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Michel Zaidan

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A grande ilusão

Amar, apaixonar-se, desejar o outro, depois dessa epifania da vida cotidiana é o grande desafio para a vida amorosa

(Foto: Pixabay)
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Disse o psicanalista Jacques  Lacan que o amor é uma fricção  entre dois  corpos, mediado por uma fantasia. E que nós  amamos uma projeção de nós  mesmos no outro, que necessariamente não corresponde à realidade  do outro. De toda maneira, é muito difícil amar, se apaixonar por alguém sem uma fantasia. Faz  parte da vida amorosa  e emocional - sobretudo no começo de uma relação-  se  apegar a uma idealização  do objeto do desejo ou do amor. 

Há sempre um atrativo, um aspecto, uma qualidade que chama   atenção e propicia a aproximação entre duas pessoas. A depender do gosto, pode ser o dote físico ou estético, a capacidade intelectual, o caráter terno e gentil ou mesmo a fortuna, os bens materiais. Esse elemento impulsiona, move, torna possível a paixão. Ocorre que nenhuma fantasia  é igual à realidade, senão não seria fantasia. O tempo se encarrega de esmaecer, borrar a fantasia original e tornar a companhia mais real e verdadeira. 

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Aqui, ao contrário  da tese que diz ser o tempo o meio de poetizar a existência nos mais velhos, o tempo se encarrega de retirar a fantasia  e impor a dura realidade- a dor, o sofrimento, o desamor, a doença, a decadência física  e mental é até as posses materiais. Amar, apaixonar-se, desejar o outro, depois dessa epifania da vida cotidiana é o grande desafio para a vida amorosa. 

Amar o jovem, belo, rico, inteligente, saudável e afortunado  é mais fácil do que se apegar ao velho, doente, pobre e desconhecido. Parece haver uma atração natural pelos mais bem sucedidos  e saudáveis. Poucos ou ninguém  amam os perdedores, esquecidos e despossuídos. Essa condição  afasta as pessoas.  

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Elas querem  o reflexo do sucesso e da sorte, não o anátema da senectude e decadência. É o mal da nossa civilização  performática e excitada uma corrida incansável para o pódio, estar ao lado dos vencedores, ser como eles, compartilhar sua glória. Lógica de difícil reversão essa. Sociedade da aparência, do simulacro, onde o que menos importa é a relação de alteridade.

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