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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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A fuga do capitão

Basta lhe retirarem a tornozeleira e o liberarem para campanha eleitoral e "sara na hora" – disse o Valdemar

Ato contrário a Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

De jet-ski ou montado em alguma baleia-jubarte até a costa da Flórida, não, né? O deputado Lindbergh levantou a lebre da fuga possível, à embaixada americana, a dez minutos de sua casa! Fugir talvez mesmo a pé, tropeçando na tornozeleira. Todavia, não seria espetacular... Quem sabe uma fuga audaciosa! O capitão tentou por duas vezes entrar para as forças especiais dos Kids Pretos e flopou. De exímio motoqueiro em chamas, em alta velocidade pelas ruas da pacata Brasília até uma embaixada, e pronto. Ele pula o muro e joga a tornozeleira na rua.

De espírito aventureiro e de atleta, enfrentou bravamente até o vírus invisível da Covid, lutou no escuro das evidências como se fosse uma guerra. Morreram 700.000 brasileiros, mas fazer o quê? Por ora, está doente em sua casa-prisão, padecendo de crises de soluços. Haveria cura? Pode sarar? Sim, basta lhe retirarem a tornozeleira e o liberarem para campanha eleitoral e "sara na hora" – disse o Valdemar. Aliás, essa é uma debilidade de políticos da ultradireita. Têm distúrbios intestinais, choram em público, ficam patéticos, surtam com quadro psicológico de perseguição e pedem anistia antes mesmo de serem condenados.

O detido chora sua desdita e clama por direitos humanos, o fã do Ustra. E se fugisse?! Talvez disfarçado de faxineiro, de leiturista da CPFL até uma embaixada, mesmo a da Hungria, de Israel ou dos Hermanos.

Fora do país já tem o Eduardo, na contramão dos deportados de Governador Valadares. O próspero cidadão americano não perdeu o lugar nem a rica mesadinha do Congresso. O fazedor de hambúrguer frito e papos tortos com o presidente Trump no Salão Oval ainda chora de saudades do pai.

Quem ficou em saias curtas mesmo não foi o Valdemar, mas a PF. A Polícia Federal terá de vigiar fisicamente as dependências da casa e manter o detido pela tornozeleira, pois até pombo-correio voa. A PF diz que tal procedimento totalmente seguro se dará se os policiais estiverem posicionados dentro da casa, pois o detido pode se evadir num porta-malas. Querem evitar operações espalhafatosas ou incomodar os vizinhos do condomínio. Cães farejadores?

Talvez tenham de treinar algum poodle branco com o cheiro do homem, de forma discreta, pegando alguma muda na lavanderia, quem sabe? Algum detector da tornozeleira que não funcionará se a retirarem antes da fuga. Abrir os porta-malas dos vizinhos todos seria um constrangimento indesejável, pois explorado contra o STF e comentaristas partidários da ultradireita. Um incômodo e espetáculo que querem evitar.

Há outras evidências, das quais a inteligência policial pode lançar mão. Vasculhar o apartamento se tem alguma cabeleira crespa do Milei ou uma peruca loira do Trump, algum boné do Che Guevara, barbas postiças, sapatos femininos misturados a joias caras ou a vestido de veludo verde esmeralda, em seu guarda-roupa. Pode-se deixar uma bandeira americana na portaria e, se em algum carro que sair houver alguém com a mão fora, batendo continência, prendam o homem, é o fugitivo.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.