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Francisco Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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A Globo no comando de um novo golpe!

A Globo articula, mais uma vez, um movimento de desestabilização política que flerta com um novo golpe de Estado

A Globo no comando de um novo golpe! (Foto: Divulgação)

O Brasil atual é a maior democracia constitucional do mundo ocidental.

Mesmo sob permanente tensão, os dados do governo Lula revelam que, apesar do cerco político e institucional, houve avanços concretos na vida da população.

Entre 2022 e 2024, o país registrou crescimento real da renda per capita média de 4,9%. Entre os mais pobres, esse crescimento foi de 13,2%, evidenciando que a retomada econômica não se deu de forma homogênea, mas com viés redistributivo. Cerca de 9 milhões de brasileiros saíram da pobreza e mais de 13 milhões deixaram a extrema miséria. A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil, beneficiou mais de 15 milhões de pessoas, sinalizando uma inflexão mínima, porém relevante, no sistema tributário regressivo.

Na saúde, o programa “Agora Tem Especialistas” realizou 14 milhões de procedimentos em 2025, com aumento de 37% nas cirurgias eletivas. Houve ampliação de mamografias, cirurgias oftalmológicas, atendimentos em territórios indígenas e expansão da telessaúde.

O desemprego caiu para 5,4%, o menor da série histórica, depois do índice do governo Dilma de 4,6%, com quase 103 milhões de pessoas ocupadas e crescimento real da massa salarial. Programas como “Luz do Povo” e “Gás do Povo” reduziram custos básicos para milhões de famílias.

Na educação, o Pé-de-Meia atende cerca de 6 milhões de jovens, enquanto a expansão da escola de tempo integral e a criação de novas universidades federais reforçam a política de permanência escolar. No plano econômico, a “Nova Indústria Brasil” retomou a reindustrialização, com bilhões em inovação, indústria verde e transição energética.

Esses avanços ocorreram apesar de um Congresso hostil, de um Banco Central resistente e de um mercado que atua como poder político informal. 

O balanço do governo evidencia que há resultados concretos, mas também revela os limites impostos por uma correlação de forças adversa. O que está em disputa não é apenas a continuidade de políticas públicas, mas o próprio sentido da democracia brasileira nos próximos anos.

O clima político que se impõe ao Brasil exige lucidez. As eleições de 2026 não serão um pleito comum: oporão democracia versus autocracia de viés fascista. De um lado, Lula; de outro, quem vier a representar a extrema-direita. O resto é figuração, dispersão conveniente para quem aposta no esgarçamento do campo democrático.

Nesse contexto, a fragmentação das lutas sociais opera como um erro estratégico. Quando as mulheres se unirem, derrotarão o capitalismo – diz o novo “partido feminista” do Brasil. A formulação é potente, mas exige cuidado. As mulheres não deixam de existir em classes. O gênero é eixo central da discriminação, mas não substitui a luta de classes; articula-se a ela. Os negros enfrentam discriminação e opressão severa. Mulheres e negros passaram a ser maiorias na sociedade. Mas, parcelas tanto de mulheres com as de negros participam das classes dominantes e de seus prepostos.  

A força política não nasce da separação absoluta das pautas, mas de sua convergência material, qual seja: A DA CLASSE TRABALHADORA.

A extrema-direita compreendeu isso há muito tempo. Opera pela unidade artificial do ressentimento, costurando moralismo, medo e autoritarismo. Já o campo democrático frequentemente se perde em disputas internas, hierarquizando dores, concorrendo por legitimidade simbólica, fragmentando o sujeito político que poderia enfrentar o fascismo de forma eficaz.

Todas essas lutas – contra o racismo, a misoginia, a LGBTfobia, a exploração do trabalho e a destruição ambiental – são urgentes, legítimas e indispensáveis. Não se trata de relativizá-las nem de hierarquizar sofrimentos. Ao contrário: é justamente porque são lutas reais que não podem estar desancoradas da luta de classes dos trabalhadores. As opressões não existem à margem do capitalismo, elas são intrínsecas.

Perder de vista a luta de classes significa perder o fio que conecta essas violências à estrutura que as produz e reproduz. Quando as lutas se isolam, tornam-se administráveis; quando se fragmentam, se enfraquecem, convertem-se em erro estratégico. O enfrentamento à extrema-direita fascista exige unidade e não divisão, e essa unidade só pode ser construída a partir de um horizonte comum de transformação social.

O capitalismo predatório não será convertido em um capitalismo de bem-estar por boa vontade moral ou discursos progressistas, mudanças reais só ocorrem por correlação de forças organizada, coletiva e consciente.

A unidade da classe trabalhadora não significa apagamento das diferenças, mas reconhecimento de um inimigo comum. O fascismo não se combate com identidades isoladas, mas com um bloco histórico capaz de disputar o poder real. Divididos, somos administráveis; unidos, tornamo-nos perigosos.

É essa unidade – social, política e programática – que está em jogo. Sem ela, a democracia constitucional brasileira continuará sobre uma corda bamba, sem rede de proteção.

É nesse ambiente de tensão permanente que as disputas deixam de operar apenas no plano institucional visível e passam a se reorganizar no campo político-discursivo. À medida que a corrida presidencial se antecipa, intensificam-se articulações destinadas a produzir instabilidade, deslocar o conflito para o terreno moral e fragilizar referências centrais do campo democrático. 

Na esteira dos novos ataques, a mídia corporativa ocupa um papel importante, moldando ideologicamente a opinião pública e mobilizando os afetos.

Os acontecimentos recentes, reiterados nas manchetes e nas colunas da mídia golpista, evidenciam não um esforço informativo, mas o uso político da comunicação como instrumento ativo na estratégia de desestabilização em curso.

A Globo articula, mais uma vez, um movimento de desestabilização política que flerta com um novo golpe de Estado. Se não houver denúncia pública e resistência imediata por parte de todos os democratas, corre-se o sério risco de aprofundar um novo ciclo de retrocesso democrático no país. 

As colunistas como Malu Gaspar, Júlia Duailib, Miriam Leitão e Sandenberg operam hoje como verdadeiras cabeças de ponte desta ofensiva. O alvo prioritário é o ministro Alexandre de Moraes, uma vez atingindo, o próximo será o Lula. 

Malu Gaspar foi explícita ao publicar coluna atribuindo a Alexandre de Moraes práticas de lobby em favor do Banco Master, sem apresentar provas documentais ou fatos verificáveis.

Atingir Moraes significa enfraquecer um dos principais símbolos institucionais do enfrentamento ao bolsonarismo golpista e da contenção da ruptura democrática. O que não significa em hipótese alguma que não erre e que não seja criticável, mas golpeado, não

Um Supremo fragilizado cria o ambiente necessário para o passo seguinte, que é o ataque direto ao governo Lula.

Malu Gaspar, amiga do Sérgio Moro e outrora defensora da Lava Jato, tem que mostrar provas e informar quem são as fontes, não pode ficar escondida por fontes que o público não sabe nem se são verdadeiras e nem se têm credibilidade.

É preciso reafirmar um princípio elementar: as acusações exigem provas. Fontes não são provas, são apenas fornecedoras de informações, que precisam ser verificadas, confrontadas e demonstradas. Caso contrário a imprensa se torna um poder inquestionável.

A história recente do país – e experiências pessoais – mostram como o jornalismo de insinuação e calunioso pode produzir danos irreparáveis. 

Fui acusado, por exemplo, de assédio sexual na coluna assinada por Dora Kramer no antigo Jornal do Brasil. A acusação foi publicamente desmentida por mim e pela suposta vítima, mas jamais houve correção. Acionei a Justiça e venci o processo por danos morais. O episódio deu origem ao livro Sequestro Moral – E o PT com isso?, no qual relato o contexto político da acusação: à época, eu coordenava um processo de informatização, modernização e moralização da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o qual revelou mais de 400 funcionários fantasmas. Ao mexer em um esquema antigo e protegido, foi como mexer em um vespeiro, armaram uma denúncia falsa para neutralizar-me politicamente. Nem mesmo o devido respaldo partidário foi garantido, o que me levou, junto a outros assessores, a pedir exoneração e buscar justiça, conseguida no Judiciário.

Esse método – transformar insinuação em sentença e suspeita em manchete – não é novo. Malu Gaspar, Júlia Duailib e Miriam Leitão reaparecem, mais uma vez, como operadoras centrais da Globo em uma articulação de viés golpista, agora dirigida contra o Supremo Tribunal Federal e, por extensão, contra o governo eleito.

A coerência histórica desse comportamento é conhecida. A Globo apoiou a ditadura militar, silenciou o quanto pode diante das Diretas Já e décadas depois teve papel central na construção do ambiente político que levou ao impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. 

Nos anos seguintes, contribuiu decisivamente para a espetacularização seletiva da Lava Jato, convertendo operações judiciais em narrativas morais e organizando o espaço público em torno de inimigos políticos bem definidos: a esquerda e a democracia.

Se a realidade ficar nublada e difícil de entender, siga o velho Brizola, onde a Globo estiver, fique do outro lado.

O que se vê agora é a reedição desse mesmo roteiro. Não se trata de jornalismo investigativo, mas de intervenção política travestida de opinião inventiva. Ao atuar dessa forma, a mídia corporativa não apenas informa; ela molda conflitos, seleciona alvos e interfere diretamente nas dinâmicas do poder.

No próximo ano, tendo em vista as disputas que já surgem no horizonte, é necessário unificar as forças democráticas, traçando passos estratégicos, realizando autocríticas e combatendo diretamente o fascismo que tenta, a todo custo, destruir nossas bases democráticas. Tendo como porta-estandarte o PIG (Partido da Imprensa Golpista).

Malu golpista você não exige nada, pois não tem moral e imparcialidade para tal.

Sua pena é de aluguel. 

Alerta máxima à militância democrática.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.