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Rubens Menin

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A luta contra o analfabetismo

O mundo (e o Brasil também) precisa avançar mais depressa neste quesito, para que as populações possam sentir os efeitos da melhoria em sua qualidade de vida

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A taxa de analfabetismo na população adulta brasileira (pessoas com idade igual ou superior a 15 anos) ainda é muito elevada e essa circunstância, além de impactar diretamente a qualidade de vida, a empregabilidade e a renda dessas pessoas, reduz significativamente a produtividade nacional. De fato, o 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, da UNESCO, que analisou a realidade de 150 países, mostrou que ainda existem no mundo cerca de 774 milhões de adultos que não sabem ler ou escrever e que 72% desse total concentram-se em um grupo de apenas dez países, que, infelizmente, inclui o Brasil. Aliás, o nosso país ficou na desonrosa posição de 8° maior contingente de adultos analfabetos entre as 150 nações examinadas, ganhando apenas de países muito populosos como a Índia, China e Paquistão, por exemplo.

A mesma fonte reconhece, por outro lado, que houve alguma melhoria nesse quadro mundial, já que a taxa de analfabetismo adulto do conjunto caiu de 24% na década de 1985/1994 para 18% na década de 1995/2004. Mas esse avanço ainda foi muito pequeno. O mundo (e o Brasil também) precisa avançar mais depressa neste quesito, para que as populações possam sentir os efeitos da melhoria em sua qualidade de vida. Essa urgência já havia sido percebida por especialistas e pelas agências internacionais. Tanto assim, que 164 países reunidos no Fórum Mundial de Educação, realizado em 2000 na cidade de Dacar, concordaram em estabelecer, entre outras metas para 2015, a de reduzir em 50% o contingente mundial de analfabetos. Infelizmente, mais uma vez, já podemos garantir que essa ambiciosa meta não será cumprida, nem no Brasil, nem a nível global.

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Partimos de uma base muito ruim: na virada do Século XIX, ou seja, em 1900, a taxa de analfabetismo no Brasil era da ordem de 65,3%. Mas a melhoria nacional, ainda que mais lenta do que a desejada, foi auspiciosa no período de 1992 a 2002, quando a taxa de adultos analfabetos decaiu de 17,2% até 11,9%. No período subseqüente, de 2003 a 2011, embora a um ritmo menor, os avanços continuaram e a taxa decaiu de 11,6% para 8,6%. No entanto, o avanço parece ter parado por aí. As análises feitas pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2012 mostraram que o número de adultos analfabetos voltou a subir nesse último ano, tendo alcançado 13,2 milhões de brasileiros, ou seja, uma taxa de analfabetismo de 8,7%. Se, a esses números ruins somarmos o contingente dos analfabetos funcionais (aqueles que conhecem as letras e os algarismos, mas são incapazes de ler e compreender um texto mais longo ou de fazer contas aritméticas menos simples) vislumbraremos as razões do nosso baixo desempenho econômico e dos reais impedimentos à elevação da renda das famílias.

Neste contexto de grandes desafios, tenho especial orgulho pela iniciativa da nossa Construtora, materializada noPrograma MRV- Escola Nota 10 e destinada a colaborar com a erradicação do analfabetismo adulto e com o aprendizado profissional. Ao término do terceiro ano do Programa já colhemos resultados que entusiasmam: temos cerca de 50 Escolas implantadas nos nossos canteiros de obras, freqüentadas por 793 operários-alunos que, durante pelo menos duas horas por dia do horário normal de trabalho, trocam as suas ferramentas pelo desafio do aprendizado. Essa iniciativa, fundada na cooperação com fortes e empenhados parceiros, como o SESI – Serviço Social da Indústria, o SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, além de alguns sindicatos da Construção Civil (tanto de empregadores como de empregados) permitiu que fossem oferecidos cursos correspondentes ao ensino básico, ao ensino médio e à capacitação especializada em modalidades profissionalizantes (Alvenaria, Pedreiro de Acabamento, Bombeiro Hidráulico, Azulejista, Gesseiro, etc.).

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Tenho particular satisfação quando recebo depoimentos singelos, mas tocantes, escritos por esses operários-alunos, descrevendo como o Programa lhes abriu outras e melhores perspectivas de vida, o acesso ao conhecimento e uma visão mais completa do ambiente onde exercem as suas atividades profissionais, além da alegria pela simples aquisição do saber (muitos destacam o aprendizado na lida cotidiana com a própria vida pessoal e familiar). Mas, o sentimento que mais me toca é a percepção de que a nossa Construtora está efetivamente contribuindo, dentro das suas possibilidades, para ajudar a enfrentar um gravíssimo e sufocante problema nacional. Percepção que me deixa, é claro, absolutamente à vontade para cobrar de outros (governo, empresariado e sociedade) uma atitude proativa semelhante.

Publicado no portal Diário do Poder

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