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Paulo Loiola

Sócio-fundador da BaseLab e fundador do PerifaLab. Autor de dois livros de marketing político: "Construindo Campanhas o Caminho para a Eleição", em parceria com a RAPS, e "Marketing Político", para a Uninter

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A importância de um combate estratégico ao bolsonarismo

O poder de mudança narrativa controlada hoje pela máquina bolsonarista não deve ser de maneira alguma diminuído

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Por Paulo Loiola

O movimento anti-política, que encontrou sua maior expressão no Brasil em Bolsonaro, está longe de se resumir ao presidente, ou mesmo ao Brasil. Faz parte de um cenário de populismo nacionalista e caminha ao lado de nomes como Victor Órban e Donald Trump, com diferentes configurações locais. Buscarei nos próximos artigos leituras do cenário que apontem caminhos para viabilizar a vitória sobre esse campo, buscando uma contribuição a partir do processo de entendimento do marketing político, área na qual atuou.

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Antes de tudo é necessário entender que há um núcleo duro desse movimento antidemocrático, que vem sendo construído há décadas. Autores apontam algo entre 10 e 20% da população, formado majoritariamente por homens, com média de idade acima dos 40 anos, empresários e membros das forças armadas e policiais, que somados ao uso da máquina pública, dá grandes chances a Bolsonaro de chegar ao segundo turno.

Há ainda um núcleo estendido com grande sentimento anti esquerda, formado por grupos heterogêneos, com diferentes interesses e que dão suporte ao bolsonarismo. São eles o já conhecido centrão dos interesses fisiológicos, com perfil ideológico ligado a centro direita, evangélicos, interessados na representação da sua pauta de costumes, liberais, interessados no projeto de estado mínimo prometido, entre outros.

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Esse núcleo que vai além do núcleo duro se alimenta da indignação e do ódio ao sistema político, que se baseia em um desalento real da população com a política, manipulado para tornar-se um ódio à esquerda, com a piora do emprego, com o sentimento de não ter serviços públicos de qualidade frente à situação privilegiada da classe política, com casos de corrupção. Tal sentimento é propagado principalmente para grupos no Whatsapp, onde são bombardeados com propaganda e se sentem parte de um grupo que está legitimamente lutando contra o sistema vigente. 

Outro ponto relevante é que precisamos entender os elementos da disputa narrativa: os comandos e diálogos feitos sob medida para a base, conhecido como dog whistle, as falas e ações polêmicas que buscam a mudança de rumo da narrativa, as já conhecidas cortinas de fumaça, os ataques coordenados e massivos a nomes da esquerda, conhecidos como firehosing e outros recursos. E não é só. No meu ponto de vista, também é necessário entender a estrutura narrativa e as disputas nas mídias sociais. Isso demanda profissionalismo, monitoramento constante, estruturas de resposta, coordenação jurídica e política - organização que o campo progressista está muito distante enquanto o núcleo que gerencia o bolsonarismo entendeu e está usando com maestria. 

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O poder de mudança narrativa controlada hoje pela máquina bolsonarista não deve ser de maneira alguma diminuído. Há uma coordenação clara dos movimentos entre diversos atores, entre eles deputados, influenciadores digitais e jornalistas, que permite uma rápida mudança de rumo da narrativa. Ao mesmo tempo, o sistema não é assim tão centralizado, permitindo que a “linha de frente” atue mesmo sem ordens nítidas constantes. Aqui é importante frisar que aquilo que move esse grupo é a emoção, principalmente o medo e a raiva, e não a razão. Apesar disso, é importante notar que fatos contundentes, como vacinação, preço de alimentos, prisão de um deputado, geram impactos negativos reais. Há, portanto, um limite do alcance desse poder narrativo calcado apenas em emoções.

Além disso, há uma necessidade real de renovação dos quadros políticos via eleição e há ótimos resultados eleitorais dos partidos de esquerda com nomes jovens tais como Tainá de Paula, Carla Ayres, Mariana Janeiro e Bia Caminha pelo PT, Amanda Gondi, Eduardo Zanatta, Abidan Henrique e Vitor Almeida pelo PDT, Thais Ferreira, William Siri e Yuri Moura pelo PSOL. Estes são ótimos exemplos que precisam ser acompanhados e fortalecidos. É de se observar que a renovação que vem ocorrendo passa por nomes mais ligados às demandas mais imediatas da população, gente que fala de emprego, racismo, das questões de gênero, mobilidade urbana, cidades, corrupção, periferia, questões LGBTQIA+ entre outros temas que tocam a vida cotidiana do cidadão com uma linguagem que está mais próxima da sua realidade.

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Há de se olhar também para as redes que sustentam hoje a esquerda e suas lideranças mais tradicionais, que vejo hoje formado majoritariamente por funcionários públicos, sindicatos, professores, artistas, universitários, profissionais da cultura, intelectuais, localizados, sobretudo, em grandes centros urbanos. Essas redes que hoje mantém o campo progressista são importantes e essenciais, mas é necessário expandir, já temos dados suficientes para notar que é preciso mais.

Ainda sobre o ponto de redes, é necessário organizar, agrupar e acolher diferentes grupos da população, como o trabalhador que hoje está como motorista de Uber, o trabalhador informal, o morador da periferia, o microempreendedor, avançando sobre parcelas da população que possam numericamente resgatar o papel da esquerda na política institucional.

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Há muita luta pela frente, há toda uma disputa legal, econômica e jurídica a ser traçada, porém, acredito que com organização, estratégia e união por parte da esquerda será possível superar essa triste parte da história brasileira chamada bolsonarismo.

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