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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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A extrema direita à busca de candidatos

O político Tarcísio de Freitas não existiria sem o bolsonarismo, o qual, por sua vez, está em misto de condenação suprema e recrudescimento tresloucado

Tarcísio Freitas e Bolsonaro (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR)

A falsa equivalência entre Lula e Bolsonaro que faz a mídia hegemônica leva também a acreditar que Tarcísio de Freitas seria um candidato moderado. O governador paulista já deixou bem claro que é tão golpista quanto os condenados pela intentona de 2021-2023, defendendo anistia aos criminosos, atacando o STF e clamando que tudo não passou de liberdade de expressão. No estado de São Paulo a educação vai de mal a pior, a segurança pública virou setor de assassinatos de pobres, negros e periféricos, as áreas de pesquisa científica estão sendo vendidas a preço ínfimo e a saúde só se mantém porque faz parte do SUS federal. Se os conservadores precisam de um candidato, que busquem entre os que defendem a democracia.

Enquanto 39% apoiam a anistia ao condenado Bolsonaro, apenas 30% dizem que votariam nele no ano que vem. Ou seja, um quarto dos que não viram crime de tentativa de golpe de Estado, fartamente documentada, não querem o ex-presidente de volta à cena do crime, preferindo outros candidatos da extrema direita, com destaque para o governador de São Paulo.

O político Tarcísio de Freitas não existiria sem o bolsonarismo, o qual, por sua vez, está em misto de condenação suprema e recrudescimento tresloucado. A direita enaltecendo a bandeira norte-americana no emblemático dia da Independência foi o suprassumo da subserviência, com o governador paulista a reboque. Por outro lado, para os paulistas, será muito boa a garantia de que não teremos mais Tarcísio de Freitas como governador. Que saia logo do Palácio dos Bandeirantes para perder a eleição presidencial para Lula!

Mas aos que estão receosos com Tarcísio de Freitas como legítimo representante da extrema direita, a melhor opção é Ciro Gomes, o único que empata tecnicamente com Lula em eventual segundo turno, caso as eleições fossem agora. O ex-governador cearense vira coringa de amplo espectro político, pois em 2018 dizia-se ser o único que poderia derrotar Bolsonaro, em vez de Fernando Haddad.

Assim, a um ano da eleição presidencial de 2026, Lula e o representante da extrema direita (qualquer que seja) mantêm os mesmos níveis de diferença na intenção de votos que tinham em 2021 em relação à eleição de 2022, mas em patamar entre 8-10% acima. Aproximando-se do pleito, ambos cresceram, o que deve acontecer de hoje a um ano. Porém, a enorme distinção quatro anos depois é que é Lula o candidato à reeleição, sem o peso das denúncias de crimes praticados em relação à pandemia e as então suspeitas de atos antidemocráticos do ocupante do cargo, que era Bolsonaro.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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