A greve dos caminhoneiros e a morte de animais
Fica evidente que o grande culpado desta matança é o governo que ignora o seu povo, que não se planeja e subestima as mobilizações, gerando um estado de barbárie. E num estado de luta pela sobrevivência culpar a vítima, o caminhoneiro, não é o mais prudente
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Considerando a informação da associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) que alerta a possibilidade 1 bilhão de aves e 20 milhões suínos de morrerem nos próximos dias devido à falta de ração no campo. Além disso, segundo a associação caminhões com carga viva não são autorizados a transitar. Mas alerta que a situação mais grave está no trânsito de ração, que está sendo impedido.
Valem ressaltar o grande problema que o país está atravessando, desde que a Petrobras mudou os critérios de venda de combustíveis em julho do ano passado, onde os preços são reajustados quase que diariamente pela estatal, acompanhando a situação do câmbio e do preço do petróleo no mercado internacional, e sem qualquer interferência direta do governo federal.
Diante da iminente mortandade de animais e do risco de canibalização, além de reflexos sociais, ambientais e econômicos. Tem-se imputado aos caminhoneiros o dolo deste desastre, entretanto é importante refletirmos sobre os fatos.
Precisamos salientar que esta greve estava planejada há muito tempo, como ultima tentativa a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) protocolou no dia 14 de maio, ofício junto à Presidência da República em que exigia a adoção de medidas para reduzir a incidência de impostos sobre os preços dos combustíveis, sobretudo o óleo diesel. E deu prazo até o dia 20 para que se abrisse negociação sobre o assunto, com a indicação de uma paralisação em nível nacional caso isso não acontecesse, o que foi ignorado pelo governo. O que determinou o movimento paredista.
Devemos entender que a cadeia da produção de aves e suíno é quase toda integrada e estavam cientes deste problema, principalmente os frigoríficos. E colocar o dolo da morte destes animais na conta dos caminhoneiros é totalmente desumano, tal qual a matança destes animais.
É evidente que a politica irresponsável deste governo levou o país a um estado de barbárie, onde a mortalidade infantil e o número de miseráveis de aumentam. E agora ao ignorar uma pauta justa dos caminhoneiros, os quais desesperados, com a fome assolando a porta de suas casas, resolveram paralisar suas atividades.
O abate humanitário deveria ser uma garantia dos animais, mas depois da intensificação da produção animal, as pessoas perderam parte da sensibilidade e conhecimento prático em relação aos animais. É importante em momento extremo, como este, resgatar a sensibilidade das pessoas, enfatizando a importância de evitar o sofrimento desnecessário.
Há décadas já existe lei que sustenta a obrigatoriedade de atenção ao bem-estar animal, com o decorrer dos anos, foram surgindo novas legislações para assegurar, entre outras finalidades, o cumprimento das normas de abate e bem-estar animal, na produção e no manejo pré-abate, como o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitário dos Produtos Origem Animal.
Entre tantas recomendações gostaria de abordar a necessidade de que os animais não sofram durante o período de pré-abate, os quais devem ser transportados em veículos em bom estado de conservação. Isso se faz necessário para que os animais não se machuquem no transporte e para que o caminhão não se danifique no trajeto ficando parado e colocando os animais durante muito tempo expostos a condições inapropriadas, tais como altas ou baixas temperaturas, fome e sede.
Considerando os preços abusivos dos combustíveis e condição claudicante da economia, onde os caminhoneiros mal estão conseguindo comer seria muita inocência acreditar que a manutenção dos caminhões está acontecendo a contento.
Deste modo, fica evidente que o grande culpado desta matança é o governo que ignora o seu povo, que não se planeja e subestima as mobilizações, gerando um estado de barbárie. E num estado de luta pela sobrevivência culpar a vítima, o caminhoneiro, não é o mais prudente.
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