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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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A falta de decoro e a boçalidade de um cafajeste

O jornalista Eric Nepomuceno escreve sobre as inomináceis agressões de Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello na manhã desta terça: "Sua noção de decoro, aquilo que Sarney chamava de ‘liturgia do cargo’, é tão consistente como seu equilíbrio emocional: simplesmente não existe."

Jair Bolsonaro e Patricia Campos Mello (Foto: Reuters | Alice Vergueiro/Abraji)
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Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 

Na verdade, o tratamento dispensado pelo presidente da República à repórter Patrícia Campos Mello corresponde ao que ele foi ao longo da vida: trata-se de mais uma boçalidade cometida por um cafajeste indomável.

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Aliás, Jair Messias reincide nessa mostra todo santo dia, e, às vezes, repete boçalidades numa mesma jornada. Qual a surpresa, então?

A surpresa é que ele insista em exibir seus dotes únicos com a facilidade de quem sabe que pode fazer o que lhe der na veneta com a certeza de que não haverá corretivo nem freio.

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Há antecedentes, por certo, de presidentes brasileiros dados a explosões de primarismo ou grosseria. Basta recordar o último dos ditadores, o general João Batista Figueiredo, ou o acafajestado farsante Color de Mello.

Nenhum, porém, nem de longe desceu tão baixo como Jair Messias. Sua noção de decoro, aquilo que Sarney chamava de ‘liturgia do cargo’, é tão consistente como seu equilíbrio emocional: simplesmente não existe.

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Devo esclarecer que nunca estive com Patrícia de Campos Mello.Tive e tenho, isso sim, uma relação um tanto distante – e absolutamente cordial – com seu pai, Hélio.

Portanto, não estou tratando de alguém das minhas relações ou proximidades.

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A atitude de Jair Messias me provocaria repugnância se dirigida a quem quer que fosse, um ou uma repórter.

Aliás, tampouco se deve a solidariedade gremial: seria o mesmo se ele tivesse se dirigido a um ou uma dentista, ou bancário, ou qualquer profissional. A qualquer ser vivo.

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É simplesmente inadmissível que, passado um ano e um mês e meio de sua chegada à presidência, não exista ninguém – um único e solitário ser – com capacidade para chegar perto de Jair Messias e advertir que além de todas as benesses e responsabilidades inerentes, o cargo que ele ocupa requer um mínimo de civilidade e compostura.

Um comportamento minimamente decente, para ser claro e direto, e que ele nunca teve.

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Mais que impressionante ou surpreendente, é altamente preocupante observar a desenvoltura com que atua e se manifesta o presidente do país mais povoado, mais extenso e de economia mais forte (ao menos por enquanto...) da América Latina.

Entendo que, além da cafajestice inerente ao seu modo de vida, além da boçalidade irrefreável e irremediável exibida dia sim e o outro também, tudo isso que vemos faz parte de uma estratégia bem montada a exercida.

Jair Messias nomeia generais e almirantes da ativa num momento especialmente delicado de sua vida pessoal, quando o país assiste à execução do miliciano Adriano da Nóbrega. Resta constatar se ele decidiu cercar-se de graduados da ativa ou se os graduados da ativa decidiram cercá-lo. 

Agora, ele dispara impropérios grosseiríssimos contra uma repórter que tocou num ponto igualmente delicado: a maneira com que as redes sociais foram utilizadas – e pagas – durante a campanha eleitoral de 2018.

E enquanto nos distraímos com essas cenas dantescas, figuras perigosíssimas como Sergio Moro e Paulo Guedes, ou aberrantes como Abraham Weintraub, vão destruindo em alta velocidade pilares básicos do país que Jair Messias prometeu desmontar.

Esse, aliás, é o único dos compromissos que ele vem cumprindo. E da mesma forma que não existe ninguém capaz de refrear e conter seus ímpetos de cafajeste sem remédio, parece, ao menos até agora, não haver ninguém capaz de impedir ou ao menos amenizar esse desmonte.

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