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Weiller Diniz

Jornalista especializado em cobertura política, ganhador do prêmio Esso de informação Econômica (2004) com passagens pelas redações de Isto É, Jornal do Brasil, TV Manchete, SBT. Também foi diretor de Comunicação do Senado Federal e vice-presidente da Radiobrás, atual EBC.

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A fraude tem nome: Bolsonaro

"A fraude na eleição brasileira existe e não está nas urnas. A fraude atende pelo nome de Jair Bolsonaro", diz o jornalista Weiller Diniz

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Por Weiller Diniz, publicado originalmente em Os Divergentes

O capitão Jair Bolsonaro torturou a Nação com uma obsessão golpista atribuindo fictícias fraudes às urnas eleitorais, reconhecidas como uma das mais relevantes contribuições brasileiras para as democracias modernas. Falou de supostas irregularidades em 2018, sem provas, onde teria vencido em 1 turno, e insistiu na vulnerabilidade do voto eletrônico ao defender o retrocesso medieval do voto impresso, que foi derrubado no Parlamento.

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Chegou a usar e manipular a credibilidade das Forças Armadas e reuniu o corpo diplomático para espalhar falsidades sobre o processo eleitoral. Inúmeras vezes, ameaçou cancelar as eleições: “”Não pensam (sic) que uma possível suspensão de uma eleição seria só para presidente, isso seria para o Senado, para a Câmara, se tiver algo de anormal”. Em outras oportunidades, o golpismo anormal delirou até com salas secretas inexistentes: “Dá pra acreditar nisso? Uma sala secreta, onde meia dúzia de técnicos dizem no final ‘quem ganhou foi esse’”. Encerrada a eleição, a segurança e inviolabilidade dos votos foram integralmente comprovadas. Bolsonaro, mais uma vez, fraudou a verdade. Todas as 641 urnas eletrônicas submetidas ao teste de integridade durante o primeiro turno não apresentaram divergências com o resultado. “Ou seja, novamente no primeiro turno nas eleições de 2022 se repetiu o que houve nas eleições de 2020, 2018, 2016. Vinte anos de absoluta lisura das urnas eletrônicas com comprovação imediata pelo teste de integridade”, proclamou o presidente o TSE, Alexandre de Moraes. Apenas por essas falsas imputações, Jair Bolsonaro já deveria estar fora da cédula de votação. A conspiração contra o Estado Democrático de Direito com flatulências malcheirosas, resultantes de uma mente autoritária e patológica, já mereciam a cassação do registro na Justiça Eleitoral. A fraude na eleição brasileira existe e não está nas urnas, tese usada apenas como diversionismo para desviar o foco da farsa. A fraude atende pelo nome de Jair Bolsonaro. 

As eleições brasileiras de 2022 irão entrar para história da infâmia mundial como o pleito que reuniu o maior número de fraudes, menos a vulnerabilidade da urna eletrônica, mentira manufaturada por Bolsonaro. A maior farsa é o próprio candidato à reeleição. Quem xinga o oponente de “ladrão”, mesmo após as decisões judiciais inocentando Lula, acoita no poder o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, sentenciado e preso por corrupção no escândalo do Mensalão. Neto é da mesma quadrilha de outro presidiário da intimidade de Bolsonaro, Roberto Jefferson, cujo partido foi varrido do mapa na eleição. A família Bolsonaro adquiriu 107 imóveis, 51 deles pagos em dinheiro vivo, modalidade comum do submundo da corrupção para lavar dinheiro. O filho senador, Flávio Bolsonaro, serpenteia em tramas e repartições jurídicas para abafar os escândalos que o emporcalham. As rachadinhas na ALERJ são eternas, bem como a mansão mal-assombrada de R$ 6 milhões sem origem de recursos e a fantástica fábrica de chocolate, inacreditável multiplicadora de dinheiro. Outros escândalos de corrupção encharcaram a pocilga. No MEC a roubalheira de evangélicos abençoados por Bolsonaro era remunerada em barras de ouro e dinheiro transportado em pneus. Na pandemia, a vacina Covaxin foi contratada acima do preço a pedido do capitão e, na AstraZeneca, a propina cobrada no Ministério da Saúde era de U$ 1 dólar por dose. Há ainda superfaturamento em compras para o rancho nababesco das Forças Armadas, na aquisição de Viagra, e os R$ 89 mil depositados por um miliciano na conta de Michelle Bolsonaro. São fatos.

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Outra trapaça de Bolsonaro que o torna a maior fraude brasileira é o uso cínico do versículo bíblico “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Eis os fatos. Para acobertar os malfeitos de aliados e, principalmente, dos filhos, a administração obscurantista de Bolsonaro decretou segredos seculares em tudo que cheira a corrupção. Foram escondidos os encontros dos pastores corruptos do MEC no Palácio do Planalto, a participação dos filhos em reuniões oficiais que tratavam de vacinas, a participação de um militar na ativa (Eduardo Pazuello) em comícios políticos, a excursão a Israel para tratar o spray contra Covid-19 e o Ministério da Saúde colocou sob segredo todos os documentos da negociação da vacina Covaxin. São 65 escândalos escabrosos enterrados sob o manto suspeito do sigilo, prerrogativa que foi banalizada na atual gestão. Até orçamento público virou secreto para encobrir os desvios. Além de impedir o acesso à verdade, Bolsonaro é um mentiroso patológico. A média de mentiras chega a 7 por dia. Reiterar a mentira é um método nazista de desconexão da realidade. Os maiores embustes são que o STF o impediu de trabalhar na pandemia, que a gestão apresentou recordes de criação de empregos, que não atrasou a compra de vacinas, que não desmata e que não imitou pessoas morrendo asfixiadas por Covid-19. Aquele que profere mentiras não escapará, adverte a Bíblia. Outra ofensiva recorrente para ocultar a verdade é a intimidação constante à liberdade de imprensa, aos profissionais e aos veículos. A nova onda da tirania, depois do sucesso da urna eletrônica, é censurar e criminalizar os institutos de pesquisas, onde Bolsonaro nunca liderou. 

A maior fraude está na negação da vida. Falso professante de todas as religiões (evangélico, católico, satanista e sabe-se lá mais o que), Bolsonaro é o único cristão na terra que desdenha do bem supremo, a vida. Sob o silêncio cúmplice do capitão, os seus apoiadores profanaram as celebrações de Nossa Senhora da Aparecida. É ele, Bolsonaro, que adota como bordão “Deus, pátria e família”, mas despreza a vida de maneira reincidente, é a favor da tortura, elogia assassinos e banaliza o uso de armas. Em uma entrevista, em 2016, confessou a um repórter do jornal New York Times que poderia se alimentar de carne humana. A antropofagia explícita está em um vídeo, onde o capitão conta que só não comeu carne humana porque ninguém quis acompanhá-lo. “Morreu o índio e eles estão cozinhando, eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois três dias, e come com banana. Daí eu queria ver o índio sendo cozinhado, e um cara falou, ‘se for ver, tem que comer’, daí eu disse, eu como! E ninguém quis ir, porque tinha que comer o índio, então eles não me queriam levar sozinho, e não fui”, disse Bolsonaro num rasgo de sinceridade, incompreensivelmente censurada pelo TSE. É o mesmo Bolsonaro que flerta com a maçonaria, que atrasou a compra de vacinas contra a Covid-19, deixou faltar oxigênio hospitalar em Manaus, escarneceu dos doentes com falta de ar e defendeu a matança de 30 mil brasileiros. Sua meta é a morte, seu método é o ódio. 

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Bolsonaro também se falsifica ao se apresentar como democrata. Outra fraude desmentida por sua índole golpista. Ele vem pregando, com auxílio dos filhos e de aliados sabujos, uma quartelada desde maio de 2020, com ameaças de fechar o STF, colocar as tropas na rua e chamando de “seu” o Exército Brasileiro, órgão de Estado e não de governo. Todas as convocações para fechar o regime fracassaram pela insuficiência de apoio interno e pelas reprovações externas. Democrata de araque ameaça, caso reeleito, golpear o STF aumentando o número de ministros da Corte a fim de ter a maioria, exatamente como os ditadores fizeram em outros países para escapar da cadeia, como na Venezuela, Hungria e Polônia. Bolsonaro quer canibalizar o Judiciário e mastigar o equilíbrio entre Poderes, uma cláusula pétrea que só pode ser modificada por uma Assembleia Constituinte. O chavismo em busca da impunidade, confessado por seus aliados, pode ter sido um tiro no pé entre os conservadores às vésperas do segundo turno. Bolsonaro já tem cinco investigações abertas no STF e foi denunciado pela CPI da Pandemia por 9 crimes. Bolsonaro se diz democrata, mas abusa da covardia. Quer dar porrada em jornalistas, manda repórteres calarem a boca, não admite o contraditório e albergou nazistas em seu governo. Extremistas que plagiaram Joseph Goebbels, recorreram a mantras da propaganda nazista ou que usaram expressões eugenistas. Eis a matriz autoritária da democracia do capitão. 

Bolsonaro, ardilosamente, agora chama os nordestinos de “irmãos”. Nova fraude. A região concentra mais de 27% do eleitorado e é um enclave antifascista desde 2018. Ao tentar se reaproximar do continente eleitoral chamado Nordeste acabou chamando de “analfabetos” os eleitores de Lula na região. O ex-presidente petista teve 21,6 milhões de votos por lá (66%) contra 6 milhões do capitão. Todos os governadores são anti-Bolsonaro e os 5 novos senadores eleitos da oposição são do Nordeste, além de 1 reeleito: Otto Alencar (BA), Renan Filho (AL), Camilo Santana (CE), Wellington Dias (PI), Teresa Leitão (PE) e Flávio Dino (MA). Bolsonaro odeia o Nordeste, odeia pobres. Se referia aos nordestinos como “pau-de-arara”, “cabeça chata”, “paraíba” e outras designações pejorativas. O estrago das falas bolsonaristas não se restringe aos votantes na região. Os nordestinos estão espalhados em todas as regiões do Brasil e sempre foram muito importantes para a economia, o progresso e a cultura do país. Os desprezos de Bolsonaro não se limitam aos nordestinos. Eles se estendem também às minorias étnicas, religiosas e sexuais. É a mesma fraude verificada na falsa imagem de simplicidade na campanha de 2018, que foi traída pela gastança em férias, passeios e vadiagens ociosas pelo Brasil e pelo mundo. 

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As fraudes bolsonaristas têm discípulos. O candidato de Bolsonaro em São Paulo, Tarcísio de Freitas, é uma das mais emblemáticas imposturas. Tarcísio serviu ao governo Dilma Rousseff, é carioca e passou por constrangimentos na campanha por ser um forasteiro. No primeiro deles, em uma entrevista de TV, foi indagado sobre qual seção votava. Gaguejou e disse que seu local de votação tinha lhe fugido da cabeça. Posteriormente trocou o nome de um bairro na capital (“Campo dos Elíseos”) e publicou nas redes sociais uma postagem como sendo o antídoto para evitar a volta do PT ao governo de São Paulo. O PT nunca governou São Paulo. A mesma fraude tentada por Sérgio Moro que inventou a cidadania paulista e foi expelida pelo TRE/SP. Moro é outra fraude jurídica e da magistratura, que ajudou a construir a fraude de Bolsonaro e, precisando do biombo da imunidade parlamentar, conquistou uma vaga no Senado pelo Paraná. Na Bahia, o candidato ao governo, ACM Neto, se declarou pardo e surgiu em uma entrevista excessivamente bronzeado. Outros candidatos brancos se declararam pardos país afora. Em Alagoas dois irmãos, pela semelhança física, trocaram papéis na propaganda gratuita. A fraude rendeu ações na justiça eleitoral. Ambos perderam a eleição. Nem o crime, nem a mentira compensam.

As fraudes em votações eram corriqueiras na eleição brasileira antes da urna eletrônica. Muitos ainda se recordam das urnas grávidas, do voto de cabresto, do roubo de urnas, do voto formiguinha, do sumiço de boletins de urnas, da adulteração de atas e até mesmo o famoso escândalo da Proconsult no Rio de Janeiro. Conjugado com o voto em cédula, o sistema de apuração montado pela empresa de mesmo nome direcionava votos para o candidato do PDS, Moreira Franco, contra o trabalhista Leonel Brizola. O mecanismo da fraude era desviar votos brancos e nulos, para derrotar Brizola em 1982 ao governo do estado. A apuração paralela, contratada pelo PDT, diagnosticou a fraude e impediu que ela se consumasse. Esse terror começou a desaparecer a partir do desenvolvimento da urna eletrônica em 1996, efetivada pelo ministro Carlos Velloso, inicialmente em 57 cidades e 5 anos depois implantada com sucesso em todo o país. As inúmeras fraudes facilitadas pelo modelo de votação em cédulas e apuração manual desapareceram do cotidiano brasileiro. As que remanescem nada têm a ver com as urnas eletrônicas. São resultantes da má-fé, da desonestidade e do descompromisso com a democracia. A história mostra que em nome do poder alguns mentem, trapaceiam, escondem, fraudam, roubam e matam (Trujillo, Hitler, Mussolini, Stalin, Pinochet, Videla, Franco). Bolsonaro, até agora, faz tudo isso impunemente.

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