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Teju Franco

Músico e compositor

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A guerra da comunicação: quando vamos parar de reclamar e travá-la de fato? Sim, porque não entramos nessa guerra

Precisamos de estratégias de reação sem riscos de cair em armadilhas e parar de fazer justamente o que eles querem, que aceitemos suas provocações

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Precisamos de estratégias de reação sem riscos de cair em armadilhas e parar de fazer justamente o que eles querem, que aceitemos suas provocações. 

A reação deve se dar justamente na parte que os governos progressistas negligenciaram: "a cultura". A guerra se dará no campo da semiótica, da linguística, das narrativas, da música, da literatura, do cinema, da arte. Povo na rua?

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— Sim, mas de outra maneira.

Não vai ter máquina parada — acho que isso já está claro —, não vai ter guerra civil, não vai ter Chile, pois se tiver é tudo o que eles querem, já que estão com a chave que fecha na mão do ditador, a polícia, a milícia, as Forças Armadas, um exército virtual, as igrejas, grande parte do judiciário e das mídias... As instituições estão acovardadas ou aparelhadas, Bolsonaro nunca esteve tão perto da sua ditadura tão sonhada, mas a passividade dos brasileiros está atrapalhando seus planos, não produz a reação que eles querem, a nossa "bunda-molice", que está nos salvando neste momento, é um obstáculo estratégico aos planos deles. Cadê a tão sonhada convulsão social cantada em prosa e verso pelo Guedes, pelo Mourão, pela família Zero, cadê? 

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Zero um, Zero dois, Zero três, Zero quatro, todos chefiados pelo Zero zero. Que família!!!! Esta gente está nos vencendo com a guerra da comunicação.

Dentro desse quadro caótico, em que dia a dia eles aparelham mais e mais as instituições e a justiça, nem eleições idôneas temos a certeza de que teremos — vide o TSE liberando a criação do partido fascista com assinaturas de robôs. O que podemos esperar de uma eleição se Bolsonaro cumprir o mandato até o fim, nomeando mais dois ministros no Supremo para fortalecer o quarteto Barroso, Fux, Fachin & Carmen?

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Vamos cair na real; o que temos de concreto? Os péssimos resultados econômicos e sociais das políticas deles e uma guerra de narrativas, uma guerra no campo de batalha da semiótica e da linguística, uma guerra de comunicação, guerra que, aliás, eles andam vencendo de braçadas, reforçados pela falta absoluta de ética e o uso desonesto mas inteligente da tecnologia e do ódio que a mídia oficial insuflou todos esses anos. Com toda a limitação intelectual que lhes é própria, eles têm vencido a guerra da comunicação, é o tal do burro, mas esperto; e espertos é uma coisa que teremos que ser para vencer essa guerra. E, detalhe importante, daqui para frente teremos Lula, o grande mestre da comunicação, ao nosso lado, mas como usar isso de maneira inteligente e eficaz?

Precisamos de estratégias de reação sem riscos de cair em armadilhas e parar de fazer o que eles querem. Não é povo na rua "atrapalhando o tráfego", sem máquina parada em fábrica, os mesmos vermelhos de sempre cantando palavras de ordem, dançando ciranda e apanhando da polícia, sujeitos a quebra-quebra de infiltrados, criando a tal convulsão social que eles tanto esperam e provocam sistematicamente em todos os cantos do país. Não é isso! Não precisamos disso, isso não muda nada, só abre as brechas para eles caírem matando e fecharem tudo; isso também não fura a bolha da esquerda que, se você parar para pensar, é tudo de que precisamos para virar esse jogo: furar a bolha, trazer o povo, a classe média.

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Ouço muita gente falando em povo nas ruas, povo nas ruas, eu concordo ipsis litteris, mas, quanto à forma e ao lugar, eu discordo da maioria. Temos que ser muito astutos, muito!, não é momento para delírios heroicos, ereções ideológicas quanto a classe trabalhadora em grande número precarizada, interpretações com velhas cartilhas etc. Os tempos são outros, dinheiro é tecnologia de vários tipos de guerra, e tecnologia vence multidões, vence guerras, da bélica à hibrida — temos que saber como jogar, reagir.

Por que temos perdido de lavada a guerra das comunicações? Porque não entramos nela com estratégia, investimento, tecnologia; a esquerda não entrou, não parou para avaliar, não põe a mão no bolso, não compreende de fato que tem que mudar a estratégia de comunicação porque o mundo mudou. Nem com essa eleição bizarra, caiu a ficha de fato, não conseguimos sair da constatação para a ação. Nem Lula, o rei da comunicação, sacou. Lula é um homem de palanque, mas ele não vai vencer essa guerra no palanque, ou Lula é um homem de palanque e ele pode vencer essa guerra no palanque? A questão é compreender quais e onde estão esses novos palanques da era tecnológica. 

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Precisamos saber usar as redes sociais — todas bem administradas com planos massivos de mídia —contratar gente, não robôs propagadores de fake news (coisa com que a esquerda sempre justifica suas últimas derrotas sem mudar hábitos); não devemos nos utilizar de um exército de robôs, mas de pessoas formadoras de opinião, militantes virtuais — tem tantos que se dedicam a isso gratuitamente, isso demanda tempo da pessoa, trabalho, estudo, dinheiro, por que não criar vários bancos de dados e informações de rápido acesso, profissionalizar essa gente? Em vez de reclamar de eleição perdida para robôs de fake news, por que não contratar um exército de pessoas de carne e osso, pessoas críticas, democráticas, didáticas e militantes para travar a guerra da ideologia? A esquerda reclama do exército de robôs do mal, mas não cria seu exército de seres humanos do bem.Isso é um palanque, outro palanque são as lives; Lula tem que andar pelos palanques geográficos de toda parte do país, mas tem que falar todo dia nas redes, tem que virar youtuber, tem que falar em quadros, adaptar a retórica do seu discurso aos tempos da rede.

O "palanque da cultura"

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O mais importante, o fura-bolha. Se tem uma guerra que não foi travada durante os governos progressistas foi a da cultura. Lula precisou amargar o cárcere para entender profundamente a importância dessa guerra. Ótimo, entendeu, mas agora o que fazer a partir disso?

Em primeiro lugar, a esquerda tem que sair dos anos 60, parar de cantar a entediante Caminhando... e a maravilhosa Apesar de você e pôr o pé no novo tempo, conhecer seus artistas, suas diversas formas de expressão, os emicidas, o funk, a MPB que se conecta com este momento, o cinema, o teatro, os youtubers... Precisamos de cultura com estratégia de mídia. Toda reunião cultural de esquerda parece uma festa démodé dos anos 60 e 70! É uma esquerda que vai tomar pau mesmo nas redes, vai perder eleição pra robôs; parafraseando um dos meus ídolos — por sinal, remanescente dos anos 60 —, vocês não estão entendendo nada!

Vou fechar resumindo a ópera de maneira bem simples e direta, "lacradora": precisamos subir nos palanques virtuais de fato, com um exército de gente pensante e não de robôs, e, sim, subir também nos palanques das ruas, mas não de manifestações tradicionais, essas que fecham ruas e andam pela cidade, que nunca furam a bolha, que atraem infiltrados e a polícia, que não rompem ninguém além da militância, movimentos sociais, partidos de esquerda, meia dúzia de sindicatos em cada lugar, e que, nesse momento, criam um tipo de atmosfera que é a que eles querem, a tal convulsão social.

Pra que isso? A resposta é: pra nada. Os mesmos de sempre cantando palavras de ordem, dançando ciranda e atrapalhando o tráfego sem parar máquina não incomodam ninguém, só fornecem argumento repressivo.

A resposta do palanque real será dada pela arte aliada à política. O Festival Lula Livre é a resposta; como aquela maravilha que vimos no Recife. Já que não teremos sindicatos, greves, façamos showmícios como o Lula Livre, shows legais, antenados, com artistas que atraem público, público fora da bolha da esquerda. E entre uma Ivete, um BaianaSystem, um Mano Brown, um Chico, um artista novo, Lula fala para um plateia parada que não está atrapalhando o trânsito nem quebrando nada, todos reunidos em livre e sagrada manifestação da democracia, uma coisa pop como foi o Festival Lula Livre. As pessoas vão aonde tem show de graça, sempre foram. Lula rompe a bolha da esquerda e chega ao povo e à classe média, todos nós rompemos, escapamos das armadilhas convulsionistas, e, para todos os efeitos, não estamos convulsionando nada, estamos dando nosso recado e fazendo arte, e isso não põe em risco a segurança nacional, mas trava a guerra da comunicação, fura a bolha, leva outro ponto de vista. A esquerda tem que sair dos anos 60 antes que seja tarde.

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