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Kátia Abreu

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A insustentável desonestidade intelectual

Poucos temas têm se prestado tanto à ação dos predadores da inteligência como a questão ambiental

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Os sofistas, na Grécia Antiga, valiam-se de técnicas de argumentação em que o que menos importava era a verdade. Importava vencer a discussão. Para tanto, desenvolveram a erística, expediente baseado na habilidade verbal e na acuidade de raciocínio, manejadas de modo a confundir o interlocutor.

É bem verdade que o truque só funcionava com gente menos preparada, que, ontem como hoje, corresponde à maioria dos que ocupam os espaços públicos de debate. Sócrates, Platão e Aristóteles não caíam nessa armadilha. Mas quantos desses dispomos?

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No curso do tempo, o termo sofisma passou a designar uma mentira com aparência de verdade, que se serve de premissa falsa, tida por demonstrada (mesmo não tendo sido). A partir dela, possibilita a construção de raciocínios lógicos, que lhe dão aparência de realidade. Essa técnica foi resumida, em seu conteúdo moral, na máxima de Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler: "Uma mentira, repetida mil vezes, vira verdade".

O preâmbulo vem a propósito de recente entrevista que concedi ao jornal inglês "The Guardian". O entrevistador parte do princípio, jamais demonstrado --e não colocado ao exame do entrevistado--, de que o produtor rural é um antiambientalista voraz, inimigo dos índios e que "empurra no Congresso seus lobbies".

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Quem lê supõe que se trata de verdades inquestionáveis, já que a entrevistada não se manifesta sobre elas. Não cogita do simples fato de que tais questões não lhe foram postas, o que lhe permitiria desmontá-las sem maiores dificuldades.

Se, ainda assim, ele mantivesse seus pontos de vista, tudo bem: a liberdade de opinião é intocável, mas ao menos permitiria ao leitor confrontá-la com a do entrevistado. Estariam então preservadas as liberdades dos três. Não o fazendo, permitiu-se imputar à entrevistada e ao agronegócio, sem chances de defesa, epítetos como "face do mal" ou "rainha do desmatamento".

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Poucos temas têm se prestado tanto à ação desses predadores da inteligência como o ambiente. Premissas falsas, como essas, circulam como dogmas, propiciando a construção de discursos, com requintes técnicos, que desorientam o público não especializado. Na ponta mais moderada, criticam a ação humana no planeta; na mais radical, postulam sua exclusão.

Vejamos algumas dessas premissas falsas relativas ao Brasil, sustentadas pelo entrevistador. A mais repetida: o Código Florestal "enfraqueceu" a legislação ambiental". É falso. O código, votado pelo Congresso --inclusive com o apoio da maioria dos que integram a bancada ambiental--, após cinco anos de discussão, é a mais rigorosa legislação do setor em todo o mundo.

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Não apenas manteve os percentuais de conservação de vegetação nativa como estabeleceu a integral recuperação de todas as áreas desmatadas ilegalmente. Criou o CAR (Cadastramento Ambiental Rural), que, ao relacionar os mais de 5,2 milhões de imóveis rurais brasileiros, permite monitorar a proteção da vegetação nativa em cada bioma. Fui uma das vozes mais empenhadas na inserção desse dispositivo no código.

No entanto, somos acusados do contrário: de ter defendido o afrouxamento dos controles. Basta uma simples pesquisa nos arqui- vos do Congresso, num computador doméstico, para que se constate o que sempre defendi: a necessi- dade de uma legislação clara e permanente, que inexistia até a aprovação do código.

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Ah, sim, o desmatamento. Segundo a sofística em curso, estaria em aumento contínuo, sobretudo depois do código. Mas, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento está em queda há dez anos. A área desmatada em 2013 foi 79% menor do que o registrado em 2004.

É com esse tipo de argumentação que lidamos. E quem perde é o público, induzido a condenar o setor mais dinâmico e moderno da economia brasileira, que lhe garante expressivos superavit comerciais há décadas, gerando emprego e renda.

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