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Mateus Mendes

Bacharel em Geografia pela UFF e mestrando em Ciência Política – Política Mundial pela UniRio, professor da rede municipal de Duque de Caxias e diretor do Sepe-Duque de Caxias

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A hipocrisia da burguesia brasileira

Os portais anunciam que o Burger King vai doar parte de sua receita líquida ao SUS. O nome disso é hipocrisia

A hipocrisia da burguesia brasileira

Esse texto contou com a gravura de Nando Motta

Os portais anunciam que o Burger King vai doar parte de sua receita líquida ao SUS.

O nome disso é hipocrisia.

Os liberais nunca aceitaram o SUS e nada que sugerisse, de longe, Estado de bem-estar social. Por isso trataram de inviabilizar a saúde pública e outros direitos sociais previstos na Constituição de 1988.

Mas eles não estavam satisfeitos com fazer da Constituição uma boca banguela. Precisavam desmontá-la.

Por isso deram o golpe. Por isso embarcaram no bolsonarismo, essa combinação de fascismo com ultraliberalismo.

Jorge Paulo Lemann, dono do BK, foi um dos entusiastas do golpe e de toda tragédia que o sucede, como a PEC do Fim do Mundo (bem que a gente avisou) e a contrarreforma trabalhista. Pois bem. Retiraram dinheiro da saúde pública; jogaram milhões de trabalhadores na informalidade, no trabalho precário e desassistido, para agora posarem de bem feitores.

Ou seja, é o vício rendendo homenagem à virtude. É hipocrisia em alta concentração. 

Claro que o dinheiro será bem-vindo. De fato, o tamanho da encrenca causada pela proliferação do coronavírus tem levado à exaustão sistemas de saúde mundo afora.

Mas a dimensão da crise não vai calar nossa crítica. O neoliberalismo torna o problema muito mais grave. 

Por conta no neoliberalismo, temos um SUS que não é nem um décimo do sistema idealizado.

Por conta do neoliberalismo, parte da população não tem condições de manter a higiene necessária para dar sua contribuição na luta contra a proliferação. 

Por conta do neoliberalismo, que empurrou milhões para a informalidade e gerou a ilusão do "empreendedor patrão de si mesmo", muitos trabalhadores serão prejudicados devido às orientações de quarentena e isolamento.

Por conta do golpe e do neoliberalismo, milhões voltaram às ruas. 

Por conta do egoísmo neoliberal, milhões acreditam que soluções individuais poderão debelar a crise humanitária. Pior: por conta do egoísmo neoliberal, milhões pensam que podem ser salvos mesmo que seus empregados adoeçam.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.