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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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À Independência

Uma independência por consolidar, que veio sem a concessão dos direitos inalienáveis aos arrimos da nação, aos afrodescendentes

À Independência (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

Depois do Sete de Setembro, os sertanejos continuaram a luta para livrar o território. Desde há tempos já aflorava um sentimento nativista, que talvez tenha afetado até altos dignitários, como o ministro José Bonifácio e outros.

Atualmente, entre amor, ódio e desprezo, o país convive também com traições de brasileiros como Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, entre outros. Nem “precisamos” de inimigos externos: temos “fogos amigos”. O Brasil tem questões urgentes e de soberania, além de inimigos fustigando de dentro e de fora, semeando a discórdia. O deputado Eduardo fez print do The New York Times sobre o julgamento do seu pai, mas omite do artigo a parte: “muitos brasileiros — e muitos americanos assistindo de longe — veem este momento como um triunfo da democracia”. Por que será, né?!

Na verdade, a lisura do processo relatado por Alexandre de Moraes é de uma consistência jurídica que faz babar juristas do mundo todo. Não somente pela notabilidade e coragem do Xandão, mas pela fundamentação constitucional.

Esse amor pátrio dá as feições soberanas ao Brasil na cultura popular, pela influência indígena, afrodescendente e dos imigrantes sinceros. Somos brasileiros, com símbolos nacionais próprios e sagrados, não hasteamos bandeiras estrangeiras, temos a nossa.

A tradição brasileira está referendada e resguardada pela sua Constituição cidadã. Dessa Carta Magna decorrem as conquistas que não devemos abrir mão: do SUS, da Educação Pública gratuita, laica e civil, do Sistema de Cotas, do PIX, do MEI, do INSS, do SAMU, do Bolsa Família, da Vacinação anual, do BPC, do FIES, do Pé-de-Meia, do ProUni, do Luz para Todos, do Auxílio Gás, do PRONAF, do PNAB, do PNAE, do PDDE, do PETI, do saneamento básico, do Desenrola Brasil, do Brasil Sorridente, do Bolsa Atleta, da Farmácia Popular, do Mais Médicos, das UBS em nossos bairros, do Minha Casa Minha Vida, do PNPCC, do FNS, do ADA, do CEMADEN e outras conquistas como o direito ao voto livre e secreto, a Lei Maria da Penha, o casamento civil, a união homoafetiva, a evolução do pátrio poder, a votação no orçamento participativo, a presença nos conselhos temáticos, nas conferências, na assinatura de abaixo-assinados, o mandado de injunção, o direito de associar-se, de protestar pacificamente em praças, passeatas ou carreatas. Talvez você não tenha precisado de muitas destas, mas muitos precisaram dessas conquistas.

Entretanto, se nos primórdios de 1822 havia o suposto nativismo de José Bonifácio e outros, grassava já a virulência e o lobby maldoso. Uma independência por consolidar, que veio sem a concessão dos direitos inalienáveis aos arrimos da nação, aos afrodescendentes.

Às vésperas da Abolição, já em 1888, os economistas — parecem os mesmos que vemos na televisão atualmente — diziam que o país não aguentaria sem escravos! Quem pagaria o prejuízo? Esse trelelê todo de economista da Faria Lima aparece cada vez que se anuncia um direito social, quer ao negro, quer ao branco pobre.

Ainda vivemos uma cidadania em transformação e precisamos vencer os preconceitos — todos eles. Dos direitos sociais conquistados, nenhum a menos! À independência!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.