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Roberto Junquilho

Jornalista e repórter do Século Diário

10 artigos

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A eleição e a sociedade enredada

Não existe a preocupação de criar ferramentas para barrar o avanço do sistema, que não se importa com notícias falsas, entre outras distorções, além de enaltecer a gestão empresarial, como estratégia de fortalecimento da política de privatizações, em curso acelerado no governo de Bolsonaro

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O desembarque em solo brasileiro do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, às 14 horas desta sexta-feira 18, não é somente mais uma comprovação de que o Brasil deixou de ser um País soberano no governo de Jair Bolsonaro e passou à humilhante condição de colônia dos Estados Unidos. Na pauta da visita, pressão para justificar uma invasão, até agora improvável, dos Estados Unidos à Venezuela, para “livrar o país do ditador Maduro”, e, principalmente, como forma de levantar a cambaleante campanha de Donald Trump à reeleição. 

 “Vamos tirá-lo de lá”, disse Pompeo na maior cara de pau, diante da subserviência do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, em mais um evento que se insere na imensa rede de intrigas montada em Washington desde a década de 60, para derrubar, por meio de golpes antidemocráticos, governos legalmente eleitos na América do Sul. No Brasil, os de João Goulart, em 1964, e o de Dilma Rousseff, em 2016, que possibilitou a eleição do atual presidente da República, com a ajuda da mídia comercial que agora e o fustiga, de parte do Judiciário e de ações nas redes sociais que jogaram significativa camada da população fora da realidade. 

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Esse cenário é analisado no documentário “O Dilema nas Redes”, lançado neste mês pela Netflix, no qual é mostrado, em forma de denúncia, conteúdos das grandes empresas de tecnologia, cujo foco tem um único objetivo: ganhar mais e mais dinheiro e, ao mesmo tempo, exercer um controle efetivo do ser humano. Não existe a preocupação de criar ferramentas para barrar o avanço do sistema, que não se importa com notícias falsas, entre outras distorções, tais como os abusos contidos em peças de publicidade infantil, discursos raciais, antivacina, terraplanismo, além de enaltecer a gestão empresarial, como estratégia de fortalecimento da política de privatizações, em curso acelerado no governo de Bolsonaro. 

Esses movimentos embotam a sociedade, encantada com o americanismo, e alcançam de forma planetária na política, na América Central, no Leste Europeu, nos confins da terra e também nas eleições municipais de novembro desse ano. Não é por acaso, portanto, a crescente militarização da política, com o aparecimento de protagonistas oriundos dos quartéis e de delegacias e polícia, como ocorre na Grande Vitória. São seguidores de Bolsonaro e da política de guerra em curso no País, defensores da invasão à Venezuela, a fim de conter “o perigo real de Maduro”, como o governante do país vizinho é apresentado em milhões de mensagens nas redes sociais e na mídia comercial. 

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Anunciam ações humanitárias, via redes sociais, mas, na realidade, o que está em jogo e fica fora do noticiário, é a ameaça à autodeterminação dos povos, na esteira de invasões realizadas ou patrocinadas pelo governo estadunidense com o objetivo de apropriar-se de reservas de petróleo e controlar rotas comerciais. O Oriente Médio, abalado há décadas pelo poderio bélico estadunidense, que agora começa a se voltar para o continente sul-americano, comprova a afirmativa. 

Os temas nas redes são vários e vão além da Venezuela. No Brasil, estão ligados ao fantasioso combate à corrupção, de igual modo à nova política, à defesa da moral e dos costumes, mas, invariavelmente, deixam um rastro de ódio e preconceito. O alvo principal, para não fugir à regra, são as camadas mais vulneráveis da sociedade, em especial pretos e pobres e os que professam outra crença religiosa ou ideologia política, carimbando esses movimentos com a marca indelével do fascismo. 

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Capitão Assumção (Patriota) e o subtenente Assis (PSL), candidatos a prefeito em Vitória e Cariacica, no Espírito Santo, respectivamente, são dois representantes desse grupo. Em recente vídeo divulgado em rede, os dois políticos ameaçaram sepultar comunistas e exterminar o socialismo, em aberta discordância com a Constituição Federal, os direitos humanos e a ética na política. Não estão sozinhos. 

Estão juntos a pastores e seus fiéis religiosos, lideranças comunitárias e outros atores do cenário pré-eleitoral para constatar a ascensão não só de militares, mas igualmente de outros seguidores que saíram da área de segurança pública, em um crescimento numérico que se expande sob a influência militarista de Bolsonaro, cercado por generais, coronéis e outras patentes, inclusive no Ministério da Saúde, apesar da pandemia da Covid 19. 

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Alinhados a um contingente que professa um frouxo moralismo cristão, fruto da manipulação por meio de redes sociais, estabelecem objetos de valor criados e conduzidos por mensagens articuladas em centros avançados de tecnologia, para alcançar metas por meio de mentes geralmente fora da realidade. Um cenário alimentado pelo capitalismo autoritário, que encontrou sua expressão máxima nas redes, inaugurando a era da pós-verdade, configurada em estruturas poderosas de emissão de notícias falsas. 

O País vê o avanço da fome, mais acelerado a partir de 2018, conforme registro do IBGE divulgado nesta semana, a economia retrocede largamente, a Petrobras, a Eletrobras e outros importantes ativos do Brasil são desmontados para deixar livre a iniciativa privada, - o fechamento da Petrobras no Espírito Santo e em outros estados é um triste exemplo-, o governo vira piada em escala mundial, a suposta corrupção intrafamiliar do presidente vem a público, mais violência, criminalidade, miséria. O que dizer do descaso com que são tratadas questões relativas à Covid 19, a destruição do Pantanal e da Amazônia? 

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Diante desse cenário catastrófico, o que fazer? Uma boa resposta chega nesta segunda-feira (21) com o lançamento pelo PT do programa de reconstrução nacional, liderado pelo ex-presidente Lula, com a participação de lideranças de outros partidos, como o ex-senador Roberto Requião e o governador do Maranhão, Flávio Dino. É claro que a iniciativa não traz ações prontas e acabadas, mas é evidente que o programa representa uma arrancada para abrir o debate em torno d questões essenciais à vida do País, marcando território contra essa bagunça neoliberal. 

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