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Lygia Jobim

Jornalista e advogada, integra o Coletivo Verdade, Memória, Justiça e Reparação

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A lira do Arthur

A lira do Arthur toca o réquiem para um país moribundo

Arthur Lira (Foto: Reuters/Ueslei Marcelino)
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Mesmo num planalto, um imperador tem suas colinas. Das sete colinas de Arthur, de onde sentado admira o incêndio da Terra Brasilis, sua preferida é a Impedimentum, na qual camadas e camadas de terra democrática pedem o impeachment daquele que lhe fornece milhões para, em segredo, distribuir como melhor lhe aprouver.

Enquanto Arthur toca sua lira as fagulhas do incêndio que deixa grassar se espalham por um país que, dolorosamente, arde em chamas. 

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As cinzas se acumulam e a fumaça asfixiou os mais comezinhos sentimentos de humanidade e respeito de muitos de nossos compatriotas. Estes sentimentos se transformaram em cadáveres que exalam um cheiro putrefato por terem se transformado em ódio e intolerância. 

Enquanto Arthur toca sua lira, as palavras saem impunemente da boca daqueles que pregam o fim de um regime democrático insuficiente, conquistado tão duramente e obtido há tão pouco tempo.

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Enquanto Arthur toca sua lira, escudados na chamada imunidade parlamentar, que permite aos menos favorecidos em sentimentos humanos dizer e praticar, por ação ou omissão, todo o mal que lhes vem à mente, assistimos, sem nada poder fazer, aos representantes eleitos por gente de sua mesma laia, exorbitar em suas idiossincrasias permitindo-se ultrapassar o limite da decência.

Enquanto Arthur toca sua lira, o Deputado Daniel Silveira, agraciado com o perdão presidencial, se permite defender o AI-5 e ofender ministros do Supremo. Sua fala, aliás, demonstra sua ignorância sobre o ato que, entre várias medidas de exceção, autorizou o fechamento do Congresso o que o faria ficar desempregado. 

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Enquanto Arthur toca sua lira, as palavras escolhidas pelo deputado estadual Rodrigo Amorim, do PTB, para falar sobre a Vereadora Brenny Briolly, do Psol, enojam qualquer ser humano. Ao chamá-la de Belzebu, com o olfato prejudicado pelo cheiro de fumaça do incêndio provocado por Arthur, não deve ter percebido que quem exala cheiro de enxofre é ele. 

Enquanto Arthur toca sua lira, o deputado federal Cabo Junio Amaral, do PL de Minas Gerais, em clara ameaça à integridade física de Lula, divulgou um vídeo no qual, ao dizer que estava à espera de uma visita do presidenciável, carregava uma arma de fogo. 

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Não podemos esquecer que as ações acima encontram inspiração em seu líder máximo, Jair Bolsonaro, aquele que em plenário, elogiou o torturador Ustra. 

Seria fácil dizer que, no momento em que não saiu algemado do Plenário, teve início o descalabro de impunidade em que nos estamos atolando. Este tem origem direta na interpretação que foi dada à nossa Lei de Anistia de 1979, que se destina exclusivamente aos que foram condenados pelo regime ditatorial. Nela se incluem torturadores ou mandantes de tortura e extermínio que sequer foram indiciados. Aqui não podemos deixar de citar o General Geisel, que segundo documentos da CIA, determinou o extermínio de opositores.

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Mas coturnos pisam mais forte que sapatos. Assim nos foi imposta uma conveniente interpretação do que sejam “crimes conexos”.

E, seguimos nós assistindo a lira do Arthur tocar o réquiem para um país moribundo.

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