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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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A estilhaçada bola de cristal de Mendonção

O que é importante: a recuperação da economia serve como fortalecimento político do presidente

Luiz Carlos Mendonça de Barros (Foto: Reprodução)
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 “O Haddad está enfraquecendo porque tenta construir no governo uma política econômica que é radicalmente contra o que pensam os economistas e os políticos do PT. Por isso, vai cair. Pode não ser agora. Mas vai cair.”

 Quem disse tudo isso ao portal Metrópoles, na terça 21, foi o ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros, ambos os cargos exercidos nos anos FHC, que não foram em nada parecidos com a era Bolsonaro, mas que tiveram seu lado sombrio.

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A bola de cristal de Mendonção costuma estilhaçar-se com facilidade. 

Bom exemplo dos balões de ensaio que costuma soltar está neste trecho de artigo que publicou em janeiro de 2019, primeiros sopros do governo Bolsonaro, no Valor Econômico: 

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“O ambiente de negócios de hoje é o resultado de 30 anos de uma experiência democrática com forte participação da sociedade. O desenho final que temos hoje foi fruto da interação entre problemas criados por uma Constituição utópica e a realidade social e política que sempre acaba se impondo em uma democracia. (…) Por isto, as dificuldades para se chegar ao modelo ideal, que certamente está na cabeça da equipe econômica, serão muito maiores do que os previstos”. 

Como percebeu Luís Nassif na época, Mendonção contorceu-se para dizer que o modelo econômico ideal não deve levar em contra a realidade social e política do país. A fala, certamente, destinava-se a agradar a alguém.

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Mendonção já foi desenvolvimentista, nos tempos do Plano Cruzado. Virou financista com o Plano Real. No início do governo medieval do capitão, enxergava na “cabeça da equipe econômica” a virtuosa capacidade de identificar “as dificuldades para se chegar ao modelo ideal”. Errou feio, claro está. Não há como pinçar qualquer avanço econômico nos últimos quatro anos.

A quem sinaliza Mendonção ao lançar o balão de ensaio da fritura de Haddad? Bem, sabe-se que desde há bastante tempo ele é “do mercado”. Criou no passado a corretora Patente, depois fundou os bancos Planibanc e Matrix. Ao comandar a privatização do sistema Telebrás, como ministro das Comunicações de FHC, foi afastado do cargo em meio a acusações de favorecimento a empresas, depois que a Folha de S. Paulo publicou, em 1998, transcrições de gravações altamente comprometedoras. Ele acabaria absolvido, em 2009, pela Justiça Federal das acusações de improbidade administrativa.

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 Em agosto de 2016, Luiz Carlos Mendonça de Barros concedeu uma entrevista a este colunista, então (e ainda hoje) editor de uma revista digital dirigida. Era o início do Brasil de Michel Temer e Henrique Meirelles. Pelo trecho de uma resposta de Mendonção e o que aconteceu na sequência com o Brasil, pode-se verificar o potencial de acerto da sua bola de cristal:

“Com o mandato do presidente Temer deixando de ser temporário e passando a ser definitivo, a economia vai se recuperar rapidamente. E o que é importante: a recuperação da economia serve como fortalecimento político do presidente. Ficou todo mundo preocupado com avaliação do presidente que saiu numa pesquisa, e a minha posição foi essa: essa pesquisa não quer dizer nada. Daqui a seis meses é que vai ser importante.”

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Quem não se lembra o quão forte  Michel Temer concluiu seu governo golpista?

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