza, a miséria e o risco de insegurança alimentar cresceram e as mães e pais de família sentem cada vez mais dificuldade em comprar o básico para sustentarem os seus – os preços de alimentos, da energia e do gás subiram -, mas a renda das famílias caiu. 

Nos anos 2000, também se vivenciou uma expressiva alta do PIB, relacionada às condições externas. Porém, naquele momento, o governo federal, comandado pelo Partido dos Trabalhadores, teve a preocupação de elaborar e implementar uma série de políticas que contribuíram para a expansão da economia brasileira, internalizando o bom cenário externo. Todos se lembram dos grandes investimentos em infraestrutura, que geraram empregos e desenvolveram empresas nacionais, além da ampliação de programas de transferência de renda. Como diz o presidente Lula, seu grande milagre foi ter colocado o pobre no orçamento. Todos se beneficiaram daquele crescimento, mas sobretudo os mais vulneráveis. 

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Infelizmente, a necessidade de incluir os mais pobres na retomada econômica não parece ser preocupação central dos governantes atuais, tanto no nível federal quanto no estado de São Paulo. 

Desde o ano passado tenho defendido a necessidade de o estado implementar um programa de renda emergencial estadual, como complementação ao auxílio federal, sem sucesso.

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Apenas em março deste ano, quando a situação da crise sanitária e social já era insustentável, o governador João Dória enviou um projeto que criaria o programa Bolsa-Trabalho para cerca de 100 mil pessoas, no valor de R$ 400,00. Pouco tempo depois o projeto foi retirado e substituído por outro, denominado Bolsa do Povo, que prometia unificar programas de transferência de renda e criar outros novos, como o próprio bolsa-trabalho. 

Para se ver como não há um senso de urgência do governo neste tema, em que pese vários parlamentares terem apontado a pouca ousadia do programa, insuficiente para atender mais de 1,6 milhão de famílias paulistas em condição de extrema pobreza, no início de maio o projeto foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo, mas sancionado pelo governador somente no último dia 27. Estamos caminhando para o fim de junho e até o momento ainda não há prazo para que as novas transferências de renda cheguem, efetivamente, nas mãos das pessoas que mais precisam. Foi muito discurso e pouca efetividade. 

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Essa demora é um erro do ponto de vista econômico, porque perdemos a oportunidade de fomentar e estimular ainda mais o crescimento, e do ponto de vista moral é inaceitável que o estado não esteja cumprindo o seu papel de proteger aqueles que mais precisam. 

O crescimento do PIB não assegura, por si só, que o povo vai bem. O estado precisa agir, com celeridade, para garantir que os ganhos possam chegar à base da sociedade. Não podemos repetir os erros do passado ditatorial, que assegurou crescimento econômico, mas não agiu para impedir a altíssima concentração de renda. O que precisamos é recuperar nossos acertos recentes, aprimorá-los e ampliá-los, colocando o combate à pobreza e a geração de emprego e renda novamente no centro da nossa discussão. A economia só pode ir bem se o povo vai bem.

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