A extrema direita brasileira e os EUA: a subserviência que cobra seu preço
Ao alimentarem interesses estrangeiros, Bolsonaro, Moro e Joaquim Barbosa acabaram criando o monstro que hoje os devora
Durante anos, o Brasil assistiu a uma intensa ofensiva liderada por figuras políticas e jurídicas que tinham como objetivo central subjugar o país aos interesses dos Estados Unidos. A família Bolsonaro, o ex-juiz Sergio Moro e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, embora distintos em suas trajetórias, têm em comum um histórico de ações que visaram explicitamente submeter a soberania brasileira à tutela norte-americana.
O esforço conjunto desses personagens teve um ponto crucial na Operação Lava Jato, idealizada por Moro e amplamente respaldada pela mídia e por setores políticos conservadores. Sob a bandeira do combate à corrupção, a Lava Jato serviu de ferramenta para o fenômeno conhecido como lawfare, um tipo de guerra jurídica destinada a neutralizar opositores políticos sem recorrer ao uso tradicional da força. Nesse contexto, o alvo prioritário foi o Partido dos Trabalhadores e, particularmente, a figura de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao mesmo tempo, Barbosa desempenhou papel semelhante durante o julgamento do Mensalão, construindo uma imagem de heroísmo jurídico que se traduziu em enfraquecimento das forças progressistas brasileiras.
Ambos os casos abriram caminho para a ascensão política de Jair Bolsonaro, cuja trajetória sempre esteve alinhada à visão de subserviência frente aos interesses americanos. Bolsonaro, mais explicitamente do que seus antecessores, entregou ativos estratégicos, enfraqueceu a Petrobras e posicionou o Brasil em alinhamento quase automático com as políticas externas dos EUA, principalmente durante o governo de Donald Trump.
Contudo, como bem alerta o ditado popular, quem cria monstros não pode reclamar quando eles se voltam contra seus criadores. É exatamente isso que vem ocorrendo agora com a volta de Trump ao poder. Após anos desfrutando da subserviência brasileira por meio de intermediários como Bolsonaro e Moro, Trump adota agora uma postura mais agressiva e direta. Sem intermediários confiáveis disponíveis, o ex-presidente e agora novamente líder dos Estados Unidos não hesitou em atacar frontalmente os interesses brasileiros. As recentes tarifas impostas sobre produtos essenciais à economia nacional, como suco de laranja, carne, café e etanol, são uma demonstração inequívoca de força, destinada a submeter o país, mais uma vez, aos desígnios de Washington.
Diante dessas ações, fica evidente que a direita brasileira cometeu um erro fatal ao imaginar que sua aliança estratégica com os EUA garantiria proteção eterna. Bolsonaro, Moro e Barbosa descobriram da pior maneira possível que, no tabuleiro da geopolítica, não existem aliados eternos, apenas interesses momentâneos. Ao ajudar a entregar a economia brasileira e enfraquecer as instituições democráticas, essas figuras criaram condições para que, agora, o Brasil se encontre vulnerável a ataques diretos de quem um dia foi tratado como parceiro preferencial.
Esse cenário atual evidencia ainda mais claramente a natureza da direita brasileira contemporânea: um grupo que, sob o pretexto do combate à corrupção e ao "comunismo", jamais teve compromisso real com os interesses nacionais. A tentativa obsessiva de destruir o PT, sindicatos e movimentos sociais, sob orientação direta ou indireta dos EUA, transformou o Brasil em um alvo fácil e, agora, sem defesas adequadas contra a ofensiva econômica norte-americana.
Nesse contexto, o Brasil precisa rapidamente aprender uma lição histórica e dolorosa. A soberania nacional não pode ser negociada ou entregue em nome de ideologias ou interesses externos. É hora de a sociedade brasileira reagir e fortalecer suas instituições democráticas, para garantir que episódios como o atual não voltem a se repetir. Caso contrário, corremos o risco permanente de sermos devorados pelos próprios monstros que ajudamos a criar.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

