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Miguel do Rosário

Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje

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A implosão ética de Ciro Gomes

"Eleitoralmente, Ciro Gomes já é carta fora do baralho", escreve Miguel do Rosário

(Foto: Reprodução)
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(Publicado originalmente em O Cafezinho)

Segundo as pesquisas, poderá ter uma votação pífia, atrás de Simone Tebet, que até pouco tempo era uma completa desconhecida. No Datafolha divulgado hoje, ele aparece com 6% das intenções de voto, empatado com os 5% da candidata do MDB. Com uma diferença: Ciro vem caindo, Simone subindo. Na Ipec de São Paulo, Tebet já o ultrapassou.

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Entretanto, isso não seria um problema maior. Grandes nomes da política brasileira, como Ulisses Guimarães em 1989 e Marina Silva em 2018, também tiveram desempenhos muito ruins, e nem por isso deixaram de ser donos de um capital ético e político relevante.

O caso de Ciro é diferente.

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Hoje é dia 29 de setembro. Faltam 4 dias para as eleições. Como toda crônica jornalística, escrevo no calor do momento, ouvindo as bombas explodindo lá fora, o que às vezes dificulta uma visão mais nítida das coisas. Mas uma coisa já está clara: a derrocada de Ciro não é apenas eleitoral, tampouco apenas política. O aspecto mais chocante, mais triste, da campanha de Ciro Gomes, é a sua espetacular implosão ética.

Ironicamente, Ciro foi o candidato que, desde o início, mais tentou ostentar uma suposta superioridade moral e ética em relação aos outros. Ao longo da campanha, cansamos de ouvi-lo repetir que nunca sofrera nenhum processo judicial “nem para ser absolvido”. Ao mesmo tempo foi escalando os ataques de ordem moral a Lula, não poupando a família do ex-presidente.

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Alguns analistas dizem que Ciro tem o vício de adotar estratégias sempre obsoletas. Em 2022, ele tenta copiar a fórmula adotada por Bolsonaro em 2018 e se vender como “único candidato antissistema”.

É um erro e uma farsa.

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É um erro porque o eleitorado não está interessado hoje em ninguém “antissistema”.

É uma farsa mal ajambrada porque alguém nascido no berço da elite cearense, cujo primeiro emprego na vida foi uma sinecura de luxo, o cargo de procurador municipal, nomeado pelo próprio pai prefeito, teria naturalmente dificuldade de se ajustar ao figurino de outsider.

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O atual presidente da república, ao menos, não tinha familiares na política, e tem um passado de crimes. Bolsonaro é um ex-presidiário. Foi preso pelo Exército, após ter seu plano descoberto de explodir bombas no quartel onde servia.

Alguém com esse histórico de terrorismo ainda podia enganar o eleitor com essa ladainha de antissistema. Digo enganar porque alguém que foi deputado por sucessivos mandatos, e que botou toda a família na política, é tudo menos… antissistema.

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Ciro, não. Ciro sempre foi do sistema. Essa era, aliás, uma de suas virtudes: a sua experiência à frente de várias posições relevantes dentro do “sistema”.

Passado do Ciro:

  • Procurador municipal nomeado pelo pai prefeito;
  • deputado eleito pelo PDS, partido da ditadura;
  • governador eleito pelo PSDB, legenda que representava a oligarquia liberal do Ceará;
  • ministro no governo de centro de direita de Itamar Franco, quando comandou a privatização de bancos estaduais, processo que levou à elevada concentração bancária que temos hoje;
  • ministro do governo social-democrata de Lula.
  • candidato à presidência da república por diversas vezes, inclusive este ano.

Convenhamos, não é exatamente um currículo de alguém antissistema.

Os erros estratégicos de Ciro são tantos, que seria cansativo enumerá-los aqui. Talvez algum estudante de ciência política possa fazer uma monografia sobre o tema. Seria interessante, até para evitar que esse tipo de desastre político volte a acontecer no futuro.

Vamos nos concentrar apenas no último erro, que é essa campanha insuportável de vitimização, na qual ele tenta se vender como objeto de “violência politica”. Como é praxe no discurso de Ciro, ele apela para hipérboles, e se põe na posição da maior vítima de violência política da história nacional, como se pode ver no vídeo abaixo.

Obviamente é um exagero ridículo. Vítima de violência política foi Lula, que ficou preso por quase 600 dias, após anos de massacre midiático. Aliás, o próprio Ciro hoje tenta surfar nesse massacre sofrido por Lula, ao explorar as mentiras que a mídia e a Lava Jato produziram contra o ex-presidente.

Os principais erros de Ciro não são os de estratégia política, e sim aqueles de cunho moral e ético. Ciro protagoniza a companha mais desonesta, suja e mentirosa desde a redemocratização. Muita gente não se dá conta disso por duas razões.

A primeira delas é que Ciro é considerado “café com leite”. Como é considerado “maluquinho”, e sem chance de chegar ao poder, muita gente passa pano para os ataques morais a Lula e sua família, ao PT e à militância. Mas eles são graves. É uma prática deplorável, caluniosa. 

A segunda razão é que as pessoas estão preocupadas demais com Bolsonaro, um sociopata perigosíssimo, um “porco fascista convicto”, segundo Roger Waters, para dar atenção às calúnias e falácias de Ciro Gomes. 

Toda campanha de Ciro Gomes é lastreada em mentiras. Tanto suas análises econômicas quanto as políticas são inteiramente desconectadas da realidade.

Na economia, ele mente quando afirma que a políticas econômica de Lula é “rigorosamente a mesma” daquela praticada por Bolsonaro, ou pelos governos tucanos. Há mudanças estruturais profundas. São políticas inteiramente antagônicas!

A política econômica de Bolsonaro esquartejou a Petrobrás. Lula fortaleceu a Petrobrás.

Bolsonaro praticou uma política eugenista e sociopata na pandemia, matando centenas de milhares de brasileiros. Lula enfrentou a epidemia H1N1, de 2010, com grande respeito pela ciência e uma vacinação recorde. 

Com Bolsonaro, o salário mínimo perdeu valor, e ele cortou direitos do trabalho. Lula estendeu direitos trabalhistas aos empregados domésticos, e aumentou expressivamente o valor do salário mínimo.

Bolsonaro cortou financiamento a agricultura familiar. Lula praticamente inaugurou o financiamento em larga escala da pequena agricultura, que renasceu em seu governo.

Bolsonaro zerou investimentos públicos em infra-estrutura, em ciência e tecnologia. Lula realizou os maiores investimentos da nossa história nessas áreas.

A comparação dos governos Lula com as gestões neoliberais anteriores também é uma mentira. Assim como é mentira afirmar que o PT promoveu a “desindustrialização” do país.

Sob os governos petistas, houve diversos planos de reindustrialização. Alguns não deram certo, mas houve a intenção, e a literatura sobre política industrial ensina que é assim mesmo: os países que adotam políticas industriais tem histórico de erros e acertos, o caminho é continuar tentando. Uma hora se acerta. Coreia do Sul, China, Estados Unidos, Alemanha, Japão. A política industrial de todas essas nações nunca foi uma história imune a erros e insucessos.

O fato é que os governos petistas foram derrubados justamente por causa de sua política industrial, centrada no setor de energia. Refinarias de petróleo, usinas hidrelétricas, termoelétricas, usinas nucleares, os governos petistas realizaram investimentos numa escala que nenhum governo jamais havia feito antes, e tudo isso visava construir os fundamentos necessários para o salto seguinte, que era a reindustrialização do país.

Ciro é um charlatão que não entende patavinas nem de economia, nem de política industrial. Ele apenas repete chavões. Se entendesse, teria de reconhecer o esforço dos governos petistas para instalar no país uma nova matriz energética, e uma nova indústria de base.

O golpe de 2016, que se inicia com a Lava Jato, foi dado justamente para impedir um novo projeto nacional de desenvolvimento. As primeiras obras a serem suspensas e canceladas pela Lava Jato foram justamente as refinarias e as usinas nucleares. As empresas atacadas pela operação foram aquelas que formavam a vanguarda da engenharia nacional. Ou seja, foi um ataque focado em impedir a reindustrialização do país.

Ao ignorar esses elementos em sua análise econômica, Ciro Gomes apenas conta histórias da carochinha para sua militância fanatizada.

Entretanto, a sua análise política consegue ser ainda mais desonesta. Ciro Gomes repete, qual um disco arranhado, em toda a entrevista, a mesma ladainha mentirosa sobre as razões que produziram as crises políticas dos últimos governos.

Ele diz que Collor foi cassado porque “governou com essa gente”, e repete a mesma coisa para FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. Todos eles foram cassados, presos ou desmoralizados porque “governaram com essa gente”. Acontece que se trata de uma não-explicação, uma platitude idiota e tautológica. As crises políticas enfrentadas por cada um dos últimos presidentes da república não deveriam jamais ser simplificadas de maneira tão grosseira. Ciro presta um desserviço a ciência política brasileira e apenas acrescenta mais um desafio ao nosso já tão combalido sistema educacional, que será o de desmontar as falácias de Ciro Gomes.

É claro que há problemas comuns que perpassam os últimos governos democráticos, mas as diferenças foram muitas, e bem mais importantes que as similitudes.

“Essa gente”, a que se refere Ciro Gomes, é a classe política nacional, eleita pelo povo brasileiro. Tivemos nossos problemas, sim. Presidentes foram cassados, presos e desmoralizados, mas outros países viveram guerras civis, deflagraram conflitos mundiais, produziram genocídios no exterior, e isso também é culpa de suas classes políticas, ou “essa gente”.

Qual a solução proposta por Ciro Gomes? Quando pressionado em entrevistas, ele diz que a solução é reestruturar a dívida dos estados, de maneira que governadores enquadrarão os deputados federais, que se alinharão obedientemente a seu governo. Francamente, não faz sentido nenhum, porque os deputados não tem nenhuma obrigação de seguir a orientação de governadores.

No fundo, as soluções de Ciro se baseiam num bonapartismo de botequim. Ninguém leva a sério, a não ser uma fração (cada vez mais) diminuta de uma pequena burguesia radicalizada, justamente aquela da qual Leonel Brizola, em sua primeira entrevista ao voltar ao Brasil, disse que pretendia manter distância.

Diante de planos de governo tão frágeis e irreais, Ciro dá um chilique sempre que se defronta com jornalistas profissionais, que fazem as perguntas difíceis.

Parte dessa implosão ética de Ciro Gomes se expressa na truculência e deselegância com que ele passou a tratar jornalistas, a ponto de motivar protestos públicos de várias entidades.

Essa violência é uma vergonha para o PDT, legenda que sempre se caracterizou por uma postura profundamente democrática e lhana no trato com a imprensa, mesmo nos tempos em que seu grande líder, Leonel Brizola, sofria os ataques mais duros pelos principais grupos de mídia do país.

Brizola sempre entendeu que o jornalista, independente de onde trabalhasse ou de sua ideologia,  seria sempre arrastado na direção da verdade. Sábio Brizola!

Ciro agora prefere apenas participar de podcasts tocados por youtubers liberais, direitistas e infantilizados, que o usam como uma espécie de atração de circo, de um lado, e para ouvi-lo xingar Lula, de outro.

A campanha de Ciro se transformou num festival equívocos, fracassos, mentiras, e truculência generalizada. Um dos âncoras da TV Ciro, o canal de youtube do candidato, que é a principal estratégia de sua campanha na internet, usou um dos programas para ameaçar, com dedo em riste, o jornalista Leandro Demori, um profissional independente, vulnerável, que não tem nenhuma corporação a protegê-lo, e que vive exclusivamente de um crowdfunding pessoal.

Dias depois dessa ameaça, Demori anunciou que tinha saído do Brasil, com sua família, sem data para voltar, alegando não se sentir mais seguro em nosso país. Suponho que as ameaças ouvidas no canal de um candidato a presidência da república, não devem constar na lista dos argumentos favoráveis à sua permanência no Brasil.

No debate democrático, é normal que nos critiquemos uns e outros. Mas convenhamos que é bizarro usar a plataforma eleitoral de um presidenciável, no momento mais intenso de uma campanha, que deveria ser usada para conquistar novos eleitores, para fazer ataques violentos a um jornalista independente!

A campanha de Ciro Gomes termina numa verdadeira catástrofe, como já era previsível. Em entrevista recente a Record, Ciro foi perguntado sobre a situação no Ceará. Ele reagiu com uma expressão facial triste, e falou em traição e “facada nas costas”. O repórter insistiu, indagando se essa traição envolveria também seus irmãos, o senador Cid Gomes e o prefeito de Sobral, Ivo Gomes. Ele se esquiva de responder, alegando “dor nas costas” causada pela tal facada moral.

Ora, isso é de um infantilismo inacreditável! Ainda mais na boca de uma velha raposa como Ciro. Ninguém o traiu no Ceará! Nem seus irmãos, nem Camilo, nem ninguém. Ele é que traiu o povo cearense, de maneira vil, chegando ao ponto de, na sabatina para o Roda Viva, desejar a vitória do Capitão Wagner para que o cearense “aprendesse” a valorizar o que “ele”, Ciro, tinha feito de bom ao estado!

Ou seja, é rancoroso e vingativo com o próprio povo que sempre o respeitou!

A propósito, há uma reportagem sensacional na revista Piauí, publicada recentemente, sobre a governadora Izolda Cela, que mostra um outro lado da história contada por Ciro Gomes. Ele sempre se gaba, como um feito pessoal próprio, dos bons índices da educação pública no estado. O que Ciro não conta é que ele mesmo tem muito pouco a ver com isso. A revolução educacional de Sobral, sua cidade, começou na gestão de seu irmão, Cid Gomes, com auxílio de sua então subsecretária de educação, Izolda Cela, que começou a trabalhar na prefeitura a partir de 2001.  Desde então, Izolda estaria sempre à frente dos projetos educacionais de Sobral e, em seguida, do estado, já sob o comando de Cid Gomes. Ela será a secretária de Educação do Ceará durante toda a administração de Cid.

Ciro Gomes foi governador do Ceará no início dos anos 90, bem antes dos avanços educacionais do estado, que se tornam mais visíveis apenas partir de 2005. Sobral, a propósito, já foi administrada pelo PT, por Veveu Arruda, marido de Izolda.

O estado do Ceará, da mesma forma, é governado pelo PT há oito anos. Ciro Gomes pode ter seu mérito, como um dos políticos, de uma constelação, que trabalhou pelo bem do estado, mas as conquistas cearenses fazem parte de um trabalho coletivo, incluindo também os governos federais petistas, cujos fundos para educação possibilitaram importantes investimentos nessa área.

A campanha de Ciro termina de maneira melancólica. Ciro e a seita que ele cultivou na internet, apelidada de “turma boa”, já prepararam a narrativa. Assim como Bolsonaro deve alegar “fraude” nas urnas, os ciristas já começaram a choramingar contra o “gabinete do ódio do PT”, um monstro imaginário que eles produziram, e que reflete a cultura antidemocrática, autoritária e vitimista incentivada por Ciro Gomes. Originalmente, a expressão “gabinete do ódio do PT”, que Ciro repetia em entrevistas, era usada apenas contra blogs progressistas que faziam críticas a Ciro Gomes. O pedetista, a propósito, cometeu vários crimes de injúria contra blogs, e foi processado diversas vezes. É um covarde, porque ele nunca teve a mesma coragem de fazer nada parecido com grandes meios de comunicação. Quer dizer, hoje, quando sua condição delirante parece ter se agravado, ele começou a fazer isso também. Na última entrevista ao Flow, Ciro deu umas patadas no UOL e na Folha, dizendo que estariam “comprados” pelo PT. Agora grupos de mídia, artistas, influencers, perfis verificados, vistos como simpáticos a Lula, passaram todos a ser acusados pelo cirismo como integrantes do “gabinete do ódio do PT”.

A propósito, na propaganda eleitoral de Ciro Gomes, a Ciro TV, podemos ver Cabo Daciolo xingando pesquisas e falando em “Globo Lixo”, expressão hoje muito associada ao bolsonarismo. A Ciro TV reproduziu postagem de Cabo Daciolo em suas redes.

É realmente muito difícil entender onde o PDT quis chegar com uma campanha assim. Ontem, um dos ideólogos da campanha de Ciro publicou um vídeo em suas redes para provar que as pesquisas mais conhecidas são fraudadas. Um dos argumentos usados é a discrepância delas com a… Brasmarket, a pesquisa vagabunda que os bolsominions, agora está claro, irão usar para contestar o resultado das urnas.

Pesquisas podem errar, naturalmente, mas a poucos dias das eleições, diante de um presidente fascista que todo dia tenta desacreditar a segurança das urnas eletrônicas, que todo todo dia hostiliza o TSE e seu presidente, Alexandre de Moraes, lançar suspeitas paranóicas sobre as pesquisas mais respeitadas, e ainda por cima com argumentos mentirosos, é mais um desserviço que o cirismo presta a democracia.

Esse mesmo ideólogo tenta emplacar uma teoria de conspiração sobre abstenção, que prejudicaria muito o ex-presidente Lula. Entretanto, a maioria das pesquisas já usa filtros contra abstenção. A primeira pergunta é justamente se o eleitor irá votar ou não. Senão, ele nem continua a responder. Quanto a suposta defasagem do percentual de evangélicos (outro argumento paranóico do tal ideólogo), é também uma mentira. O percentual de evangélicos usado pelas pesquisas é totalmente atualizado, com base no PNAD de 2021 e 2022, e está em torno de 25% a 28%, a depender do instituto.

Se há temor sobre o grau de abstenção, cabe a um democrata se engajar em campanhas para reduzi-lo, e não torcer por ele.

Um aspecto bizarro dessa abordagem paranóica sobre as pesquisas, que vemos se desenvolver nesse núcleo duro e reacionário do cirismo, é que ela é profundamente ruim para Ciro Gomes. Na última Quaest, que estima em  28% a participação dos evangélicos no eleitorado, Ciro tem apenas 1% dos votos espontâneos desse segmento. Se o percentual de evangélicos fosse maior, Ciro teria quanto? Zero?

Ou seja, essa narrativa só faz sentido se o seu inventor realmente torce para Bolsonaro.  Infelizmente é o que vemos acontecer em parte do cirismo. Esse é o maior dano que Ciro Gomes faz ao processo político. Em seu desespero para conter a migração de votos para Lula, o cirismo joga sujo para aumentar a rejeição ao petista entre seu próprio eleitorado. Ao fazê-lo, empurra seus eleitores para Bolsonaro, inclusive no primeiro turno.

Todos esses movimentos respingam no desempenho do PDT. Candidatos trabalhistas em todas as esferas passaram a evitar, a todo custo, qualquer associação ao nome de Ciro Gomes. Ao mesmo tempo, nota-se que o cirismo reacionário aplicou um pequeno golpe de Estado no partido. A “militância” do Ciro nas redes passou a aterrorizar qualquer membro ou candidato do PDT que ouse discordar da estratégia seguida pelo presidenciável. Só isso explica o silêncio de todos a uma estratégia tão claramente autodestrutiva e suicida, como se pode concluir pelo desempenho absolutamente pífio de todo candidato que se aproxima de Ciro Gomes. No Ceará, o candidato de Ciro Gomes vai aos debates dizendo que “não tem padrinho” e que é “independente”, e até o irmão de Ciro, o prefeito de Sobra, Ivo Gomes, tirou sarro há alguns dias, dizendo que não há um instagramer no Ceará que exiba o nome do pedetista.

De qualquer forma, a voz das urnas deverá produzir um choque de verdade no debate político brasileiro.

Voltaremos a conversar sobre Ciro Gomes após o dia 2.

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