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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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A invasão da Ucrânia e a personalidade de Putin

A questão que se coloca é se de fato a Rússia responde a agressões ou ela própria é a agressora. E a atuação da Otan é a chave da discussão

REUTERS/Serhii Nuzhnenko (Foto: Reuters)
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in guerAtribuir à personalidade autoritária de Vladimir Putin o ataque russo à Ucrânia é simplismo. Claro, explicações behavioristas ajudam a compreender conflitos internacionais, mas apenas na superfície. No caso da guerra em tela, diz pouco, apesar do notório caráter autocrático do presidente russo.

Análise certeira do tema fez à coluna o professor de Direito Internacional Salem Nasser, da Fundação Getúlio Vargas. “Putin é um profundo conhecedor das relações internacionais e da História da Rússia e da antiga União Soviética. Ele também carrega a experiência da humilhação que a Rússia sofreu nos anos 90, quando tinha justamente um presidente fantoche, um fanfarrão (Boris Yeltsin)”, observou Nasser. 

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As razões que levaram a Rússia a invadir a Ucrânia, portanto, estariam muito além da personalidade de Putin, prova disso é o apoio do povo ao presidente recém-verificado. “A Rússia, como nação, é muito consciente da grandeza da sua História. Sendo um país de economia mediana, possui grande poder militar e um forte sentimento de orgulho nacional. Então, reage como uma grande potência não só por causa da personalidade de Putin, mas porque se enxerga grande numa competição entre grandes”, raciocina Nasser.

A questão que se coloca, de outra parte, é se de fato a Rússia responde a agressões ou ela própria é a agressora. E a atuação da Otan é a chave da discussão. “A Otan está sendo testada e está falhando no teste. Enfatiza-se que a Ucrânia desejava ingressar na Otan, mas o fato é que, na prática, o país já estava sendo armado, treinado, e também recebia apoio de inteligência. Hoje a Otan - e portanto os Estados Unidos – usa a Ucrânia como campo de batalha para enfraquecer os russos, prolongando a guerra”, avalia Nasser.

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À luz do Direito Internacional, o debate sobre agressor / agredido tende a apontar o país invasor, por óbvio, como agressor e a enxergar o ataque russo como ilegal, pois a Rússia não se encontrava na iminência de ser atacada. Para Nasser, o argumento de que a invasão constituiu uma intervenção humanitária em favor da população russófila da região de Donbass não está longe da verdade.

De todo modo, quem pode decidir sobre legalidades e ilegalidades são os tribunais. Já os argumentos sobre a legitimidade do ato russo cabem a analistas (os especializados, claro). “A minha leitura, da qual eu tenho bastante segurança, é que a Rússia foi empurrada para a invasão. Todo o comportamento dos Estados Unidos que precedeu ao primeiro ataque era no sentido de criar uma situação que não desse alternativa à Rússia a não ser invadir”, recorda o professor da FGV.

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“Não se trata de defender a invasão, tampouco os métodos utilizados, mas entender por que ela aconteceu e por que não poderia ter sido de outro jeito. Penso que não havia alternativa, foi tudo preparado para que acontecesse do modo como aconteceu”, conclui Salem Nasser.

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