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Davis Sena Filho

Davis Sena Filho é editor do blog Palavra Livre

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A história da história do Brasil que não quiseram te contar II — Bolsonaro, juízes, generais e golpe

Somente uma sociedade profundamente doente, como a brasileira, elevaria um homem a um cargo tão importante como o é o de presidente da República, a evidenciar que tal sociedade está fadada ao fracasso, porque elegeu um homem que apoia a tortura, elogia os torturadores, odeia as minorias, defende as milícias e se mostra machista, racista e ideologicamente preconceituoso

(Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Você aí, os que votaram e não votaram em Jair Bolsonaro, o “militar” que não é militar e o “político” que não é político, mas que possui, a despeito dos seus 65 anos, a cabeça de um jovem imaturo e agressivo, com reações emocionais ensandecidas quando se sente desobedecido e frustrado ou discorda de qualquer coisa sobre múltiplos assuntos, a exemplo da vacina chinesa ou das questões femininas ou homoafetivas tão caras à sua pessoa de caráter e personalidade complexos e, indubitavelmente, antissociais.

Poder-se-ia dizer que o ex-capitão tem transtorno de personalidade, em sociopatias que estão gravadas e registradas nos inúmeros meios de comunicação e nos anais da Câmara dos Deputados. Somente uma sociedade profundamente doente, como a brasileira, elevaria um homem a um cargo tão importante como o é o de presidente da República, a evidenciar que tal sociedade está fadada ao fracasso, porque elegeu um homem que apoia a tortura, elogia os torturadores, odeia as minorias, defende as milícias e se mostra machista, racista e ideologicamente preconceituoso, em um fanatismo que está a levar o Brasil a ser um pária na comunidade internacional, porque literalmente isolado.

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O tenente de extrema direita que parou no tempo e no século XX, porque preso a dogmas e doutrinas ultrapassadas, que ele mesmo não domina intelectualmente. O militar obsessivo por resolver sua vida financeira e patrimonial e com posto de primeiro tenente, pois a patente de capitão foi-lhe concedida após seu conflituoso afastamento do Exército, que hoje o apoia em todas suas sandices e ignorâncias por intermédio de generais despreparados para administrar as demandas do País e totalmente sem condições para dialogar com a sociedade civil e os políticos por ela eleitos.

Bolsonaro, portanto, coloca em xeque o desenvolvimento social e econômico e faz com que o povo brasileiro fique refém de sua própria resiliência e resistência, porque as ações do governo extremista à direita são sistematicamente contra os interesses da economia brasileira, do bem-estar da população e da soberania deste País, porque submetido o Estado nacional ao desmonte criminoso capitaneado pelo ministro ultraliberal da Economia, Paulo Guedes, com a aquiescência, evidentemente, do ex-tenente Bolsonaro, um homem pleno de ignorâncias, preconceitos e capaz de tudo para não atender simples demandas, a exemplo dos programas de inclusão social ou aprovar a compra de vacinas chinesas, que estão praticamente prontas para serem aplicadas na população.

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O ignorante que vê comunismo em tudo, que se mete a cooperar ideologicamente com os EUA do maluco Donald Trump contra os países irmãos, pois vizinhos latinos, históricos e geográficos, cujos povos convivem em paz e se ajudam mutuamente, a enfraquecer de morte o Mercosul, a Unasul, a economia da América do Sul, e a transformar o Brasil em um País não confiável no alto escalão de Brics, G-20 e até mesmo da ONU, pois o Brasil está isolado e nenhuma autoridade internacional, que seja minimamente civilizada, quer se reportar a um presidente de modos e pensamentos fascistas, que elogia, por exemplo, torturadores, além de compreender que Bolsonaro é chefe de um governo de extrema direita, dominado por generais e lacaio dos EUA de Donald Trump, um político bárbaro e odiado pelo mundo civilizado e grande parte da povo norte-americano.

Nada mais retrógrado, atrasado e vergonhoso do que o Brasil voltar à época em que os generais se tornaram os agentes principais da política e da administração pública. Quando você vê generais nas manchetes de jornais a decidir até sobre vacinas e outros inúmeros assuntos que não dominam é porque algo está muito errado em determinado país ou nação, neste caso o Brasil.

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Não há como dar certo também, como já registrou incontáveis vezes a história da humanidade, quando os juízes e procuradores resolvem fazer intervenções nas políticas públicas e a interditar monocraticamente o processo eleitoral como ocorreu, criminosamente, na prisão injusta e injustificada de Lula e na deposição digna de republiqueta das bananas, no caso de Dilma Rousseff. A Justiça e o MPF do Brasil são a instituição e a corporação que causam muita desconfiança na população, porque juízes e procuradores se recusam a serem justos, imparciais, isentos, além de impedir que a justiça seja democratizada.

A Justiça e o MPF brasileiros são as vergonhas, os vexames e as desgraças do Brasil — e do povo brasileiro. Manter a população sem acesso à Justiça é sinal de que os juízes e procuradores querem também sua submissão e escravidão. São exatamente estas covardias e perversidades que acontecem no Brasil, de forma deliberada, para garantir eternamente o status quo das “elites” donas da casa grande, além de manter a reserva de mercado dos melhores empregos da iniciativa privada e do setor público às classes médias tradicional e alta

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Esse tipo de gente, que se considera branca e com acesso a Deus depois de morrer, odiou ver a empregada doméstica assinar a carteira de trabalho e os trabalhadores, em geral, consumir em shopping, comprar carro, produtos da linha branca, celulares, passagens aéreas e entrar na universidade pública, dentre muitos outros acessos e benefícios, a exemplo do Bolsa Família, premiado no mundo e efetivado inclusive em países ricos.

Esse processo de divisão de renda e riqueza, acontecido no período do PT, no que é relativo ao consumo, à compra de bens duráveis e à educação, foi demais para as pequenas e grandes burguesias, assim como o ódio e o preconceito arrombaram as portas da intolerância e foram às ruas, de maneira preconceituosa e violenta, como ficou comprovado também que essa burguesia ignorante e xucra está totalmente atenta e disposta a ser protagonista da luta de classe, que existe, existiu e sempre existirá no Brasil e no mundo. A verdade é que os mais de 300 anos de escravidão estão impregnados na alma, na política e na cultura brasileiras. Ponto.

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Sem justiça não há paz!

Retornemos ao Bolsonaro, que na realidade simboliza o que sentem e sentiram as pequenas e grandes burguesias deste País, conforme a narrativa dos parágrafos anteriores deste artigo. O político fascista, junto com os generais, é a representação de um Brasil colonialista e, com efeito, governamentalmente disposto a retomar uma hegemonia que na verdade jamais perderam para o PT, que não é um partido revolucionário, mas sim reformista.

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A verdade é que foram poucas as reformas acontecidas no período petista, pois o PT ficou preso a conchavos, que são acordos firmados com a alta burguesia para que se pudesse dar sequência ao processo democrático, que se iniciou com o fim da ditadura militar, em 1985, e, consequentemente, consolidá-lo por meio da Constituinte iniciada, em 1987, e concluída com a promulgação da Constituição em 1988. Bolsonaro ao chegar à Presidência é filho dessa história, porque ele representa, fidedignamente, o rompimento da burguesia com a Constituição e, por sua vez, com a democracia e o Estado Democrático de Direito.

Quando a burguesia e a pequena burguesia rasgam o contrato social que é a Constituição, evidentemente que seus representantes, que são os políticos de direita, os generais, juízes, delegados da PF, agronegócios, banqueiros e empresários, ou seja, os grupos de pessoas que detêm o verdadeiro poder entraram com tudo para dar fim ao um ciclo de governamental e administrativo liderado pela esquerda.

A esquerda que bateu recordes sobre recordes em números e índices econômicos positivos, no que tange às conquistas sociais e financeiras, com empresários a ganhar muito dinheiro por causa desses mesmos números e índices, mas que resolveram derrubar a presidente Dilma e, posteriormente, juntar-se àqueles que prenderam o Lula, porque a intenção era não permitir que o líder de esquerda vencesse as eleições de 2018 e, por seu turno, retomasse o poder para novamente implementar ações de distribuição de renda e riqueza, realidade esta que a direita odeia e combate com todas suas forças, pois concentradora dessa mesma renda e riqueza.   

A verdade é que está cada vez mais nítido e visível que o presidente empossado após um golpe de estado contra Dilma Rousseff e beneficiado com a prisão surreal e injusta de Lula, por causa da militância política do juiz de direita, Sérgio Moro, ex-líder do bando da Lava Jato, Bolsonaro evidencia sua fragilidade psicológica, que apesar de ser bastante conhecida em âmbito menor quando deputado federal do baixo clero, ele está a se mostrar cada vez mais perigoso e prejudicial aos interesses da Nação.

O ex-militar, um homem frustrado, age como brutal inimigo interno, que precisa ser denunciado internacionalmente e combatido duramente para que não vença as próximas eleições presidenciais, porque o Brasil se encontra entre a cruz e a espada, com todos seus índices sociais, econômicos, sanitários e ambientais negativos, além do aumento exponencial da violência, principalmente contra os pobres, negros, índios e mulheres.

Vivencia-se neste País uma crise sanitária sem precedentes, causada pelo fanatismo ideológico de Jair Bolsonaro e seus assessores e ministros mais próximos, além de seus três filhos, que são completamente ignorantes, equivocados e alienados, quando resolvem tratar de questões complexas da sociedade e do País, sem ter conhecimento para isso. Enfim, lástima e fracasso retumbantes.

A crise da pandemia do Novo Coronavírus prova e comprova que Jair Bolsonaro saiu da curva do bom senso e da ponderação e expandiu sua intolerância, ignorância e incompetência pelo País como se fosse rastilho de pólvora a explodir dinamites em todo e qualquer parâmetro no que concerne à responsabilidade, que deveria ter como presidente da República.

Pelo contrário, trata-se de um mandatário e cidadão brasileiro desprovido de empatia pela cidadania e, consequentemente, sempre disposto a desrespeitar as pessoas, a sociedade, as instituições e órgãos em todos seus atos e ações. Não importa a Bolsonaro se os técnicos e profissionais desses setores possuem, comprovadamente, competências reconhecidas para tratar de assuntos complexos como a Covid-19, bem como inerentes à condição de serem os responsáveis pelo conhecimento em forma de estudos e experimentos. É o fim da picada.

Bolsonaro tem vocação para genocida e não tem o menor pudor para demonstrar suas intenções de um Nero doidivana, que desde cedo é vocacionado ao litígio, à contenda e à falta de paz. Aposta sempre e, desmedidamente, no embate permanente, porque tudo o que é racional e ponderado ele despreza, pois sem disposição para o conhecimento e o diálogo, pois averso à civilização e a qualquer marco civilizatório que desenvolva o País e, principalmente, propicie a distribuição de riqueza e renda nesta terra cujas “elites” herdeiras da escravidão sempre se recusaram a pensar o Brasil, como muitas vezes falei em meus artigos.

Bolsonaro e os generais oportunistas, que centenariamente expõem o Exército a humilhações e ódios, porque insistem, inadvertidamente, em se meter com a política partidária e ideológica, apoiar situações calamitosas e infames, no decorrer da triste e lamentável história deste País injusto e desigual. Eles são, sem dúvida, a mais perfeita representação de desprezo, egoísmo, preconceito, sordidez, irracionalidade e violência, que possa haver neste País azarado e que não consegue superar sua centenária condição de republiqueta de terceiro mundo, pois em país sério é quase impossível acontecer golpes bananeiros, a ter o Supremo Com Tudo de cada país desenvolvido como garantidor de inenarrável bandidagem. Impossível, cara pálidas!

Neste conjunto diabólico também cabe como destaque a corrupção, que no Brasil é endêmica. Porém, cedo ou tarde, irá aparecer e a Justiça, juntamente com o MPF e a PF, terá de um dia colocar as barbas de molho, pois terá também de dar, obrigatoriamente, satisfação à nação brasileira pelas roubalheiras, como rachadinhas, cartões corporativos exorbitados, crimes ambientais e sanitários, sabotagem às estatais para vendê-las aos estrangeiros, bem como responder por ações ilegais que beneficiaram os bancos e prejudicaram o conjunto da população deste País.

Além disso, o golpe de estado de 2016 terá de ser investigado, a colocar no front dessas investigações os próprios MPF, PF e juízes do Supremo Com Tudo (SCT), o maior responsável pelo golpe e a prisão covarde e injustificável de Lula, porque o SCT foi o garantidor do golpe bananeiro de terceiro mundo, assim como é considerado a vergonha, o vexame e a desgraça do Brasil.

Por sua vez, torna-se necessário e imperativo investigar severamente o desmonte do Estado nacional perpetrado por agentes públicos, a exemplo de Bolsonaro e seus generais, que de tão inconsequentes e irresponsáveis fazem vista grossa para a entrega criminosa de estatais estratégicas para a soberania do País.

A verdade é que o MPF cruza os braços covardemente e irresponsavelmente, pois seus procuradores estão apenas comprometidos com o golpe de estado de 2016, que terminou com a lamentável deposição da primeira mulher presidente do Brasil, a fazer o País retroceder aos tempos da Velha República, pois se iniciou a retirada de direitos civis, o desmonte do Estado e a entrega de estatais da importância da Petrobras.

Trata-se, sem sombra de dúvidas, de um governo de extrema direita de verve ultraliberal e capitaneado por um mandatário celerado apoiado por generais sem representação popular e historicamente distantes dos interesses da população, porque divorciados de suas próprias tropas que tem origem popular, bem como determinados ideologicamente a proteger e defender o patrimônio privado da burguesia e os interesses do grande capital em prejuízo dos interesses do Brasil, que luta para ser independente, democrático e soberano.

O Brasil possui uma elite militar indelevelmente ideológica, que se recusa a sair da Guerra Fria propositalmente, porque se sair terá de mudar o currículo de suas escolas, desde as secundárias até as de nível superior, que até hoje se baseiam na Lei de Segurança Nacional e ridiculamente no combate ao comunismo. Este é o discurso degenerado e vetusto dos coronéis e generais da reserva e da ativa, pois reacionários confessos e que odeiam a democracia.

Comportam-se, os militares superiores, como uma casta à parte da sociedade brasileira, e se sentem confortáveis quando tem a oportunidade de se comunicar ou realizar a interface com as camadas inquilinas do pico da pirâmide social. Eles são ideologicamente de direita e os considero a verdadeira direita deste País, porque doutrinados desde muito jovens, a compreender o Brasil com uma visão colonizadora e intervencionista do território, do Estado e da população brasileira, sendo que parte dessa sociedade admira os militares, mas, sobretudo, desconhece a alma elitista e sectária dos oficiais das elites das Forças Armadas.

Para concluir, Jair Bolsonaro, a despeito de sua agressividade e arrogância, prepotência e ausência de empatia, além de sua ignorância atávica, foi legitimado por parte da população brasileira para desmontar o Estado nacional, vender seus principais ativos, mesmos os estratégicos, e submeter o Brasil internacionalmente aos ditames dos Estados Unidos.

A ser assim, os blocos econômicos e geopolíticos dos quais o Brasil faz parte, sendo que antes era protagonista e importante voz dos países emergentes e do terceiro mundo, se resume hoje a pouca força política e muita subserviência. A verdade é o que a casa grande associada ao capital internacional e aos interesses dos EUA quer e deseja. Bolsonaro é isto. Os juízes e generais também. É isso aí.

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