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Benedita da Silva

Deputada federal pelo PT-RJ, ex-governadora do Rio de Janeiro e primeira senadora negra do Brasil

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A força da verdade

Entendemos que fora do estado de direito e sem o devido processo legal o combate à corrupção vira inevitavelmente bandeira política daqueles que querem golpear as instituições democráticas

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A trágica verdade sobre a conduta criminosa de Moro enquanto juiz da Lava Jato, revelada pelo Intercept e por quase toda a mídia, está produzindo profundas mudanças no modo de pensar da opinião pública. Começa a se firmar a convicção democrática de que para ser eficaz o combate à corrupção precisa ser feito dentro da lei, respeitando o devido processo legal garantido pela Constituição.  

A expressão “ilegal, e daí?” com que a sociedade foi acostumada desde o golpe contra a presidenta Dilma, vem, por força das revelações do site The Intercept Brasil, cedendo terreno à defesa do Estado de direito. A sociedade reage ao princípio oportunista de que “os fins justificam os meios”. Isso tem sido usado como justificativa para se perseguir a oposição democrática, cujo maior exemplo foi a prisão injusta de Lula com o único objetivo de tirá-lo da disputa eleitoral que ele certamente ganharia se fosse candidato.  

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Quem achava que as peças do golpe de 2016 estavam firmemente encaixadas e que a direita e a extrema-direita, unidas, governariam por “mil anos”, subestimou feio a dialética da história. O que se acostuma chamar de “garganta profunda”, responsável pelo vazamento para o Intercept, foi apenas um detalhe nesse cenário, mas com o seu pequeno furo na represa da desinformação provocou a inundação da verdade em todo o país. Uma verdade bem vinda para a maioria, mas totalmente indesejada para a minoria golpista, especialmente o governo Bolsonaro, para não falar dos “heróis” desmascarados, Moro e Dallagnol.   

O processo do avanço democrático ainda é lento porque durante vários anos a grande mídia, a Lava Jato partidarizada e ainda o movimento fascista em torno de Bolsonaro ergueram um imenso muro de ódio no país. Eleito presidente, Bolsonaro ainda tentou aumentar esse muro, mas o fracasso econômico e político de seu governo o impediram.  

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A cegueira da razão causada pelo ódio é tão forte que mesmo sabendo das violações do juiz Moro boa parte da sociedade, sobretudo aquela que apoia Bolsonaro, continua justificando o seu comportamento criminoso de se aliar à acusação para condenar quem ele considerava seus inimigos. É o que se pode ver na pesquisa do Datafolha divulgada no último domingo, 7 de julho. Dos que acham o governo Bolsonaro bom/ótimo, 80% consideram adequado o comportamento de Moro. Os que avaliam o governo como regular apenas 27% entendem seu comportamento como adequado e aqueles que consideram o governo, ruim/péssimo, somente 10% defendem Moro. Grosso modo, vemos nesses dados o isolamento da defesa de Moro nos setores de extrema-direita, enquanto a grande maioria do centro-direita (que faz avaliação regular do governo) passou a condenar o seu comportamento como inadequado. Na ponta, a oposição democrática e popular repudia quase totalmente as violações de Moro.   

Mesmo tendo cautela na leitura da pesquisa, pois ainda serão reveladas muitas informações e parte da sociedade tem pouca informação sobre essa questão, ainda assim é possível constatar na pesquisa a continuação de forte polarização social sobre o posicionamento sobre a prisão de Lula. Enquanto 51% dos que ganham até dois salários mínimos veem a prisão de Lula como injusta, 80% dos empresários a defendem.  

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Para a direita liberal que foi a principal responsável pelo impeachment ilegal da presidenta Dilma e fez com que Moro prendesse Lula e o tirasse da disputa presidencial, a Lava Jato já cumpriu o seu papel na história do golpe de 2016. Se o destino de Moro não estivesse tão estreitamente ligado ao desfecho da prisão de Lula, ele já teria sido descartado pelo sistema dominante, como aconteceu com Eduardo Cunha depois que cumpriu a sua missão.  

Daí o contorcionismo das elites e de sua mídia em tratar o caso Moro. Gostariam de se livrar dele, mas também manter Lula preso – uma equação difícil de ser resolvida nos marcos do estado de direito. Ou a direita liberal assume o regime autoritário da dupla Bolsonaro-Moro e mantém Lula preso, mesmo inocente, ou abraça novamente o estado de direito e liberta Lula. Esse é o dilema de quem deu o golpe e agora perdeu a narrativa que justificava todas as violações da Constituição.   

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Concluindo, entendemos que fora do estado de direito e sem o devido processo legal o combate à corrupção vira inevitavelmente bandeira política daqueles que querem golpear as instituições democráticas. Em todas as suas entrevistas Lula defende o combate à corrupção dentro da legalidade constitucional e insiste em provar a sua inocência, afirmando que quer ser julgado por um juiz imparcial e segundo o devido processo legal, baseado nos autos e nas provas materiais, o que não foi feito nem por Moro nem pelo TRF-4.  

A continuação do “modus operandi” ilegal e autoritário de Moro interessa principalmente aos anseios ditatoriais de Bolsonaro. Por isso a oposição e o povo devem estar atentos para garantir o exercício de seus direitos políticos e garantias individuais, antes que Bolsonaro os tire totalmente.

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