A Grande Sacrílega Famiglia

Esse conluio partidário no Congresso para proteger os envolvidos na morte de Marielle Franco é um comportamento clássico da máfia. Os filmes de Francis Ford Coppola ilustram isso. 

Lembram-se nas cenas do julgamento no Sanado americano do "capo" da máfia americana, Michael Corleone, em que todos os graúdos (políticos importantes inclusive)

ligados, direta ou indiretamente, à "famiglia", estão unidos para mentir em defesa da organização criminosa? 

Lembram-se quando Frank Pentangeli, principal testemunha da acusação dos crimes de Corleone, desmente descaradamente todo o seu depoimento dado ao FBI, quando vê seu irmão vindo da Sicília entrar no tribunal ao lado de Al Pacino "Corleone"? 

É exatamente isso que vimos acontecer ontem, tendo como palco não o Senado de "O poderoso chefão", mas o plenário da Câmara Federal. 

No julgamento de Michael Corleone, o ex-comparsa Frank Pentangeli é a "bucha de canhão". Na votação do nosso Congresso, a brasa que queima é a "bucha do brasão". 

Em vez do conluio dos mafiosos de Coppola, são os deputados brasileiros, que, de forma ou outra, têm as digitais impressas nos negócios criminosos da grande "famiglia". 

Como o gado que vai para o matadouro, Pentangeli seguirá em silêncio para o sacrifício, afogando-se numa banheira de sangue, com os punhos cortados. Assim o longo processo e o risco de que o ex-aliado mafioso venha a falar morrem com ele, e seus familiares, em vez de serem executados, serão protegidos pela organização criminosa. É o "código de honra", o principio de "l'ormetà", em que quem trai a máfia/milícia é o "rato" - chumbinho nele!

Os tentáculos da "famiglia" miliciana brasileira parecem ser amplos, gerais e irrestritos. 

É com a força de tamanho comprometimento que a "Primeira Sacrílega Família" brasileira pretende se safar desse crime, o assassinato de Marielle e Anderson.